Com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), assumindo a liderança na corrida entre herdeiros do bolsonarismo para o Palácio do Planalto; em Minas, o governador Romeu Zema (Novo) – que mira o mesmo destino – ensaia gestos mais contundentes para estratégia de alinhamento ao bolsonarismo em tantas cidades quantas encontrar pela frente o “inimigo da esquerda”. É conversa que agrada à extrema direita, que não cultiva adversários, só inimigos.
Em São Paulo, Tarcísio de Freitas é o avalista da chapa MDB – PL, em apoio à reeleição de Ricardo Nunes (MDB). A partir dos atos da avenida Paulista, Tarcísio, até então comedido em suas posições políticas e discursos, passa a reforçar a narrativa bolsonarista, inclusive abusando do refrão “Deus, pátria e família”, revival tropical do fascismo e nazismo, incorporado pelo integralismo brasileiro nos anos 30.
Em Minas, ainda que Romeu Zema faça ressalvas à pauta de costumes – o que não é bem digerido na extrema direita – traça um roteiro semelhante ao de Tarcísio. Para a sucessão à Prefeitura de Belo Horizonte, trabalha para vencer resistências no Novo e assentir, como propõe Bolsonaro, com a indicação de Luísa Barreto, secretária de estado de Planejamento e Gestão, como vice na chapa do deputado estadual Bruno Engler (PL). Assim, buscaria incluir uma perspectiva mais programática à candidatura majoritária do parlamentar, em cujo perfil não se fala sobre a cidade, apenas se reforça a pauta de costumes e a demonização “das esquerdas”. É um movimento arriscado, que pode comprometer certa auto imagem cultivada pelo Novo, focada na “gestão”.
Também em Contagem as conversas para o palanque partilhado estão avançadas. Só que nessa cidade, terceiro maior colégio eleitoral de Minas, enquanto a candidatura à reeleição da bem avaliada prefeita Marília Campos (PT) já reúne um espectro de apoiamentos da esquerda à direita; a oposição está representada pelo deputado federal Cabo Junio Amaral (PL) e Felipe Saliba (PRD), suplente que chegou a assumir a cadeira por quatro meses, com a licença do deputado federal Fred Costa (PRD).
Cabo Junio Amaral tem o apoio de Bolsonaro e apalavrado o de Zema, que deverá indicar a candidatura a vice da chapa. Igualmente, em Divinópolis, terceiro município em que estaria Bolsonaro nesta semana – o que foi adiado – o governador mineiro dividirá com ele o mesmo palanque, em apoio à reeleição do prefeito Gleidson Azevedo – que no ano passado migrou para o Novo. Gleidson Azevedo é irmão do senador Cleitinho Azevedo (Republicanos).
Os movimentos de aglutinação da direita à extrema direita tenderão a promover igual impulso à esquerda e centro-esquerda. Mas diferentemente do que ocorre em São Paulo, onde a candidatura da deputada federal Tábata Amaral (PSB), em que pese terá papel importante no segundo turno, dificilmente encontrará fôlego para concorrer contra Ricardo Nunes e o deputado federal Guilherme Boulos (Psol), em Belo Horizonte, já são muitas as candidaturas de centro e de direita que poderão se antepor à polarização.
Fato é, contudo, que se por um lado a eleição segue municipal – e a temática da cidade deverá mobilizar segmentos mais amplos do eleitorado do que a simples “pauta de costumes”; por outro lado, a aposta do governador mineiro no bolsonarismo segue de risco. Embora cobre dos aliados, Bolsonaro não é dado a ser cobrado nem a lealdades e, tendo definido, pelo momento, Tarcísio de Freitas como seu sucessor, talvez prefira indicar pessoa de seu clã para vice em 2026.
Homologação
A Executiva Nacional do PT homologou nessa segunda-feira (6/5), candidaturas do PT para as prefeituras municipais de 64 cidades brasileiras com mais de cem mil eleitores. Em Minas Gerais foram definidas as candidaturas do deputado federal Rogério Correia em Belo Horizonte; o deputado federal Leonardo Monteiro em Governador Valadares; e a deputada federal Dandara, em Uberlândia. Os nomes serão encaminhados à Federação Brasil da Esperança (PT-PV-PcdoB) para análise.
Luto
Morreu neste fim de semana Antônio Adriano da Silva, ex-chefe de gabinete do ex-vice-presidente José Alencar Gomes da Silva. O corpo será velado e sepultado hoje no Cemitério Parque da Colina, em BH.
'Pop in'
Convidado por Lula para se filiar ao PT e concorrer a deputado federal em 2026, o ex-deputado estadual e ex-secretário de estado da Educação, João Batista Mares Guia fez nesta segunda-feira uma visita surpresa à Câmara Municipal de Belo Horizonte. Foi anunciado durante a sessão pelo presidente da Casa, Gabriel Azevedo (MDB), que o convidou a entrar em plenário. Foi disputado para selfies.
Pax romana
No retorno do feriado, a Câmara Municipal de Belo Horizonte manteve, sem embates e confrontos, quatro dos cinco vetos apresentados pelo prefeito Fuad Noman (PSD). A apreciação do quinto veto foi adiada. Segundo o líder do governo, Bruno Miranda (PDT), em diálogo com os vereadores, foi possível demonstrar que os vetos ocorreram por motivações técnicas.
Teste de popularidade
Com a pré-candidatura confirmada, o deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos) reforça posts em seu perfil em que caminha por regiões da cidade, registrando as imagens de eleitores que o reconhecem. Mercado Central foi a visita deste sábado, um dia depois de o senador Carlos Viana (Podemos) ter feito o mesmo trajeto.
Barragem de Fundão
A reparação de dados em situações como a do rompimento da barragem de Fundão, da Samarco, ocorrido em Mariana há mais de oito anos, deve adotar perspectiva internacional ao definir a melhor jurisdição para se dar efetividade a um acordo. A avaliação é da advogada Lorena Bastianetto, presidente da Comissão de Direito Internacional da OAB/MG, em exposição no debate público. “Os Impactos e a Revitalização da Bacia do Rio Doce após o rompimento da Barragem de Função”, realizado na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. A questão já está judicializada na Inglaterra. Segundo Lorena Bastianetto, há situações em que medidas como sequestro de bens para uma efetiva reparação podem ser buscadas fora, em vez de esperar por aportes nesse sentido no sistema de justiça brasileiro.
Terceirização
O procurador-geral adjunto de Justiça do Ministério Público de Minas Gerais, Carlos André Mariani Bittencourt, criticou o modelo predominante de negociação das reparações. Segundo ele, o Ministério Público entendeu que a criação da Fundação Renova veio terceirizar a responsabilidade da Samarco e de suas duas controladoras, a Vale e a BHP. Ele afirmou que o Ministério Público participa há três anos das mesas de revisão do acordo e considerou que as empresas estão lutando para se eximir da responsabilidade pela retirada dos rejeitos, que se acumularam com o rompimento da barragem, justamente um ponto que é crucial para o Rio Doce e as pessoas atingidas.