Quando se preparava para a penúltima manifestação convocada para São Paulo, Jair Bolsonaro disse que precisava “de uma foto”. Acostumado a fazer política nas mídias digitais, o bolsonarismo necessita de imagens junto às “massas”, para passar a ideia de um “líder” e “seu povo”.
Tal estratégia não nasceu com a extrema direita brasileira; nem vai morrer com ela. Adolph Hitler e Benito Mussolini tinham por hábito organizar mobilizações que reuniam simpatizantes, nesses dois países que agonizavam naquele período entre guerras, ainda mais pela crise de 1929.
A Marcha sobre Roma, as motociatas de Mussolini, os espetáculos pirotécnicos de Hitler eram ações que produziam fotos para as mídias da época. Hoje, as imagens destinam-se às novas plataformas e às redes bolsonaristas. Entretanto, tal ardil, que engana extremados com truques de perspectiva, é traiçoeiro.
Manifestações podem ser ótimas se geram grandes mobilizações. Mas quando o efeito é contrário, é problema. Entre a primeira foto da avenida Paulista e a de Copacabana, foram tentadas várias mobilizações pelo país. Floparam. Ter insistido, foi tiro no pé.
Na Paulista, os analistas em concentrações humanas falaram em 185 mil pessoas. Neste domingo, foram 32,7 mil. Ali, no calçadão carioca, Bolsonaro falou mais uma vez em “anistia” aos seus – e por extensão a si – pelos atos que atentaram contra o estado democrático de direito. A conclusão entre ambas as fotos é a de que neste momento, o bolsonarismo perde, a olhos vistos, a capacidade de mobilização.
O momento não é bom para o ex-presidente. Recentemente pulou à cena num ritual constrangedor, com um pastor a lhe esfregar as pernas, querendo tirar algum mal que teria se apoderado daquele corpo. Na Câmara dos Deputados, a votação para manter a prisão em flagrante e sem fiança do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), acusado de ser o mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes, trouxe aflições aos parlamentares que costumam defender que “bandido bom é bandido morto”.
Os desafetos do bolsonarismo estão celebrando. Mas, neste domingo, não foram eles que empurraram-no um pouco mais em direção ao buraco. O deputado Gustavo Gayer do (PL-GO) procurou se destacar neste papel, invocando Elon Musk em inglês.
Mas a estrela da jornada foi, de fato, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG). No palco, berrou: “Este país não precisa de mais projetos de lei. Este país não precisa mais de emenda. Este país precisa de homens com testosterona. É isso que esse país precisa. E eu tenho certeza que é o que esses dois homens (Jair Bolsonaro e Silas Malafaia) representam”. Reverberou.
Os algoritmos que consagram são os mesmos que matam. O bolsonarismo anda em baixa. Isso, se o presidente Lula, a sua atual linha de governo, além da inação dos órgãos de controle não insistirem em mantê-lo vivo. Imagine um aliado de Mussolini ou de Hitler pedindo mais testosterona, no mesmo palanque do “líder” que gostaria de se passar pela encarnação dela.
Se a falta de testosterona parece trágico para alguns, associada à ausência de neurônios... Nesse ritmo, nem Elon Musk e seus algoritmos salvam.
Dispute board
Por recomendação do Tribunal de Contas da União (TCU), o edital de concessão da BR 381 incluiu no contrato uma das inovações da nova lei de licitações (4.133/21): a implantação do Comitê de Resolução de Conflitos, por meio do qual, concessionária e governo instituem, no momento da celebração do contrato, um especialista ou comitê de especialistas para acompanhar sua execução, com o objetivo de prevenir e solucionar eventuais litígios.
Riscos geológicos
Antonio Anastasia, ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), foi relator do procedimento de acompanhamento da concessão da BR 381 no trecho entre Belo Horizonte e Governador Valadares. “Por ser região com riscos geológicos – e como já houve dois leilões desertos – para evitar que esse risco inviabilize a concessão por 30 anos, o poder público também compartilha com o concessionário a recomposição de trechos afetados por risco geológico”, afirma Anastasia.
“Para solucionar eventuais conflitos, recomendamos que seja incluído no contrato o Comitê de Resolução de Conflitos em termos de participação, uma iniciativa pioneira”, informa o ministro.
Dívida de Minas
O presidente da Assembleia Legislativa, Luiz Tadeu Martins Leite (MDB) viaja nesta terça-feira (23/4) a Brasília para encontro com Rodrigo Pacheco (PSD), presidente do Congresso Nacional. Entregará em mãos a proposta de repactuação da dívida, construída pela consultoria da Assembleia Legislativa.
Os fundamentos são similares aos da proposta do deputado estadual professor Cleiton (PV) e da proposta de Rodrigo Pacheco (PSD). Além da federalização de ativos do estado, prevê que se o estado devedor amortizar de uma só vez metade da dívida, o saldo remanescente terá um desconto de 50%. O indexador será o IPCA mais 1% em substituição ao IPCA mais 4%, que hoje vigora.
Eleição
Numa eleição disputada voto a voto, o desembargador Luiz Carlos de Azevedo Corrêa Junior foi eleito para a presidência do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, no biênio 2024-2026. A posse será em 1º de julho.
Virada
No primeiro escrutínio, o desembargador Maurício Torres Soares saiu vitorioso, com 67 votos, dez a mais do que Corrêa Junior. A desembargadora Áurea Brasil obteve 26 votos. Com a maior parte do eleitorado de Áurea Brasil migrando para Corrêa Junior, no segundo escrutínio, o placar virou: Corrêa Júnior venceu por 78 votos contra 73 de Maurício Torres Soares.
Nova liderança
Atual corregedor-geral de Justiça, Corrêa Junior, já foi superintendente geral adjunto no biênio 2014-2016, tem grande participação nas comissões de organização judiciária e, nesse sentido, é considerado um dos desembargadores que mais conhece a administração do TJMG. Teve o respaldo dos grupos dos desembargadores Pedro Bittencourt, do atual presidente José Arthur de Carvalho Pereira e do ex-presidente Gilson Soares Lemes.
“Corrêa Junior foi o grande comandante desta eleição”, afirmou Pedro Bittencourt, após a publicação do resultado. “É uma liderança em ascensão”, acrescentou.