Conta a história das eleições, que se saem melhor os partidos políticos que se antecipam na formação de suas chapas proporcionais. Têm “profissionais” cativos, porque conseguem combinar grupos de candidaturas com tronco e pernas musculosas, de preferência sem cabeça. Pessoas em exercício de mandato, pela votação em geral ampliada na função, espantam candidaturas de votação mediana-alta, com chance de eleição. A menos que uma chapa tenha fortes cabeças puxa-votos, como Duda Salabert (PDT) ou Nikolas Ferreira (PL), que se elegem e ainda carregam outros, são as candidaturas medianas que, em seu conjunto, alcançam os objetivos da legenda.
Com seis vereadores, a maior bancada da Câmara Municipal de Belo Horizonte, é também nela que, se assim continuar, será maior dificuldade de reeleição. Seis cabeças num corpo raquítico assustam candidaturas em condições de turbinar a musculatura na corrida eleitoral. Tal é o problema que talvez esteja tirando mais o sono do secretário de estado da Casa Civil, Marcelo Aro (PP), do que o desejo de cassar Gabriel Azevedo (sem partido), sem a certeza de que tenha os votos para isso. Pois no PP estão seis dos nove vereadores que se intitulam da “Família Aro”. Os outros três, Professor Juliano (Agir), Cláudio Mundo Novo (PSD) e Marcos Crispim (Podemos), distribuídos em outras legendas. O Agir é sigla sob a área de influência do deputado Luís Tibé (Avante), especialista na composição de chapas proporcionais. Poderá precisar dela para os seus próprios aliados.
Ainda que entre esses nove, a vereadora Flávia Borja, com vínculos na Igreja da Lagoinha, tenha potencial de, por si, eleger-se com os votos dos fieis; e, de outro lado, a reeleição de Cláudio do Mundo Novo (PSD) esteja na cota do deputado federal Eros Biondini (PL), Marcelo Aro precisa construir chapas para pelo menos sete de seus aliados. Talvez oito, caso a deputada federal Nely Aquino (Pode) empurre alguém de sua confiança, como um filho, para a sua antiga cadeira na Casa.
Apenas o PP e o Pode não seriam suficientes para acomodar oito “cabeções”. Disso tudo resulta que, nada a se estranhar, se na luta de todos contra todos pela reeleição, Marcelo Aro precise recorrer a outras legendas. Na Câmara de BH, há um leque de 21 siglas, onze das quais de um único parlamentar. Vereadores da base do prefeito Fuad Noman (PSD) têm lá a sua razão de estar preocupados. Foram convocados a cassar Gabriel Azevedo (sem partido), que sim, cometeu exageros – talvez não ao ponto de justificar uma cassação. Mas o fato é que os vereadores da base do prefeito vivem o dilema de atendê-lo, ao mesmo tempo torcendo para que tal não se concretize. Não porque gostem de Gabriel. Mas porque temem, que na hipótese de fortalecimento de Marcelo Aro, os partidos com os quais estruturaram as suas reeleições fiquem na alça de mira.
Rodovia da Morte
Está confirmada, para a próxima quarta-feira, a reunião da bancada federal mineira com o ministro dos Transportes, Renan Filho, os diretores da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) Guilherme Theo e Roger da Silva Pêgas, superintendente de Infraestrutura Rodoviária (ANTT) e técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU). Convocada pelo coordenador Luiz Fernando (PSD), é propósito destrinchar as razões que expliquem o motivo de, em três vezes consecutivas, não ter havido empresas interessadas no leilão da BR 381, trecho entre Belo Horizonte e Governador Valadares.
Saara
“A bancada federal não abre mão de acompanhar as discussões técnicas para que os certames sejam ajustados”, afirma Luiz Fernando. O Tribunal de Contas da União (TCU) pediu a modificação de cláusulas do edital de licitação, considerando-as "muito vantajosas" para a empresa vencedora. E o resultado disso é que já são três leilões declarados desertos.
BR 040
A concessão da BR 040 também estará na pauta do encontro. O prazo para esse leilão acontecer é fevereiro de 2024.
Na Cop 28
A deputada federal Duda Salabert (PDT) é a representante do Brasil na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, em Dubai. Única pessoa trans que participa da conferência. Leva como pauta, segunda anuncia, a ocorrência no Brasil de intensos eventos climáticos: fortes chuvas no Sul, secas intensas no Norte e as consequências das mudanças climáticas que afetam municípios mineiros, afetando povos tradicionais protagonistas na luta pela proteção ambiental.
Fogo no parquinho
Em carta dirigida ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, o juiz Luiz Carlos Rezende e Santos, presidente da Associação dos Magistrados Mineiros (Amagis) afirmou que a conduta de Sérgio Leonardo, presidente da seccional de Minas Gerais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), não “é própria da gente de Minas”. Durante a abertura da Conferência Nacional da Advocacia Brasileira, em Belo Horizonte, da qual Barroso foi convidado, Sérgio Leonardo, anfitrião do evento, fez duras críticas ao que chamou de “excessos” do Poder Judiciário.
Bateu, levou
Em desagravo a Barroso, o presidente da Amagis anotou: “Refoge, no entanto, às nossas tradições de temperança e mineiridade, o discurso do anfitrião, que culminou por atacar os Tribunais Superiores e, junto deles, todo o Poder Judiciário, inclusive o juiz da Comarca mais remota sob o manto de defesa das prerrogativas da honrada classe da advocacia”. E conclui: Nossa manifestação tem o sentido de restabelecer a imagem de tolerância e da conciliação como parceira da toga, em Minas Gerais, representantes que somos da magistratura mineira”.
Do PDT ao PV
O vereador Wagner Ferreira, do PDT, está de malas prontas para o PV, partido federado ao PT e ao PCdoB.
Troca de pele
É esperada intensa troca de pele dos partidos políticos na Câmara Municipal de Belo Horizonte, durante a janela partidária entre 6 de março e 6 de abril de 2024. Nessa brecha parlamentares podem mudar de partido sem perder o mandato. Será o momento em que os acordos feitos agora para as chapas proporcionais em montagem se concretizarão.
Sucessão municipal
A deputada estadual Bella Gonçalves (Psol), lança, neste sábado, sua pré-candidatura à Prefeitura de Belo Horizonte. Estarão presentes, em apoio, lideranças nacionais do Psol, entre elas a vereadora Monica Benício (RJ), a presidente nacional da legenda, Paula Coradi, o deputado federal Pastor Henrique Vieira (RJ) e as deputadas estaduais Renata Souza (RJ) e Ediane Maria (SP).