Os dias da folia se encerram, mas, na política, é grande a expectativa em torno do tempo das infidelidades e troca-trocas, que se abrem entre 7 de março e 5 de abril. São as janelas partidárias. Na Câmara Municipal de Belo Horizonte, a movimentação será intensa, pois partidos políticos e vereadores estão em busca das melhores oportunidades eleitorais, ou seja, das legendas que vão oferecer maior chance de sucesso. Tais chances são estimadas pelos “montadores de chapa” profissionais. 

Há, operando na Câmara Municipal, quatro montadores de chapa: Marcelo Aro (PP), secretário de estado da Casa Civil, que tem influência forte sobre o Podemos e do PMN; o deputado federal Luís Tibé (Avante), que mantém o controle sobre o Avante e o Agir; o deputado federal Fred Costa (PRD), legenda criada a partir da fusão do PTB e do Patriota. O presidente da Câmara Municipal, Gabriel Azevedo (sem partido), aprofunda a interlocução com o MDB, o Republicanos e o PRTB. Nenhum dos quatro concorre a uma vaga de vereador, mas todos querem manter ou ampliar a influência no legislativo municipal. 



Diversas variáveis são consideradas na montagem de chapas. A primeira delas, evolução do quociente eleitoral: em 2020, os candidatos de um partido político à uma cadeira na Câmara Municipal precisaram conquistar, no mínimo, 27.297 votos. Ao longo do tempo, esse quociente declina, na medida em que também cresce a abstenção e encolhem os votos válidos (nominais e de legenda). Uma segunda variável considerada para a montagem das chapas é o número de vereadores que concorrem à reeleição. Pela estrutura que mantém nos legislativos e pelo histórico no exercício do mandato para ampliar as bases eleitorais, em geral, são candidatos competitivos, que saem com vantagem dentro da chapa. A terceira variável diz respeito ao potencial eleitoral dos candidatos que integram a chapa.

Se por um lado, um excelente desempenho da chapa representa mais cadeiras conquistadas internamente, a competição entre candidatos de um mesmo partido ou federação é autofágica: candidatos concorrem entre si pelas cadeiras conquistadas pelo conjunto dos votos de legenda e nominais conferidos a todos os candidatos da chapa. Operadores que montam as chapas querem manter sob controle as maiores chances de eleição de seus aliados.

Tendem a expurgar das chapas vereadores não alinhados e que podem ameaçar a eleição dos candidatos que patrocinam. Não à toa, dos 41 vereadores, apenas cerca de 18 deverão permanecer nas legendas em que estão. Os outros 23 ou avaliam para onde ir ou já estão acertados em novas legendas, depois da enxurrada de portas que se batem, empurrando os parlamentares para a caça a novos partidos. Doze ainda estão indefinidos, procurando partidos para se acomodar.

Cada qual em seu espectro ideológico, mas com maior coerência programática, o PT, o Psol e o Novo são legendas mais “estáveis” no âmbito da Câmara Municipal, que tendem a garantir a presença dos atuais vereadores nas chapas proporcionais. Exceção ao União e ao Avante, controlado por Tibé, todos os demais, vão registrar uma grande movimentação. O entra e sai está no PSD de Fuad Noman: vão deixar a legenda Cláudio do Mundo Novo; Fernando Luiz; e Ramon Bibiano. Do PDT, o vice-líder do prefeito, Wagner Ferreira deverá migrar para o PV, uma vez que o vereador Dr. Célio Frois (PV) não será candidato. E segue o desfile de outras siglas que também estão trocando de pele: Solidariedade, PRD, Cidadania, PMN, PP, Rede, PSDB, Podemos, MDB e PL. 

Porta é a serventia 

O deputado estadual Professor Wendel (SD) e o secretário de Estado de Governo, Gustavo Valadares (PMN) também estão ativos na formação de chapas para eleger aliados. Por isso, deverá pedir licença ao vereador César Gordin (SD) para abrir espaço na chapa. Wendel gostaria de ver no Solidariedade o aliado Diego Sanches, candidato a vereador em 2008. Já Valadares, procura estruturar uma chapa pelo DC. 

Fachada 

No Partido da Mulher Brasileira (PMB), quem manda em Minas é um homem: Wellington Magalhães, ex-presidente da Câmara Municipal, que monta uma chapa na tentativa de eleger a sua irmã, Arlete Magalhães. 

Só para vereador 

Aberta em qualquer ano eleitoral, seis meses antes da votação, a janela partidária para trocas de legendas só vale para parlamentares no último ano de mandato. Ou seja, em 2024, só vereadores. 

Cabo de guerra 

O PL vive, em Minas, dias conturbados. O deputado federal Nikolas Ferreira quer a legenda de porteira fechada para montar chapa de vereadores de Belo Horizonte. Mas, a bancada federal do partido também quer indicar candidatos. Pelo menos quatro vereadores tentam migrar, entre eles, Cláudio Mundo Novo, atualmente no PSD, sob a benção do deputado federal Eros Biondini (PL). A vereadora Marilda Portela (Cidadania), esposa do deputado federal Lincoln Portela, também projeta migração para a legenda. E tem mais gente interessada, entre as quais Flávia Borja (atualmente no PP) e Irlan Melo, no PRD. 

Nos blocos 

Quatro pré-candidatos a prefeito de Belo Horizonte marcaram presença intensa nos blocos do carnaval de Belo Horizonte. A deputada estadual Bella Gonçalves (Psol), a deputada federal Duda Salabert (PDT), o deputado federal Rogério Correia (PT) e o presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, Gabriel Azevedo (sem partido). Já o prefeito, Fuad Noman (PSD), passou parte do carnaval nas salas de situação, acompanhando a segurança e a organização da folia nas ruas. 

Sem carnaval 

Passaram longe das ruas de Belo Horizonte os pré-candidatos a deputado estadual Bruno Engler (PL), senador Carlos Viana (Podemos) e Luísa Barreto, secretária de estado do Planejamento e Gestão. 

Homenagem 

O presidente da Academia Latinoamericana do Agronegócio (Alagro), Manoel Mário de Souza Barros será homenageado, em 22 de fevereiro, com a Medalha de Mérito Almirante Tamandaré, concedida pela Marinha do Brasil. Com sede em Montevidéu, interface em 20 países da América Latina e escritório em Belo Horizonte, a Alagro foi fundada por Alysson Paolinelli, quem liderou na década de 70, a partir do bioma do cerrado, o salto científico e tecnológico que colocou a agricultura tropical no centro da produção de alimentos do planeta. A Alagro foi presidida por Paolinelli até a sua morte, em 29 de junho de 2023.

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