A recente cena da política mundial mais cômica, não fosse trágica, teria acontecido na região de Transcarpática, na Ucrânia. Lá, o deputado Serhiy Batrin, do mesmo partido de Volodymyr Zelensky, entrou em sala onde ocorria sessão do parlamento regional. Lançou três granadas. Depois bloqueou a porta com seu próprio corpo. Deixou mortos e feridos, entre os quais, não estava o aparvalhado autor da ideia. Desde que as bigtechs deram palco às mais diversas idiotices em nome da política, já há algum tempo a ultradireita mundial produz cenas assim. O bolsonarismo foi, no Brasil, a expressão maior dessa maré enlouquecida. Surfou na convergência do neopentecostalismo, das milícias e das bigtechs. O fenômeno global dá mostras de que veio para ficar. Está aí a Argentina que não deixa mentir.

Nações menos afortunadas, como o caso da Ucrânia, pagaram preço alto pelo que agora chamamos de política tecnofeudal. No caso brasileiro, um aspecto interessante do fenômeno foi a adesão à onda de segmentos do próprio setor público, especialmente aqueles da alta burocracia do estado, militares, juízes e promotores. Ao contrário do seu filho mais velho, o nazismo, a ultradireita mundial quer justamente desmantelar o estado, tal qual o conhecemos. A tecnopolítica redesenha o mundo. Dissolver estados periféricos é só o primeiro passo. Abrem, assim, à livre exploração, daquilo que chamam de “mercado”, termo conhecido para algo ainda pouco familiar, os tecnofeudos. Logicamente, a ausência de estado implica na ausência de bons salários no setor público. Isto não é só um detalhe, especialmente para juízes, promotores e agora militares.

Esta semana um pequeno espetáculo igualmente cômico no Congresso Nacional pintou as telas das bigtechs. O senador e ex-general Hamilton Mourão (Republicanos – RS) quase foi agredido ao tirar satisfação do deputado bolsonarista Gilvan da Federal (PL-ES). Mourão cumprimentou Flávio Dino, antigo colega de Senado, agora futuro ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Tal cena não passaria desapercebida da tecno política. Gilvan da Federal postou o vídeo. Mourão não gostou. Afinal o que se faz no privado, como sinal de boa educação, pode ser crime se cair na rede. Quase foram aos tapas. Pelo mesmo gesto, o ex-juiz Sérgio Moro, proverbial bolsonarista, foi também escrachado. Tudo isto seria só risível, se fenômenos assim, não gerassem Mileis, Zelenkys, Bolsonaros e Trumps. Mas geram e proliferam. O chamado “Consenso de Silicon Valley”, que substituiu o de “Washington”, agradece. Pelo momento, a próxima vítima do “Euromaidan” latino parecem ser los Hermanos. No Brasil, um ex-juiz e um ex-general devem estar com as barbas de molho. Granada na mão alheia não é refresco.

Republicanos...

Articulador de um projeto político para as candidaturas, em 2026, do senador Cleitinho (Republicanos-MG) ao governo de Minas e do governador Romeu Zema, à Presidência da República, o deputado federal Hercílio Diniz (MDB) afirma: “Ainda é prematuro, mas é grande a possibilidade de formação de um grupo multipartidário. Nada impede que eu permaneça no MDB, que o governador venha para esse projeto, seja candidato à presidência da República”.

...Ou Novo

Se o senador estará no Republicanos ou no Novo, é questão que não afeta o projeto, considera Hercílio Diniz. O irmão de Cleitinho, Gleidson Azevedo, prefeito de Divinópolis, já está filiado ao Novo. “O deputado federal Euclydes Pettersen, presidente do Republicanos de Minas, convidou Zema para se filiar à legenda. Este é um projeto em construção, que se propõe a reunir vários partidos. Já é grande a proximidade”, diz Hercílio Diniz, que é irmão de Alex Diniz, primeiro suplente do senador Cleitinho.

Sem definição

O presidente municipal do Novo, Frederico Papatella, afirma que há um movimento de seu partido, de aproximação com vários parlamentares. “no futuro, acarretar a filiação dele ao Novo. Mas, no momento, não está definido”, diz Papatella, negando que Cleitinho seria provável candidato à Prefeitura de Belo Horizonte pelo Novo. “Temos dois pré-candidatos cadastrados na Jornada 24, nosso processo interno de construção das candidaturas. São Luísa Barreto, secretária de estado de Planejamento e Gestão e Lucas Gonzalez, ex-deputado federal”, afirma.

Direita unida

Defendendo a união da direita nas eleições à Prefeitura de Belo Horizonte, Frederico Papatella diz que o Novo vai se reunir com todos os partidos que integram a base de Romeu Zema na Assembleia Legislativa. “Temos de sentar todos os partidos de direita e avaliar o melhor nome”, afirma, considerando difícil acordo em torno do deputado estadual. Bruno Engler (PL). “Bruno Engler tem um desafio, o discurso é muito pesado para o belo-horizontino, que prefere candidato mais ameno”, diz.

Reunião da bancada

O vereador Bráulio Lara (Novo) solicitou a Frederico Papatella uma reunião com a bancada municipal da legenda para uma atualização da formação da chapa proporcional da legenda na eleição para a Câmara municipal de Belo Horizonte.

Protagonismo

Em sessão de encerramento do ano legislativo, o presidente da Assembleia,Tadeu Martins Leite (MDB), chamou atenção para o protagonismo do legislativo, nas negociações por uma solução definitiva para a dívida de Minas para com a União. “Partiu desta Casa a iniciativa de elaborar, junto ao Congresso Nacional, ao governo federal e ao executivo estadual, propostas capazes de equacionar – e não apenas postergar – esta nefasta dívida".

Base amiga

Na base de sustentação de Romeu Zema na Assembleia Legislativa, o deputado estadual Tito Torres (PSD), elogiou o trabalho dos deputados da oposição ao longo do ano, destacando a mobilização contra o Regime de Recuperação Fiscal (RRF).

Recesso parlamentar

Nesta quinta-feira tem início o período de recesso parlamentar de deputados estaduais. As atividades legislativas serão retomadas em 1º de fevereiro de 2024.

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