O presidente Lula só deverá interferir na sucessão à Prefeitura de Belo Horizonte para antecipar já no primeiro turno a costura da aliança entre partidos e pré-candidatos de sua base de sustentação se perceber que há risco de pelo menos um deles não estar no segundo turno.
Essa tendência explica porque, até este momento, Lula não tenha desencorajado os aliados que o procuram para informar a disposição em concorrer. Há cerca de um mês, o deputado federal Rogério Correia (PT) esteve no Palácio do Planalto para comunicar-lhe de sua candidatura. Em visita a BH, na primeira semana de fevereiro, Lula ouviu do prefeito Fuad Noman (PSD) sobre a disposição dele em disputar a reeleição.
Até aqui, o campo de aliados está pulverizado em candidaturas de quatro partidos ou federações: além do PSD e do PT – federado com PV e PCdoB –, anunciaram a pré-candidatura a deputada federal Duda Salabert, pelo PDT; as deputadas estaduais Bella Gonçalves (Psol) e Ana Paula Siqueira (Rede) e o ex-vice-prefeito Paulo Lamac (Rede). Esses três últimos pela Federação Psol-Rede.
Embora Lula tenha a percepção de que neste momento seja a única liderança em condições de unificar o campo de seus aliados na sucessão à PBH, há também o entendimento de que por ora não fará o gesto. Prefere aguardar a janela partidária, entre 7 de março e 5 de abril. Com o quadro das migrações de vereadores entre partidos e das pré-candidaturas à PBH sedimentado, poderá avaliar as probabilidades de sucesso das candidaturas de seu grupo político.
Até por não ter recebido ainda sinalizações objetivas de Lula para o primeiro turno, Fuad Noman, que oficializou a sua pré-candidatura na segunda-feira, trabalha para atrair partidos de centro e direita, como o MDB, o União e o PP.
Conta com eles para ampliar o seu acesso à propaganda gratuita de rádio e televisão, que em convergência com as mídias digitais, integra a sua estratégia de comunicação. Por seu turno, Rogério Correia se prepara para oficializar a sua pré-candidatura pela Federação PT, PV e PCdoB nesta quinta-feira, com a presença de lideranças nacionais do PT, como Gleisi Hoffmann além de apoio do primeiro escalão do governo federal, como Luciana Santos, ministra da Ciência e Tecnologia.
Se à esquerda o cenário é pulverizado, também ao centro e sobretudo à extrema direita as candidaturas prometem ser autofágicas. Da esquerda as críticas dirigidas a Fuad Noman serão temáticas e respeitosas, para não inviabilizar apoios futuros. Mas à direita o prefeito não terá vida fácil: vai enfrentar Gabriel Azevedo, ainda sem partido, que prepara a metralhadora de acusações.
Na extrema direita, o deputado estadual e candidato de Jair Bolsonaro, Bruno Engler (PL) sabe que, para manter acesa a chama do bolsonarismo, precisa focar na polarização com a esquerda, promovendo pautas de costumes e, se possível, elevando o apelo aos eleitores religiosos. Já o senador Carlos Viana (Podemos) que, embora sem ter Bolsonaro, trabalha esse mesmo filão, sabe que poderá ter o seu recall corroído por Engler. Apesar disso, a natureza de seu eleitorado exige de Viana que atire à esquerda. Na mesma faixa está a secretária de estado do Planejamento e Gestão, Luísa Barreto (Novo).
A esta altura, atores se dão conta de que é cada vez menos provável uma grande “surpresa” ou um nome que mexa na organização das forças do atual quadro. Certos, contudo, estão de que, na disputa por BH, assim como no Rio de Janeiro, em São Paulo e todas as capitais brasileiras, Lula e o bolsonarismo irão se enfrentar por procuração. A surpresa virá do eleitor, que pode preferir discutir a cidade em que vive.
Campanha salarial
Uma semana depois do lançamento oficial da campanha salarial de 2024 dos profissionais de educação da rede pública estadual básica, a Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia de Minas fará nesta quarta-feira audiência pública para discutir demandas da categoria.
A reunião foi solicitada pela deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT), que preside a comissão. A garantia do pagamento dos reajustes anuais do Piso Salarial Profissional Nacional, o rateio dos recursos do saldo do Fundeb e valorização da carreira dos profissionais da educação básica da rede estadual de Minas são os temas da pauta. Os servidores da educação aprovaram em 22 de fevereiro uma greve de 48 horas nos dias 13 e 14 de março.
Economia verde
Lucas Brown, ex-cônsul do Reino Unido em Belo Horizonte, está atuando no mercado de carbono. Em parceria com WayCarbon, do Santander, a sua empresa Verde Agritech vai monetizar operação de créditos de carbono. O negócio envolve o fertilizante potássico K Forte, produzido em São Gotardo e Matutina, interior de Minas Gerais, e o potencial para capturar permanentemente até 120 quilos de CO2 por tonelada aplicada na agricultura. A remoção do carbono ocorre por meio do Intemperismo de Rocha Acelerado (ERW - Enhanced Rock Weathering), um processo natural, pelo qual CO2 é removido da atmosfera quando reage com minerais de silicato presentes em certos tipos de rochas
Pedido de socorro
Foi aprovado na Assembleia Legislativa, em primeiro turno, o Projeto de Lei 2139/20, da deputada estadual Ione Pinheiro (União) que trata da comunicação de violência contra a mulher em estabelecimentos comerciais. Sob a forma do substitutivo 2, da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, o novo texto altera a Lei 22.256, de 2016, prevendo a criação e divulgação de um sinal a ser utilizado por mulheres em situação de violência doméstica como forma de pedido de socorro. Esse sinal poderá ser dirigido a atendentes de estabelecimentos comerciais e de repartições públicas.
Quadrimestre no papel
Em audiência pública da Comissão de Orçamento e Finanças da Câmara Municipal de Belo Horizonte, Prefeitura e Legislativo vão apresentar as contas referentes ao último quadrimestre de 2023. Os dados do município dão conta de arrecadação de R$17,5 milhões – 12,47% a mais que o consolidado de 2022. Foram empenhados R$16,8 bilhões: as áreas da saúde e da educação receberam, nessa ordem, R$ 5,7 bilhões e R$ 3,1 bilhões, respectivamente, as maiores destinações entre as áreas.
Novo edital
O edital para as obras de melhorias da BR-381 no trecho entre BH e Caeté sairá em 60 dias. Quem confirma é o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira. Ao lado do ministro dos Transportes, Renan Filho, Silveira virá ao estado em março para vistoriar a rodovia e assinar contratos para sua manutenção. A duplicação da BR conhecida como “rodovia da morte” é uma promessa de campanha do presidente Lula.
Grupo de trabalho
Nos últimos onze anos, três editais para a concessão ficaram desertos. São muitos os gargalos que “espantam” empresas interessadas. Em comunicação nas mídias digitais, Alexandre Silveira salientou que será criado um grupo de trabalho do qual participarão o DNIT, prefeitos, movimentos sociais e instituições envolvidas com a BR 381. “Vamos vistoriá-la e prepará-la para o novo leilão”, afirma Silveira