Guerra declarada, algumas batalhas já se encerraram. A primeira, judicial. -  (crédito: Ilustração)

Guerra declarada, algumas batalhas já se encerraram. A primeira, judicial.

crédito: Ilustração

O anúncio de Fuad Noman (PSD) – uma coletiva a pedido de Marcelo Aro (PP) – em que o grupo que se intitula “Família Aro” anunciou a sua saída do governo municipal, põe fim a uma batalha. Dois ex-aliados, que em dezembro de 2022 se uniram para derrotar o prefeito na disputa à presidência da Câmara Municipal, fecharam 2023 rompidos, como adversários empedernidos. O roteiro é clássico. Isoladamente, não venceriam a disputa. Juntos, acordaram o compartilhamento do mandato: um ano para cada na presidência da Câmara Municipal. Gabriel Azevedo (MDB) no primeiro ano; Aro, por procuração dada ao professor Juliano Lopes (ainda no Agir), no segundo ano. Não foi bom para Fuad Noman. Sem maioria na Câmara Municipal, já nos primeiros meses, em meio a CPIs do fim do mundo e de matérias do Executivo que não andavam, o grupo de Gabriel Azevedo e da família Aro transformaram o relacionamento entre executivo e legislativo no inferno em vida. Fuad Noman chegou a temer que fosse impedido. De fato, não era o que pretendiam Gabriel e Aro. Mas sentiu-se ameaçado. É o que basta em política.

 

Fuad acreditou que puxando Aro para o governo municipal, desarticularia a maioria de Gabriel Azevedo. Conhecido por sua sagacidade e capacidade em aninhar bons candidatos em cargos no momento de montar chapas proporcionais eficientes, Aro entendeu a oportunidade perfeita: sonhou em acumular, em ano eleitoral, quatro secretarias municipais – e respectivas dezenas de cargos comissionados na casa de meio milhão de reais – com a presidência da Câmara Municipal – ali também com disponibilidade de outras dezenas de cargos comissionados de meio milhão de reais. E como é um homem de palavra, ao se acertar com Fuad Noman, Aro se afastou de Gabriel. Sentindo-se usado como “bucha de canhão”, Gabriel logo sentiu o primeiro golpe: o pedido de sua cassação veio da deputada federal Nely Aquino (Podemos), com quem trocara juras de amizade no dia anterior.

 

Guerra declarada, algumas batalhas já se encerraram. A primeira, judicial. Aro sabia que sem afastar Gabriel Azevedo da presidência da Câmara Municipal, dificilmente conseguiria “quebrar” a lealdade do grupo de vereadores ligado a ele. Não conseguiu. Tentou arregimentar a base do prefeito para a causa. Mas os próprios vereadores que davam sustentação a Fuad Noman temiam fortalecer demasiadamente Marcelo Aro em ano eleitoral: sabiam que os seus partidos seriam fagocitados para o núcleo político da “Família Aro”. Por isso, preferiram não cassar Gabriel. E enquanto travava a batalha pela vida, Gabriel tratou de expandir o conflito.

 

Na Assembleia, adversários de Marcelo Aro viram no embate a chance de cortar as longas “asas” de Marcelo Aro. O problema chegou ao PSD mineiro de Brasília, este já irritado com a sombra do governo Zema, sob a batuta do secretário de Estado da Casa Civil sobre a gestão de Fuad Noman. Entre muitos avisos, Fuad Noman recebeu de Rodrigo Pacheco (PSD), presidente do Congresso Nacional o ultimato: se o quer em seu palanque, precisaria recompor o governo, sem as indicações da “Família Aro”, que não parece partido, não é partido, mas age como um partido político: o partido do “eu comigo”. Foi uma guerra de múltiplas procurações. Gabriel foi estratégico, aprendeu a conter a suas conhecidas explosões e, habilidoso, contou com os erros táticos de Marcelo Aro. A começar pela máxima: “se não estiver em perigo, não lute”. E a terminar pelos ensinamentos de estrategistas clássicos: se atear fogo, não ataque na direção do vento. Guerra que segue.

 

Vizinhança

 

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), declarou nesta segunda-feira o seu apoio ao vice-prefeito de Uberlândia e pré-candidato à prefeitura, Paulo Sérgio (PP). Caiado participou da abertura da Feira do Agronegócio Mineiro (Femec), em Uberlândia. Se não estiver no palanque, Caiado vai gravar.


1º de Abril

 

A Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) aproveitou o 1º de Abril para pregar uma peça no governador Romeu Zema (Novo): em audiência pública, o presidente, deputado Sargento Rodrigues (PL), confrontou falas e promessas com o que chamou de “realidade” dos servidores da segurança pública.


Instituto da Previdência

 

Entre as mentiras enumeradas por Sargento Rodrigues, foi destacado o desvio de R$ 7 bilhões do Instituto de Previdência dos Servidores Militares (IPSM), referente às contribuições previdenciárias patronais que o Estado deveria recolher à instituição. Segundo Sargento Rodrigues, os recursos estão sendo direcionados para o caixa único e, provavelmente, usado para os repasses aos municípios.

 

Lupa

 

Os adversários de Aro estão acompanhando, nesta terça-feira, o Diário Oficial do Município (DOM) com lupa. Querem saber se serão exonerados os 70 indicados em cargos comissionados nas secretarias comandadas pela “Família Aro”. Muitos deles serão candidatos a vereador.


Só que não

 

Perda de tempo. Os 70 ficam. Agora, como “indicação” dos oito vereadores da “Família Aro”, que seguem na base do prefeito na Câmara Municipal. É também uma forma de Fuad Noman passar da condição de presa para algoz: vai arbitrar o conflito entre Aro e Gabriel.


Secretaria de governo

 

O Diário Oficial do Município (DOM) desta terça-feira, 2 de abril, trará a nomeação do ex-deputado estadual e ex-vereador Anselmo José Domingos na secretaria Municipal de Governo, na Prefeitura de Belo Horizonte. Mas a nomeação para a secretaria municipal do Meio Ambiente de Célio Moreira, ex-deputado estadual e também ex-vereador, ficará para quarta-feira, 3 de abril.