Legendas das dez pré-candidaturas à sucessão da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e partidos que não terão nomes próprios, mas ainda não se posicionaram na disputa, vivem tempos de prospecção. Enfrentam um cenário que segue incerto e pulverizado, mas que, num certo sentido, já esboça algumas tendências. Pela arrancada de seu recall, a pré-candidatura do deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos) tem, neste momento, potencial para se constituir como polo de atração. Obviamente, para se consolidar precisará apresentar um programa de governo consistente. Neste momento, contudo, é um candidato forte a uma das vagas de segundo turno.
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Fator Tramonte à parte, o cenário segue pulverizado e incerto em relação ao potencial das demais candidaturas que concorrem à segunda vaga de segundo turno. O crescimento de Bruno Engler (PL) foi afetado pela presença de Mauro Tramonte, que nesta altura da pré-campanha, lhe deixa eleitores do bolsonarismo raiz, tendendo a absorver o voto religioso da direita não radical. Tramonte também fagocita parte da base eleitoral do senador Carlos Viana (Podemos), que nesse contexto perde a liderança e passa a brigar, com as demais candidaturas.
A secretária de estado de Planejamento, Luísa Barreto (Novo) segue com desempenho baixo, o que a coloca numa posição de fragilidade: parte do Novo trabalha para uma composição com Bruno Engler; o secretário de estado da Casa Civil, Marcelo Aro (PP) tenta articular uma coligação com Carlos Viana; há quem defenda acordo com Republicanos; e mesmo, há aqueles que sustentam a manutenção da candidatura de Luísa Barreto como forma de evitar que já no primeiro turno, o governador Romeu Zema (Novo) se posicione, arriscando-se a um desgaste político.
Apesar de estar no comando da máquina, o prefeito Fuad Noman (PSD) ainda não conseguiu uma arrancada que o diferencie. Gabriel Azevedo (MDB), presidente da Câmara Municipal, tem presença forte nas redes, mas ainda luta com o alto grau de desconhecimento junto ao grande eleitorado belo-horizontino. Problema semelhante tem Paulo Brant (PSB), ex-vice-governador. A esquerda segue dividida entre Duda Salabert (PDT), Rogério Correia (PT) e Bella Gonçalves (Psol). Unida, poderia alcançar tração necessária em direção ao segundo turno. Dividida, as candidaturas de Duda e de Rogério Correia ainda não registram desempenho que lhes dê conforto na corrida.
Enquanto o tempo do agrupamento de candidaturas afins não chega, partidos e candidatos exibem estatísticas para todos os gostos, formas de coleta e metodologias. É o momento em que pontuar bem é o melhor argumento para convencer aliados. À medida em que os meses avançam, contudo, se encerra o treino e as candidaturas postas, se querem ser competitivas, precisarão buscar convergências.
Executiva nacional
A convite do presidente nacional do MDB, Baleia Rossi (SP), a bancada municipal da legenda em Belo Horizonte – vereadores Cleiton Xavier, Henrique Braga, Loíde Gonçalves, Sérgio Fernando Pinho Tavares e Gabriel Azevedo - viaja nesta quarta-feira, a Brasília para discutir o planejamento do lançamento, em junho, da pré-candidatura de Gabriel Azevedo à Prefeitura de Belo Horizonte e da chapa proporcional da legenda.
Refundação
Antes da janela partidária o MDB tinha apenas um vereador Reinaldo Gomes, agora no PRD. Ao investir nos vereadores candidatos e abrir espaço para a participação de Gabriel Azevedo na propaganda partidária nacional, também reservando-lhe cadeira no conselho do Instituto Ulysses Guimarães, o MDB dá indicação de que vai investir na refundação do partido na capital mineira. Os dois últimos candidatos à PBH que a legenda teve foram Rodrigo Pacheco (atualmente no PSD, presidente do Congresso Nacional), em 2016 e o ex-deputado federal Leonardo Quintão em 2008.
Ficha de filiação
A ficha de filiação de João Batista dos Mares Guia ao PT será abonada pelo presidente Lula (PT), que primeiro formalizou o convite. Ainda sem data marcada, a expectativa é de que ocorra na próxima visita de Lula a Minas Gerais. Para junho, o deputado federal Rogério Correia (PT), pré-candidato à PBH, organiza reunião de congraçamento de João Batista com a bancada federal mineira petista. João Batista irá concorrer à Câmara dos Deputados em 2026.
Caráter punitivo e pedagógico
Os governos de Minas Gerais e do Espírito Santo apresentaram recurso ao Tribunal Regional da 6º Região (TRF-6) para que a Vale, Samarco e BHP Billiton paguem valor não inferior a R$ 100 bilhões em indenização por dano moral coletivo pelo rompimento da barragem do Fundão, em Mariana. Na decisão judicial, o valor estipulado às empresas foi de apenas R$ 47,6 bilhões. As Advocacias Gerais de Minas e do Espírito Santo argumentaram em defesa do aumento do valor imposto na decisão pelo caráter “punitivo-pedagógico norteador da fixação de danos no ordenamento jurídico brasileiro”.
Danos
Além de matar 19 pessoas, o rompimento da barragem em 2015 contaminou toda a bacia do Rio Doce. Mais de 32 mil km² de área foram afetados, impactando cerca de 2,4 milhões de pessoas direta ou indiretamente tiveram os modos de vida inviabilizados. Os governos de Minas e do Espírito Santo consideram razoável o valor pleiteado para indenização com base na extensão territorial afetada e no porte econômico das mineradoras: nos últimos três anos, a Samarco e suas duas controladoras (Vale e BHP) registraram lucro líquido de R$ 500 bilhões.
Ditadura
Com os votos dos vereadores Jorge Santos (Republicanos), Fernanda Altoé (Novo) e Irlan Melo (Republicanos) a Comissão de Legislação e Justiça (CLJ) da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) rejeitou o projeto de lei, de autoria do vereador Pedro Patrus (PT), que alterava o nome da avenida General Olímpio Mourão Filho, no Bairro Itapoã, região da Pampulha, para Vereador Antônio Pinheiro. O vereador Sérgio Fernando (MDB) foi voto vencido.