Zema lança nacos de diversão à bolha bolsonarista -  (crédito: Ilustração)

Zema lança nacos de diversão à bolha bolsonarista

crédito: Ilustração

Depois de encaminhar ofício à Presidência da República solicitando encontro com Lula que, em sua primeira visita oficial deste terceiro mandato ao estado estará em Belo Horizonte nesta quinta-feira, o governador Romeu Zema (Novo) coleciona polêmicas. O rol das temáticas – e ambiguidades – é extenso. Ao lado de parlamentares bolsonaristas, fala da pretensa liberdade de crianças e jovens de não se vacinarem. Identifica a esquerda ao atraso e sugere que esta proponha “lobotomia, sangria, tratamento de choque elétrico”. Diz que o homem “branco, heterossexual e bem-sucedido” seria vítima do rótulo de “carrasco”.

 

Nada tem de gratuito. Zema lança nacos de diversão à bolha bolsonarista. Assim tira os holofotes sobre um possível encontro com Lula. Um público dessa ordem não cultiva a racionalidade tradicional requerida pela arte da política. O governador sabe que ser der um passo em falso poderá ser abandonado na corrida entre herdeiros do bolsonarismo.

Tanto barulho também procura encobrir o momento delicado do governo Zema. A popularidade declina na rapidez em que o governador perde o protagonismo na cena das negociações da dívida de Minas com a União. Sem controle do curso político das conversas encabeçadas pelo presidente do Congresso Nacional, Zema tem enviado emissários a interlocutores de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) pedindo um encontro com a sinalização de que aceitará os termos da proposta alternativa. Nessa temática, Zema tampouco tem o respaldo da Assembleia: sem ter lhe dado o cheque em branco da autorização para a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), o Legislativo estadual suspendeu o debate à espera dos desdobramentos das negociações entre Pacheco e o governo Lula.

Mas o tempo não para. Vinte de abril é o novo prazo, a partir do qual o governo do estado terá de fazer as amortizações da dívida que não pagou nos últimos cinco anos. Por tudo isso, Zema não vive os seus melhores dias. Talvez por isso, afina o discurso para agradar a plateia da extrema-direita. Entre todas as polêmicas que levantou nos últimos dias, a das vacinas despertou as reações mais contundentes nas redes. Em primeiro lugar, porque contrariamente ao que afirmou o governador, em Belo Horizonte, por exemplo, a vacina não é condição para a matrícula escolar. O cartão de vacinação é solicitado como política pública de acompanhamento e campanhas de incentivo à vacinação nas escolas.

E em segundo lugar, mas não menos importante, porque o debate em torno da liberdade, não deve se dar, como quer o governador, no âmbito estritamente individual. Nas palavras de Hannah Arendt, a liberdade está além da esfera privada do livre arbítrio. A liberdade plena não é, portanto, uma experiência solitária com o próprio eu; mas se dá na relação com os outros: sou livre, se o outro também for. Aí está a perspectiva da ética e do bem comum.

Desenhando

Ao reiterar a importância da vacinação, o secretário municipal de Saúde, Danilo Borges Matias, declara: “Liberdade num coletivo termina quando começa a do outro. Vimos isso com cores fortes na época da COVID. A liberdade de não usar máscara implicava ameaça à vida do outro. Então, temos de lembrar que vivemos numa comunidade”, diz ele. “Vivemos a dengue: a minha liberdade de deixar água parada no quintal implica perturbação para o coletivo. A liberdade tem limites. Temos de fazer esclarecimento do óbvio: liberdade traz responsabilidade”.

Vacinas, sim!

A Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta a vacinação como estratégia exitosa para evitar doenças graves, afirma Danilo Borges Matias. “Este secretário não só orienta e estimula as pessoas que se vacinem e vacinem os seus filhos, como trabalha ativamente para aumentar a cobertura vacinal no município”, avisa. Na cesta de doenças que podem ser prevenidas ou que evoluem para formas graves estão a poliomielite, o sarampo, a rubéola, a caxumba, a catapora. Na lista há ainda febre amarela, meningite e a própria COVID. “Então, é fundamental que a gente defenda, estimule e facilite o acesso das pessoas à vacina”, afirma.

Portaria

As matrículas nas escolas públicas municipais da capital mineira são regidas por portaria específica e não exigem a vacinação das crianças para ingresso na rede municipal de educação, explica Danilo Borges Matias. “As instituições pedem o cartão e uma cópia do cartão de vacina para compor os documentos necessários da matrícula. Mas as equipes de educação não fazem nenhuma avaliação do ponto de vista da atualização vacinal das crianças”, diz o secretário municipal de Saúde. Ao longo do ano, as equipes de saúde visitam as escolas em ação integrada, em campanha para a vacinação das doses que faltam nos calendários das crianças. “As doses só são aplicadas se os pais autorizam”, diz o secretário.

O meu filho, o seu filho

Dois eixos de argumentos são frequentes entre aqueles que promovem fake news em torno da vacinação das crianças. “Existe pensamento de que o meu filho não precisa ser imunizado porque o filho do outro vai ser”, revela o secretário municipal de saúde. Há também a crença que imunizantes podem levar a efeitos colaterais graves. “Esse tipo de comportamento afeta o percentual de cobertura e deixa pra nós uma lacuna, mesmo fazendo muitas campanhas”, diz Danilo Borges Matias. Se nas escolas públicas as campanhas promovidas pela PBH têm grande adesão, em algumas escolas privadas, as equipes de saúde do município sequer conseguem entrar.

Casório

Rubens Menin, Ricardo Lewandowski e o ex-deputado federal Fabinho Liderança (foto), nas bodas do presidente do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas, neste sábado, em São Paulo. Dantas se casou com a CEO do Grupo Esfera, Camila Camargo, em cerimônia que reuniu ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), empresários, parlamentares, ministros do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice-presidente da república, Geraldo Alckmin (PSB).