Naquele dia as mulheres não acordaram. Até mesmo aquelas que tinham insônia caíram num sono profundo, que parecia um estado de coma inexplicável. Em todas as partes do mundo, o dia amanhecia e elas não acordavam. Os homens e as crianças despertavam, tentavam acordar suas esposas, suas mães, e nada. Elas não saíam daquele estado vegetativo.


Luís acordou e estranhou a esposa ainda estar dormindo; ela sempre se levantava mais cedo e preparava o café. Achou que o sono dela estava mais pesado. Talvez tivesse tido insônia à noite e decidiu deixá-la dormir mais um pouco. Foi para a cozinha, preparou o café das crianças, depois voltou ao quarto e chamou a mulher, que se manteve imóvel. Se aproximou, viu que ela estava quente e respirava, tentou acordá-la e nada. Ficou sem saber o que fazer.

 

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Decidiu deixá-la dormindo, imaginando que ela poderia ter tomado algum medicamento para o sono que a tivesse deixado daquele jeito. Levou as crianças para a escola. Chegando lá, o porteiro João informou que não haveria aula, nenhuma funcionária havia aparecido na escola naquela manhã.

 

 

João morava sozinho e começou a achar as coisas estranhas quando pegou o metrô naquela manhã e observou que estava muito mais vazio que o normal e não havia nenhuma mulher em nenhum lugar por onde ele passou.

 




O diretor da escola chegou e João disse que nenhuma mulher tinha aparecido na escola até aquela hora. Edson, o diretor, era divorciado e morava sozinho. Mais cedo, havia recebido uma ligação do filho, que dizia que a mãe não queria acordar. Ele não deu importância ao fato e chamou a ex-mulher de preguiçosa, desligando o telefone em seguida.

 

Depois, pensou que era estranho o filho ligar já que ela só mandava mensagens de texto pelo Whatsapp. Chegando à escola foi que se deu conta de que as coisas estavam realmente estranhas. Mandou mensagem para o filho, que disse que a mãe seguia dormindo. Não tinha como ir até lá, tinha que resolver as questões na escola. Mas onde estariam as professoras e demais funcionárias? Recebeu uma mensagem do professor Anderson, que era casado com uma professora que também lecionava lá.

 

Não se fazem mais mulheres como antigamente


Anderson acordou e foi tomar seu banho. Geralmente, sua mulher acordava no mesmo horário que ele, e ia acordar as filhas. Naquele dia, ele saiu do banho e elas ainda estavam dormindo. O professor não conseguiu acordar sua mulher, então foi ao quarto da adolescente que ainda dormia e nada. Foi ao quarto da filha caçula e ela estava despertando. 

 

 

A menina perguntou pela mãe, e ele disse que ela ainda não tinha acordado e foi para a cozinha com ela na esperança de que as duas despertassem enquanto ele tomava o café com a criança. Elas não acordaram e ele, sem saber o que fazer, ligou para a escola, mas ninguém atendeu. Tentou contato com várias funcionárias e nada. Então, decidiu avisar ao diretor que nem ele nem sua mulher iriam trabalhar naquele dia.


Em todos os lugares a mesma coisa. Nada funcionava porque as mulheres haviam parado de funcionar. Estavam todas adormecidas e, por isso, o mundo parou.

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