

Pisque duas vezes
Crescemos aprendendo a amar os homens e a odiar mulheres. Enquanto os homens aprendem a amar homens e consumir as mulheres
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“Pisque duas vezes” é um filme de suspense com a atriz, modelo e cantora, Zoë Kravitz, filha do cantor Lenny Kravitz e da atriz Lisa Bonet, estreando na direção. O filme entrou no catálogo do Prime Vídeo no último dia 21 de janeiro.
Sinopse: Frida (Naomi Ackie), uma jovem garçonete de Los Angeles, entra no círculo íntimo de Slater King (Channing Tatum), um magnata da tecnologia, que a convida para passar as férias dos sonhos, em sua ilha particular, com um grupo de amigos. Entre dias ensolarados, e noites loucas com muito álcool e drogas, ela acaba descobrindo que algo terrível está acontecendo.
Duas avaliações que li no Google me deixaram intrigada. Na primeira, um homem escreveu: “Militância em forma de cinema.” E “garota de aparência e vida bem mediana e comum (a guria principal nem mediana é)”. Não vou replicar aqui todo o chorume do fofo. Quando um homem fala em militância, ou “cultura woke”, ou lacração, e ele usou as três expressões, a gente já pode dar o diagnóstico de histeria. Ele ainda chama Naomi Ackie de mediana, posso supor que, para ele, uma mulher negra nunca passará de mediana.
Outro homem fez uma crítica mais interessante, sem faniquito, o nome dele é Felipe Tibiano, ele escreveu: “O personagem Slater retrata isso que vimos o tempo todo, homens ricos, com suas excentricidades violentas e abusivas muitas das vezes, com o mesmo “mídia training” quando alguma pluma sai do seu travesseiro de horrores. Uns vão para a clínica de reabilitação, outros assumem culpa pública, dizem ter distúrbios por traumas da tenra idade, outros culpam o machismo e o patriarcado. Outros fazem caridade, filantropia, se afastam de suas marcas, afinal, manchei o meu nome, mas minha fortuna tem que permanecer intacta. O filme é sobre isso, como "os poderosos" agem de forma consciente com seus abusos e tem um modus operandi que a grande mídia e o mercado aceitam, até que a sociedade cobre deles um linchamento público. O filme também tenta mostrar de alguma forma que pessoas que querem se aproximar dessas outras por algum fetiche, sejam eles fama, impulsionamento, libido, network, ou pura admiração, podem sem colocar em risco certas aventuras e sensação de pertencimento”.
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Selecionei essas duas resenhas, escritas por homens, para mostrar que nem todo homem tem essa visão superficial e, esse preconceito com a temática feminista, especialmente àquela que retrata questões com as quais mulheres têm que lidar cotidianamente. E isso inclui se deslumbrar por um sujeito bonito, rico e que não presta, e cair em armadilhas que toda mulher, que foi uma criança, assistindo filmes de princesa pode cair em algum momento. Soma-se ainda a amizade e a rivalidade feminina, dois elementos antagônicos, pois crescemos aprendendo a amar os homens e a odiar mulheres. Enquanto os homens aprendem a amar homens e consumir as mulheres.
O filme me remeteu às festas de Puff Daddy, rapper americano suspeito de tráfico sexual e agressão preso no ano passado. Mas em entrevista ao New York Times Zoë disse: "Era mais uma questão emocional que eu estava tentando resolver — uma combinação das minhas próprias experiências e das experiências de amigos e familiares, de outras mulheres próximas a mim, e de não ter realmente um lugar para colocar essas frustrações e sentimentos complicados.” Zoë começou muito bem como diretora, que venham mais filmes.
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