Nossos vizinhos carinhosamente também nominados “Los Hermanos” costumam atiçar de pronto, em nós brasileiros, a rivalidade no futebol, imortalizado nos pés de Maradona e de Messi.

Nesse campo fala mais alto a paixão. Dessa terra do mais cativante papa que a Igreja Católica jamais teve, de inúmeros parques e áreas verdes, de suculentos chorizos e vinhos selecionados, temos muito em comum o passado colonizado, de extermínio dos povos originários. Ao expor ao mundo as veias abertas da América Latina, Eduardo Galeano sintetizou: “Ellos tenían la Biblia y nosotros teníamos la tierra. Y nos dijeron: cierren` los ojos y recen. Y cuando abrimos los ojos, ellos tenían la tierra y nosotros teníamos la Biblia”.

Para além dessas comunalidades, a Argentina é o principal parceiro econômico do Brasil na América do Sul, e o terceiro do país no mundo, atrás de China e dos Estados Unidos. Entre janeiro e outubro deste 2023, as exportações para a Argentina somaram US$ 14,9 bilhões, 5,3% das exportações brasileiras no período.

A relação entre Minas Gerais e a vizinha, não fica atrás em importância: terceira maior parceira comercial, a pauta está assentada nas exportações de chapas de ferro e aço; peças de veículos especiais e carrocerias; café; zinco; motores e produtos de alumínio. Por outro lado, os desembarques são, principalmente, de automóveis de uso misto; motores; plásticos; farinhas; malte; produtos com cacau e autopeças. Tudo posto na balança, em 2022, Minas vendeu US$ 1,836 bilhão, e comprou US$ 1,198 bilhão.



Entram governos e saem governos, as nações seguem em seus laços. Apesar dos histriônicos, aqueles que berram contra vizinhos, na velha pauta política, que anuncia o fim dela. Repetitiva, marca o mesmo enredo em diferentes cantos do mundo.

A comitiva bolsonarista que segue à posse de Javier Milei, tentando se firmar em contraponto aos interesses do estado brasileiro, tem muito de festiva e, ao mesmo tempo, de melancólica. Festiva, porque catártica. Puxada pela família Bolsonaro – Jair, Michelle, Eduardo e Flávio – tenta se apropriar daquela vitória da extrema direita, no contexto dramático da crise financeira e econômica em que estão “Los Hermanos”.

Eufórica, tal comitiva se presta às imagens que reproduzirá à bolha de aliados. Assim é a política tecnofeudal. A comitiva é também melancólica, porque entre governadores que acompanham a catarse, é outro o interesse. Para Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo; Cláudio Castro (PL), do Rio de Janeiro; Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás; e talvez Romeu Zema (Novo), este ainda não confirmado, está em jogo o espólio do bolsonarismo. É com ele que contam para decolar em 2026. Quanto ao povo nativo, já sem terras, dão votos. Em troca...


NOTAS DA ESQUERDA

Na lista
Manifestaram interesse em participar da comitiva de Jair Bolsonaro à posse de Javier Milei 30 deputados federais, quatro deputados estaduais e cinco senadores. Entre estes, são mineiros os deputados federais Junio Amaral (PL), Maurício do Vôlei (PL) e o deputado estadual Bruno Engler (PL).

Orçamento 2024
O Orçamento do Estado para 2024 tem receita estimada em R$ 103,84 bilhões e a despesa fixada em R$ 111,93 bilhões. Déficit fiscal, R$ 8,09 bilhões, excluídas as chamadas receitas e despesas intraorçamentárias.

Evolução
Em relação ao Orçamento de 2023, está previsto para 2024 um aumento de 7,82% para a receita, de 11,70% para a despesa, e de 127,55% para o déficit fiscal.

Arrecadação em alta
A estimativa de arrecadação do estado em 2024 é de R$ 141,64 bilhões, crescimento estimado de 10,28% em relação a 2023. Com ICMS, que responde por 55,8% da receita tributária, é esperado aumento de 10,52% em relação a 2023. A arrecadação do Imposto sobre Veículos Automotores (IPVA) será 29,5% maior em relação àquela prevista para 2023.

NOTAS DA DIREITA

Ao governo
Interlocutores do senador Cleitinho (Republicanos) afirmam que, em 2026, ele poderá concorrer ao Palácio Tiradentes com o respaldo de Jair Bolsonaro (PL), que indicaria o vice pelo PL. Um de seus apoiadores mais engajados, com base em Governador Valadares, é o deputado federal Hercílio Diniz (MDB).

Novo socialista
O ex-prefeito de Contagem, Carlin Moura, que foi PCdoB, agora, no PSB, assumiu a vice-presidência do diretório municipal de Contagem. Foi nominado pelo deputado estadual Noraldino Jr, que assumiu a presidência do PSB no estado, para montar a chapa proporcional de candidatos à Câmara Municipal. Na eleição majoritária, PSB apoiará a reeleição da prefeita Marília Campos (PT).

Plano A
Na Assembleia Legislativa de Minas, a maior expectativa de parlamentares, inclusive da base de Romeu Zema, é com o encaminhamento da proposta alternativa, apresentada por Rodrigo Pacheco (PSD) e Tadeu Martins Leite (MDB), para a dívida de Minas com a União. No PL, metade da bancada, vinculada às forças de segurança do estado, não apoia o Projeto de Lei 1202/2019, do executivo, autorizativo para a adesão ao RRF.

Persona non grata
O governo Zema anda muito incomodado com a atuação do deputado estadual Sargento Rodrigues (PL) na Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa. Além de não ser mais considerado “base”, há movimentos para substituí-lo nessa comissão.

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