Que o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD) é, em Minas Gerais, a mão do governo Lula que distribui os beliscões aos adversários, ninguém duvida. O próprio admite. Enfrentamento é com ele. Enquanto Rodrigo Pacheco (PSD), presidente do Congresso Nacional, pelo tom moderado, é chamado nos bastidores de “lorde”, nada passa barato para Silveira. Estão juntos. Um bate, outro sopra.

 

Em novo evento no estado, nessa segunda-feira (26/5), o ministro deu os recados. Não chegou a arrancar sangue. Deu unhadas. Entre desabafos sobre o que chamou de estagnação do estado, disse que a “grande marca” de Minas é a explosão da dívida para com a União, “nos últimos cinco anos”. Reclamou da falta de “ousadia”, de avanços inferiores aos demais estados, da falta de diálogo com o governo federal e de articulação política com a Câmara e o Senado. Mirou o governo Zema. Quis atingir a narrativa de que Minas “anda nos trilhos”; optou por enfatizar que falta habilidade política ao governo de Minas para articular os interesses do estado.

 

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Em muito do que disse, a crítica não acontece no vácuo. Tem lá a sua razão. Politicamente, serve a outro propósito. Marca posição. Em hipotético cenário em que Rodrigo Pacheco em 2026 não venha a concorrer ao governo de Minas – e em confidências com empresários tem sugerido a intenção de deixar a política –, Alexandre Silveira busca visibilidade para integrar o rol de opções para uma composição de Lula no estado. Não que tais comentários reservados de Pacheco devam ser levados tão a sério a dois anos das eleições gerais. Mas, imaginando essa hipótese, Alexandre Silveira gostaria de estar bem posicionado. Para cargos majoritários, nesse mesmo campo estão, pelo momento, no PSD, o ex-prefeito Alexandre Kalil; a prefeita de Contagem Marília Campos (PT); o deputado federal Reginaldo Lopes (PT) – preterido em 2022 para concorrer ao Senado. Entre estes, o primeiro, aquele com maior potencial eleitoral, tem sido o menos procurado pelo governo Lula.

 

De tudo o que pode acontecer em dois anos, uma variável com certeza não se alterará. Quaisquer pretensões em se construir um projeto político alternativo ao governo Zema, futuro não haverá se o governo Lula não estiver bem avaliado. Além disso, coesão da base no estado tampouco haverá se o governo Lula continuar a tratar os seus aliados a pontapés, enquanto promove publicamente os adversários. As duas condições são necessárias para pretender construir um projeto político em Minas, contra o governo que detém a máquina do estado e se mantém em permanente campanha de olho na sucessão ao Palácio Tiradentes, mas, também, mirando o Palácio do Planalto.

 

Carona híbrida

 

O prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD) chegou ao Minascentro ao lado do ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), para a abertura da terceira reunião do “Grupo de Trabalho de Transições Energéticas do G20”. Silveira dirigiu o carro híbrido. Sentado ao lado no banco do passageiro, Fuad Noman aproveitou para gravar.

 

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Devagar

 

Até aqui, o envolvimento institucional do PSD na campanha de Fuad Noman ainda deixa a desejar. Por um lado, Rodrigo Pacheco (PSD), presidente do Congresso Nacional, após o desembarque do grupo de Marcelo Aro (PP) do governo municipal, cumpriu o acordo, trazendo o União Brasil para a coligação. Mas por outro, o engajamento do ministro Alexandre Silveira, apesar dos elogios nessa segunda-feira, era avaliado como tímido. Mas há quem aposte, a partir de agora, em maior envolvimento do ministro. Considerado a liderança mais popular do partido em Belo Horizonte, o ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD) ainda não se posicionou. E, pelo momento, não admite pretender fazê-lo.

 



 

Paternidade questionada

 

A tentativa do prefeito de Divinópolis, Gleidson Azevedo (Novo), de chamar para si a paternidade do convênio que irá transformar o Hospital Regional Divino Espírito Santo, ainda em construção, em hospital universitário da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), continua rendendo reações. Marcelo Andrade, reitor da UFSJ, concedeu entrevista ontem em Divinópolis, afirmando que o presidente Lula assumiu, durante a campanha em 2022, compromisso de federalizar o hospital, transformando-o em hospital-escola para atendimento 100% SUS de todo o Centro-Oeste. Segundo o reitor, diferentemente da federalização, era intenção do governo Zema terceirizar o hospital regional, cuja administração seria feita por uma Organização Social (OS). O reitor ainda considerou que a administração prevista pelo governo do estado no processo licitatório é o mesmo modelo adotado pelo prefeito na gestão da Unidade de Pronto Atendimento Padre Roberto (UPA-24h). A gestão da UPA vem sendo muito criticada na cidade.

 

Posse

 

O presidente Lula já confirmou presença na posse da ministra Cármen Lúcia, na presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no próximo 3 de junho.

 

Motim

 

Depois do sucesso da obra “O Casarão da Praça da República – A Faculdade Livre de Direito de Minas Gerais”, o jurista e diretor da Faculdade de Direito da UFMG, Hermes Vilchez Guerrero, se prepara para a pesquisa histórica do segundo volume. Lançado em 2017, por ocasião do 125º ano de criação da faculdade, o primeiro volume se inicia em 1892, cinco anos antes da fundação da nova capital Belo Horizonte, e se encerra em 1930, quando um motim de alunos durante reunião do conselho universitário teve desfecho trágico, com a morte de um estudante de medicina baleado.

 

O fim da história

 

O segundo volume vai contar a história da Faculdade de Direito no período compreendido entre 1931 a 1957, quando foi destruído o casarão que abrigava a faculdade, localizada na antiga praça da República, atual Praça Afonso Arinos. “Naquele ano se formou a turma de Hélio Garcia e Ziraldo”, afirma Hermes Vilchez Guerrero. Ziraldo passava boa parte das aulas fazendo caricaturas dos professores. Reprovado no último ano, um grupo de estudantes foi interferir por ele junto ao professor Amilcar de Castro (1892-1978). Sensibilizado, o professor chamou Ziraldo e lhe perguntou: “Você vai trabalhar com direito?” O artista avisou que não. “Jura?”, quis confirmar o professor. “Juro”, respondeu Ziraldo. Foi então aprovado.

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