Símbolo da campanha Maio Laranja -  (crédito: Reprodução )

Símbolo da campanha Maio Laranja

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Mais de quatro meninas menores de 13 anos são estupradas por dia, 76% dos estupros acontecem dentro de casa e mais de 90% acontecem com pessoas conhecidas. Legalmente, nenhum adulto pode se relacionar sexualmente com menores de 14 anos, não precisa haver penetração. Essas violências podem ser praticadas por homens, mas também são praticadas por mulheres.


Crianças vivem essa violência sem saber, por falta de conhecimento, por ignorância. Essas pessoas, quando crescem e tomam consciência sobre o ocorrido, sentem muita culpa. Os abusadores se aproveitam da inocência das crianças, por isso é importante que elas tenham educação sexual desde cedo. Só assim elas saberão que o que aquela pessoa está fazendo é errado.

Podemos usar filmes e livros como ferramentas para orientar e protegê-las em casa e na escola. É importantíssimo que crianças tenham aulas de educação sexual nas escolas, visto que a maioria dos abusos acontece em casa. Educação sexual não sexualiza a criança, apenas ensina sobre as partes íntimas, sobre os toques permitidos e os não permitidos.


Adolescentes têm sofrido violência sexual virtual na internet. Eles também têm acesso à pornografia. Crianças começam a assistir a esses conteúdos com 10 anos pelo celular e isso as ensina a se relacionar de forma deturpada.


Elas têm dificuldade para falar, portanto, quando você perceber que uma criança está passando por isso, ou se a criança te contar, acredite, acolha e não fique pedindo para ela repetir a história.


É importante denunciar, porque as denúncias geram estatísticas e ajudam a parar o abuso, evitando que o abusador continue praticando esses crimes. Quem se cala está compactuando com o abusador, que fica impune. É preciso denunciar, mesmo que seja uma pessoa próxima e querida.


Para denunciar não é preciso ter provas, basta uma suspeita. Você pode denunciar de forma anônima. Caso desconfie de uma situação e não queira se expor, disque 100 e faça a denúncia. O governo vai enviar uma assistente social para averiguar a situação. Você também pode fazer uma ocorrência em uma delegacia, de preferência em uma delegacia da mulher ou delegacia da criança e do adolescente, se houver uma na sua cidade. Além dessas duas formas, também é possível denunciar no Conselho Tutelar.


Em boa parte dos casos, não há sinais físicos de abuso, porque essas violências não começam com a penetração, começam devagar. Nesses casos, é a palavra da criança ou adolescente contra a palavra do adulto, e nossa sociedade tende a relativizar a fala da criança. Mesmo que o criminoso não seja punido, ele ficará constrangido. Mesmo se não houver punição, a criança ou adolescente vai confiar em você e isso fortalece a vítima, gerando um trauma menor.

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Não existe prostituição infantil, o que existe é exploração sexual de crianças, e o Brasil é conhecido internacionalmente como o país que mais explora, especialmente as meninas. Nosso país também é campeão em casamento infantil e casamento infantil, violência sexual, exploração sexual e violência doméstica estão interligados. Esse assunto não pode ser negligenciado, precisamos falar para proteger as vítimas e criar um futuro mais seguro para as próximas gerações.


* Texto baseado no curso “Enfrentando a violência sexual contra crianças e adolescentes”, da Fundação Dom Cabral (FDC) e Instituto Liberta.