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Tucanos mineiros gostariam de fortalecer o “centro” da política brasileira, para que este volte a protagonizar a polarização com o outro lado, hoje representado pelo lulismo. Talvez tucanos ainda não tenham percebido, mas não estão sós em seu saudosismo do tempo em que a polarização no país se processou num espectro ideológico de centro. O PSDB de Fernando Henrique Cardoso manteve o debate público sob os fundamentos democráticos da Nova República, que emergiu da ditadura pós-golpe de 64.

Convergiu as forças políticas para a centro-direita, enquadrando os “restolhos autoritários”. À centro-esquerda, o PT de Lula fez o mesmo com os grupos mobilizados em torno de pautas socialmente justas, que assustavam o chamado “capital”, que, ao estilo getulista, cá e lá, soltava uns anéis, mantendo todos os dedos.


Tucanos e petistas moderaram o debate público ao centro, no contexto de um sistema partidário fragmentado, incapaz de formatar identidades. Entre bicadas, machadadas, golpes baixos, tucanos e petistas mantiveram entre 1994 e 2013 o país sob o mais estável período democrático da história. Foi um tempo em que a apologia à ditadura ou a torturadores ficaram restritas aos programas de sátira.

Se tucanos e petistas, em seus tempos áureos, tivessem compreendido o que estaria por vir, talvez tivessem maneirado em seus modos. Mas é verdade, Steven Levitsky e Daniel Ziblatt só escreveram “Como as democracias morrem” (Zahar, 2018), quando estas já pediam, mundo afora, socorro nas UTIs.

Hoje, com a turba armada à porta, prestes a avançar, talvez pelo menos desta vez, o sonho tucano seja também, o sonho petista, naquilo que os une em seu nascimento, a frente democrática daquele MDB, em sua origem. Talvez seja este também o sonho da maior parte dos partidos políticos de viés democrático.

O adversário é comum. A realidade tecnofeudal e a tecnopolítica vieram para ficar. Miram a fundação, mundo afora, do novo modelo político totalitário religioso, armado. Com o apoio de seus algoritmos, juntou atores, antes contidos. Potencializou o caos informacional, com narrativas que alimentam dimensões paralelas.

Deus e o capeta; o bem contra o mal; todos contra a política; eis a principal e simples mensagem ao mais volumoso segmento do eleitorado da extrema direita. Tucanos e petistas têm à frente uma longa guerra desigual, de mísseis contra pedras.

É guerra de ethos similar ao da turba fundamentalista, que, entre os anos de 415 e 416, na Alexandria, rasgou com pedaços de telhas e conchas o corpo de Hipátia, professora, filósofa e primeira mulher matemática reconhecida na história.

Tucanos, petistas e poderes constituídos, leia-se poder Judiciário e Ministério Público, precisam atentar para o enigma pós-moderno. Ou atuam para regulamentar as big techs ou não restará pedra sobre pedra da política democrática.

 

Memórias

A conversa entre o prefeito Fuad Noman (PSD), o deputado federal Aécio Neves (PSDB) e o presidente estadual do PSDB, Paulo Abi-Ackel foi longa, amena e pautada por lembranças. Sobretudo do tempo em que então governador Aécio convidou Fuad para assumir a Secretaria de Estado da Fazenda (2003-2007). Entre outros cargos no governo de Fernando Henrique Cardoso, Fuad Noman foi secretário-executivo da Casa Civil da Presidência da República.


DNA comum, mas...

Tucanos veem em Fuad Noman um candidato à reeleição muito competitivo, que nas palavras de Paulo Abi-Ackel sentou “no mesmo banco escolar” que as lideranças do PSDB. Mas a leitura predominante no partido é de que, neste momento, o prefeito esteja sob duas influências: de um lado, do governo federal de Lula (PT); do outro, por meio do secretário de Estado da Casa Civil, Marcelo Aro (PP), do governo de Romeu Zema (Novo). Um quadro que não favorece a desejada aliança por tucanos.

 

João com a bola

Com bom recall nas pesquisas de opinião, o ex-deputado estadual João Leite (PSDB) é, pelo momento, o nome natural do PSDB para concorrer à PBH. Mas há quem avalie que, uma vez candidato à sucessão municipal, parte da base de João Leite, de perfil evangélico batista, vá se dividir com candidaturas ainda mais à direita. Para alguns tucanos, melhor seria se João Leite concorresse à Câmara Municipal, puxando votos para eleger três cadeiras. Mas isso, dizem, quem decidirá será o próprio João Leite.


Fuad, o disputado

Numa disputa pulverizada, neste momento, por 15 nomes potenciais que concorrerão à Prefeitura de Belo Horizonte, o prefeito Fuad Noman (PSD) segue favorito. Por ter a caneta na mão e por dialogar à esquerda e à direita, é, no segundo turno, o nome da preferência do governo federal e do governo Zema. Tudo dependerá, de quem Fuad encontrará do outro lado, no segundo turno.

 

Em outro mundo

O coordenador da bancada federal mineira, deputado federal Luiz Fernando (PSD), afirma ser o governador Romeu Zema (Novo) quem dificulta o apoio dos parlamentares do estado na interlocução com o governo federal. “O presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD), a bancada federal mineira, querem ajudar o estado. Mas Zema não liga, vive em outro mundo, resiste a conversar, a pedir ajuda. Pode ser bom vendedor, mas administrador público, não é”, critica.


Bateu, levou

Luiz Fernando rebate declarações do secretário de Estado de Governo, Gustavo Valadares (PMN), de que “Rodrigo Pacheco pode ajudar muito”, mas que, até hoje, “esse outro caminho não apareceu”. Segundo Luiz Fernando, Gustavo Valadares estaria “impedido” de interagir com a bancada federal. “O governador determinou que Marcelo Aro (PP) faça as conversas com os deputados federais. Gustavo Valadares está impedido, não tem que cobrar nada”, ironiza.


Marginalizada

Embora tenha movimentado R$ 12 bilhões em 2022, a economia solidária segue marginalizada na disputa por espaço e recursos da administração pública. A avaliação é da deputada estadual Ana Paula Siqueira (Rede). “Não existe política pública sem recurso. Se é prioridade, tem que estar no orçamento”, afirma a parlamentar, que cobra, assim como o Fórum Mineiro da Economia Popular Solidária, a criação de um fundo específico em apoio, assessoria técnica e crédito aos empreendedores.

 

Propaganda partidária

Termina nesta terça-feira, 14, o prazo para que os partidos solicitem à Justiça Eleitoral a veiculação da propaganda partidária estadual gratuita, para o primeiro semestre de 2024. Legendas com mais de 20 deputados federais terão direito a 20 minutos por semestre; aquelas de 10 e 20, terão 10 minutos; e bancadas de até nove parlamentares, terão cinco minutos.