Começou uma guerra entre os homens que tentavam proteger as mulheres e as crianças, e aqueles que queriam se aproveitar da situação para cometer variados crimes contra elas. A situação chegou ao ponto de matar para protegê-las ou morrer tentando fazê-lo.

 

 

Homens ofereciam sexo com suas esposas em sites e filmavam o ato. E quem aceitava esse tipo de proposta eram homens comuns, pais de família, bombeiros, enfermeiros, idosos, jovens, casados, solteiros, médicos, atletas. Todos sabiam que aquilo era errado, mas permaneciam em silêncio. Nenhuma autoridade fazia nada a respeito, nem quando as vítimas de ações libidinosas eram crianças. Molestadas pelos próprios pais, avôs, tios, vizinhos...


Crianças vagavam pelas ruas pedindo água e comida. Não tinham pais, suas cuidadoras eram mulheres e elas seguiam adormecidas. As crianças mais velhas cuidavam das mais novas. Algumas morriam de fome. Era o caos em todo o mundo. A economia entrou em declínio; sem as mulheres exercendo o trabalho de cuidado era impossível gerar riqueza. Nada funcionava como deveria porque, além da falta que as mulheres faziam em casa, exercendo a função de cuidadoras, elas também estavam ausentes no mercado de trabalho. O mundo havia perdido metade de sua mão de obra.

 


A situação foi ficando cada vez mais insustentável e, após a revolta dos homens, que chegavam a dar cadeiradas uns nos outros, eles foram obrigados a se acalmar e se organizar para que as coisas voltassem a funcionar com um mínimo de ordem. Estava claro que eles precisavam aprender a cuidar uns dos outros, a cuidar das crianças e das mulheres ou seria o fim do mundo.


Luís havia passado todo aquele período trabalhando em casa, cuidando dos filhos e da esposa. Todos os dias ele acordava na esperança de que ela saísse daquele sono profundo. Naquele dia ele acordou, foi para a cozinha, preparou o café das crianças, depois voltou ao quarto e ficou olhando para sua mulher, como fazia todos os dias. Já sem esperanças, ele se sentou na beirada da cama e começou a chorar. Então, ela acordou como se nada tivesse acontecido - achou estranho ele estar ali chorando, ele nunca chorava, e perguntou o que havia acontecido.

 


Luís ficou estarrecido olhando para ela, não conseguia falar. As crianças apareceram no quarto e começaram a gritar e a abraçar e mãe. Ela não entendeu nada. O marido, então, começou a contar toda a história. Será que as outras mulheres também estavam acordando? Ligou a TV no único canal que ainda estava no ar depois de todo aquele caos e viu a notícia: "As belas adormecidas estão despertando".


Elas despertavam e, à medida que iam tomando conhecimento da realidade, ficavam em choque. Algumas acordaram grávidas e não sabiam quem as havia engravidado. Outras iam em busca de seus filhos.
Aos poucos, os serviços foram voltando a funcionar, as escolas reabriram, as crianças puderam voltar a estudar.

 



O salário de professor subiu vertiginosamente, assim como os salários de todas as funções relacionadas ao cuidado e à saúde mental. Aos poucos, pais que haviam abandonado seus filhos, voltaram a procurá-los para exercer a função paterna, como deveriam ter feito desde o início. Os homens passaram a executar tarefas domésticas sabendo que essa também era uma das obrigações deles. Embora ainda houvesse homem dizendo: “Deus me livre de mulher CEO”, elas passaram a ocupar cada vez mais esses espaços nas empresas.

 

Chegando em casa, depois de um dia de trabalho na escola, o diretor ligou a TV e foi assistir à entrevista da presidente do país. O repórter perguntou:

- Se acontecesse com os homens o que aconteceu com as mulheres, quem iria proteger vocês?

E ela respondeu:

- Proteger de quem?

 

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