A extrema direita costuma manifestar seu desgosto com o carnaval. E tal horror antecede as investigações e informações sobre a tentativa de golpe de Estado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que emergem neste momento da festa popular. O horror de grupos totalitários às manifestações espontâneas do povo não é novidade na história. Grupos totalitários sempre pregam a submissão do povo aos seus líderes. Todo bolsonarista que se preze chama o seu líder de “mito”. Nesse sentido se auto designa um subordinado ao seu ícone mitológico. Essa “servidão voluntária” faz parte da ideologia de “culto ao líder” difundida pelo bolsonarismo, assim como o fazem outras ideologias totalitárias. Hitler era chamado de “mein Führer”, em tradução livre, “meu guia” ou “meu condutor”. Mussolini era o “Duce”, o equivalente a “líder” em italiano.
Para tais ideologias o líder é supremo, ao qual o povo tem de submeter, adorar e cultuar. Para isso, é fundamental que a população seja uniformizada, tenha conduta padronizada e se descaracterize de suas próprias identidades. Para os crentes, normalmente aderentes à ideia de que fazem parte de “um rebanho”, que precisa de um guia, é sempre mais fácil a submissão à lógica do gênero.
O carnaval é uma festa diferente. Nas origens estão as celebrações no Egito antigo, em que festas populares marcaram a chegada da primavera e o final do inverno. Gregos, que após Alexandre, o Grande, ocuparam o Egito, importaram tais festas. Romanos, por seu turno, fizeram o mesmo, difundindo-as na Europa.
Na Europa pré-cristã, essas festas também registravam as mudanças de estações. Eram pagãs, no sentido do paganismo atribuído pelo cristianismo aos rituais oferecidos a outros deuses que não o seu. Eram celebrados deuses como Baco, na Grécia ou Dionísio na Roma Antiga, deus da fartura de comida, bebida, dança e erotismo. À época, chamavam-se “bacanais”, em referência ao deus em questão.
A Igreja Cristã, adequou essas manifestações populares ao seu calendário. Há quem diga, por exemplo, que a palavra carnaval derivaria do latim – “carnis levale” –, que significa “retirar a carne”. Assim, os cristãos davam sentido às festas pagãs, que seriam dias de exagero nos prazeres terrenos, em preparação do corpo para os tempos de jejum da quaresma, até chegar a Páscoa. Gradualmente, a antiga Lupercália romana ou os chamados festivais “dies Februatus”, foram gradativamente se transformando em carnavais.
Não podem se entender, obviamente, uma festa que celebra a vida e os grupos totalitários que cultuam a morte. No carnaval a ordem do dia é o prazer, a folia, a celebração da própria identidade pessoal ou imaginária, a experimentação dos segredos da carne e dos sentidos. Um povo assim, torna-se impossível de ser submetido, de se transformar em cordeiro de pastores, guias ou mitos. Para que existam mitos, pastores e guias, um povo deve sempre estar de joelhos ou seguindo calado no culto da morte.
Bolsonaro e políticos da extrema direita não odeiam o carnaval apenas pela lembrança deste, que marca vídeos e inconfidências em torno de um golpe anunciado, e frustrado. Os seus motivos são outros. No carnaval o povo evolui, não marcha. Não morre, vive; não chora, ri. No carnaval os mitos são todos ironizados. Aí, são todos desmistificados.
Vistoria veicular
Muitos foram os problemas apontados pelos responsáveis das empresas credenciadas de vistoria (ECVs), após o início da transição para o novo serviço, ainda no final do ano passado. Em audiência pública na Comissão de Administração Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais foram mencionados distribuição desigual, demora na transferência integral do serviço do antigo Detran para as empresas credenciadas, problemas no agendamento pela internet e falta de previsão para a liberação das vistorias móveis são alguns deles.
Devo, não nego
Os problemas foram reconhecidos por Lucas Pacheco, diretor da Coordenadoria Estadual de Gestão de Trânsito (CET), que os justifica pela complexidade e a dimensão da mudança, que impacta todo o setor automotivo nos 853 municípios mineiros.
Decisão de vida
O ex-prefeito Marcio Lacerda disse que em hipótese alguma será candidato à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Foi sondado por algumas legendas, mas é decisão de vida, diz ele. A experiência de 2018, quando então no PSB, foi impedido de concorrer ao governo de Minas pela direção nacional da legenda, explica o motivo de não considerar uma nova eleição.
O grito
Sentado nesta quinta-feira, à primeira fila do evento de prestação de contas de Lula (PT), em Belo Horizonte, após o discurso de Rodrigo Pacheco (PSD), o deputado federal Paulo Guedes (PT), precipitou-se: “Pacheco governador”.
Entre palmas e vaias
Ainda neste evento que marcou a primeira visita presidencial de Lula a Minas, neste terceiro mandato, Flávio Roscoe, presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), puxou aplausos ao governador Romeu Zema (Novo), quando este, em leitura de seu discurso, mencionou criação de empregos com carteira assinada no estado. Essa manifestação, contudo, foi eclipsada, em diversos momentos, pelos gritos de “vacina sim”. Representantes dos servidores públicos foram munidos de cartazes e prontos para fazer o enfrentamento com recentes declarações de Zema, que relativizam a importância da vacinação de alunas e alunos da rede pública.