Mães superprotetoras -  (crédito: Freepik)

Mães superprotetoras

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Quase toda mãe busca cuidar dos filhos, satisfazendo suas necessidades e cuidando para que não se exponham a perigos. No entanto, algumas mães exageram no controle e na proteção e podem acabar impedindo que seus filhos experimentem o mundo, que aprendam a lidar com problemas e frustrações, e que tenham autonomia. São as mães superprotetoras. Também existem pais superprotetores, mas como o trabalho de cuidado ainda é atribuído às mulheres, as mães são maioria.


O excesso de proteção é prejudicial porque torna o sujeito inseguro e incapaz de lidar com as adversidades da vida e até mesmo com questões simples como resolver alguma questão com um professor ou fazer uma entrevista de emprego. A mãe superprotetora acaba impedindo o desenvolvimento dos filhos que crescem sem autonomia.

 


Maria Montessori foi uma educadora, pedagoga e médica que dizia: "Nunca ajude uma criança em uma tarefa que ela sente que pode realizar sozinha”. Quando a criança está aprendendo a andar, eventualmente ela vai cair; quando está aprendendo a se alimentar sozinha, ela vai se sujar, mas isso faz parte do desenvolvimento e é preciso controlar os riscos, mas deixá-los fazer, errando até acertar, é assim que se aprende.


A psicanalista Vera Iaconelli, em seu livro “Manifesto Antimaternalista”, diz que nós somos condenadas a viver sob a opressão imperativa do inescapável do instinto materno, que simplesmente não existe! E que algumas teorias psicanalíticas ajudaram a colocar a mulher nesse papel de responsável pelos filhos e por tudo o que pudesse acontecer com eles: “Por excesso ou por falta, se a criança se revelasse neurótica, psicótica ou perversa, a mãe estaria diretamente implicada no resultado”.

 


Qualquer semelhança com a realidade, essa culpa materna que colocaram nos nossos ombros, não é mera coincidência. Por medo do que pode acontecer aos filhos, algumas mães acabam pecando pelo excesso de proteção. E o resultado disso a gente vê em diversas situações que vão de jovens levando seus pais a entrevistas de emprego, mães ligando para bater boca porque o filho não foi contratado, pais indo à faculdade reclamar com os professores sobre a nota dos filhos. Mães acompanhando filhos adultos em consultas médicas e respondendo perguntas que o médico faz para o filho como se ele fosse incapaz de respondê-las.


A superproteção tem relação com o controle sobre a vida dos filhos para que eles não tomem as próprias decisões. São mães que falam pelos seus filhos e não lhes dão autonomia. Dessa forma, eles não se tornam adultos independentes e funcionais, embora tenham plena capacidade para tal.


A superproteção também tem relação com preconceitos, como o medo de que os filhos conheçam realidades diferentes da realidade de sua família, que convivam com o diverso nas escolas ou nos espaços públicos, que leiam livros que falem de temas relacionados ao racismo, a pessoas LGBTQIAPN+, à sexualidade. Vide as situações recentes de livros sendo censurados por algumas prefeituras do país por reivindicação dos pais, como o caso recente do livro “O menino marrom”, do Ziraldo, por causa de um pacto feito entre um menino negro e um menino branco (haveria esse rebuliço todo se fossem dois meninos brancos?


Filhos são sim motivo de preocupação para nós, mães, mas querer criá-los dentro de uma bolha de superproteção não é bom para eles, nem para nós. Filhos a gente cria para o mundo, e para que eles vivam bem, é preciso aceitar que o mundo é diverso e que as pessoas são diferentes.