O governador Romeu Zema não é afeito à conciliação -  (crédito: Quinho)

O governador Romeu Zema não é afeito à conciliação

crédito: Quinho

O governador Romeu Zema (Novo) já não é mais neófito na política. Já são cinco anos e meio à frente do cargo eletivo mais importante do estado. Mas apesar de não ser mais estreante, Zema ainda não domina uma das artes mais importantes da política, principalmente a mineira: a conciliação.

 

E essa não é uma queixa somente da oposição, com quem, naturalmente, é mais difícil exercer essa habilidade. Haja vista a dificuldade frequente que o governador enfrenta com o Legislativo mesmo tendo nesse mandato, teoricamente, o apoio de cerca de 50 dos 77 deputados estaduais. A reclamação também é feita por integrantes da base de Zema na Assembleia. E não é de hoje.

 

O governador não é afeito à conciliação, nem com seus aliados e, muito menos, com seus opositores. E não tem quem faça esse papel por ele. Por conta disso, quase foi derrotado na semana passada, quando sua própria base se juntou no plenário para aprovar uma recomposição salarial maior do que os 3,62%, abaixo da inflação acumulada, propostos por ele para o funcionalismo.

 

Temendo arcar com o peso de vetar uma recomposição maior para o funcionalismo, o governo correu para de afogadilho esvaziar o plenário e não deixar que a proposta de um índice maior fosse aprovada.

 

 


Foi um recado da base, insatisfeita com o silêncio e a intransigência do governador em abrir o diálogo sobre o tema. Base que também se queixa de arcar sozinha com o ônus de aprovar, em ano de eleição, medidas impopulares para uma categoria numerosa e ruidosa como o funcionalismo, enquanto o governador segue em silêncio, tocando no assunto apenas para jogar lenha no fogo ao atacar os servidores, essa “casta privilegiada” que, em sua ampla maioria, vai receber R$ 202 reais a mais em seus salários caso a proposta do governo Zema de 3,62 % de reajuste seja aprovada.

 

Além do aumento abaixo da inflação, Zema também enviou para o Legislativo dois projetos que elevam a contribuição dos servidores civis e militares aos seus institutos de saúde e previdência. Ambos tiveram, por estratégia governista, sua tramitação paralisada até a votação final da recomposição salarial. São propostas impopulares para o funcionalismo, construídas de cima para baixo, sem ouvir as entidades de classe que, em peso, divulgaram um manifesto contra as alterações pretendidas por Zema no Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg) e Instituto de Previdência dos Servidores Militares (IPSM).

 

Antes desse episódio, Zema já havia sido criticado pela falta de diálogo ao tentar aprovar um Regime de Recuperação Fiscal (RRF) impopular e ineficaz na solução da dívida mineira. Acabou engolido por dois mineiros tarimbados na arte da conciliação: os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), e da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), Tadeu Martins Leite (MDB), que assumiram as articulações para as discussões envolvendo o RRF. O último, inclusive, também entrou em campo para fazer a ponte entre o governador e o funcionalismo na tentativa de costurar uma alternativa mais viável de recomposição salarial. Ela envolve um percentual um pouco maior, que cobriria ao menos a inflação deste ano de 4,62%.

 

Não é possível saber se terá sucesso ou não. Mas é certo que, nascido e criado na política, o presidente da Assembleia sabe que um acordo entre partes contrárias é, muitas vezes, mais importante dentro do parlamento do que uma vitória que sacrifique a base e acirre os ânimos. Uma lição que Zema ainda não aprendeu. Não por falta de professor. (Alessandra Mello, interina)

 

Deu dó

“A nossa bandeira de Minas Gerais, que um dia foi verde, infelizmente foi modificada para vermelha a partir de um movimento revolucionário republicano. Infelizmente, a esquerda avançou e mudou a bandeira. Mas, eles precisam saber que Minas Gerais, em sua essência, jamais será vermelha.” diz Amanda Teixeira Dias (PL), deputada suplente que assumirá vaga na ALMG. (AM)

 

Bandeira equivocada

 

A mais nova deputada estadual mineira, a bolsonarista Amanda Teixeira Dias (PL), 28 anos, que assume a vaga de Alê Portela (PL), nomeada secretária de Desenvolvimento Social, já chegou prometendo “acabar com a esquerda” na Assembleia Legislativa de Minas Gerais e criticando o triângulo vermelho da bandeira de Minas Gerais, modificado, segundo ela, pela esquerda. Alguém precisa explicar para a jovem deputada que o Legislativo é a casa da democracia, onde o contraditório e o pensamento divergente da esquerda, da direita e do centro tem por princípio ser respeitado. E que o triângulo da bandeira de Minas, instituída em 1963, pelo então governador José de Magalhães Pinto, que de esquerdista não tinha nada, remete à santíssima trindade e foi proposto por Tiradentes. (AM)

 

Saia justa à vista

 

Começa hoje, no Expominas, em Belo Horizonte, o 39º Congresso Mineiro de Municípios promovido pela Associação Mineira de Municípios (AMM). A abertura vai reunir o governador Romeu Zema (Novo) e seu desafeto, o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), além do presidente da Assembleia Legislativa, Tadeu Martins Leite (MDB), e prefeitos e vereadores de todo o estado. Silveira tem feito críticas reiteradas ao governo Zema, a quem acusa de ter como principal feito o aumento da dívida pública. (AM)

 

Diva

 

O Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos de Minas Gerais (Conedh), em memória dos 60 anos do Golpe Militar, criou o diploma Diva Moreira dedicado a homenagear pessoas e instituições vítimas da violência do estado durante o regime militar. Cientista política, jornalista e defensora dos direitos humanos, Diva é também fundadora da “Casa Dandara, de cidadania do povo negro”, e da primeira Secretaria Municipal para Assuntos da Comunidade Negra na capital mineira. A deliberação instituindo a homenagem foi publicada hoje no “Diário Oficial”. 

 

Passagem precoce

 

O patrimônio histórico de Belo Horizonte perdeu neste fim de semana um de seus grandes apaixonados e estudiosos. Marco Antônio Silva, professor, doutor e historiador da Diretoria de Patrimônio Cultural e Arquivo Público da Fundação Municipal de Cultura da Prefeitura de Belo Horizonte (FMC/BH), faleceu aos 56 anos. Em nota, a Fundação lamentou a passagem de um “defensor da cultura popular e patrimônio histórico material e imaterial de Belo Horizonte”. (AM)

 

PEC das Praias

 

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou, ontem, que a Proposta de Emenda à Constituição 3/2022 que transfere a propriedade de áreas da costa marítima brasileira para a iniciativa privada não será analisada apressadamente. “O que eu posso garantir, como presidente, é que não vai ser pautado da noite para o dia”. Segundo ele, a PEC será analisada com cautela e aberta ao amplo debate, com a participação de todos os interessados. “É muito importante ouvir para a gente chegar a uma conclusão sobre o mérito”.(AM)