Eleitor de Belo Horizonte está, no momento, alheio à disputa eleitoral deste ano -  (crédito: Quinho)

Eleitor de Belo Horizonte está, no momento, alheio à disputa eleitoral deste ano

crédito: Quinho

Com cidadãos imersos num ambiente informacional intenso – consomem ininterruptamente informações de todo tipo, ditadas por algoritmos, de múltiplas plataformas, mesmo quando acreditam estar se divertindo nas mídias digitais –, segue baixa, neste momento da pré-campanha, a atenção do belo-horizontino para a sucessão à Prefeitura de Belo Horizonte. Em diferentes levantamentos de dados, entre 70% e 80% dos eleitores não demonstram ter espontaneamente informações sobre os pré-candidatos em disputa. É um indicador importante. Nesta economia da atenção, a competição é brutal e é mais fácil a difusão de ideias que ridicularizam a política ou promovem a narrativa da antipolítica do que efetivamente despertar interesse com o debate em temas da cidade.

 

Além disso, é fato: emboladas em multitarefas, envolvidas com uma infinidade de questões pessoais e profissionais, as pessoas estão, em geral, menos dispostas a dispender energia para conhecer mais e com antecedência sobre o cenário político eleitoral, que irá definir quem governará a cidade em que vivem. Quanto mais pulverizado o quadro com candidaturas menos familiares, mais o eleitor procrastina a decisão de prestar atenção para decidir o voto. Assim tem sido em processos eleitorais em que não há na disputa prefeitos nem ex-prefeitos ou figuras públicas conhecidas do grande público.

 

E no caso particular de Belo Horizonte, Fuad Noman é prefeito, candidato à reeleição sem, na prática, sê-lo. Isso porque assumiu o governo municipal com a desincompatibilização em abril de 2022 do ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD), reeleito em 2020 em primeiro turno. Kalil é carismático e de personalidade forte. Já Fuad Noman tem perfil técnico, é pouco dado a política – terceirizou essa atividade a assessores – e geriu a cidade com baixa visibilidade. Como resultado, ainda é desconhecido por quase metade do eleitorado da capital.

 

 

 

Por essas razões, o cenário eleitoral em Belo Horizonte se move devagar. De dezembro para cá, pouco mudou. As três grandes referências que operam como atalhos cognitivos e ajudam o eleitorado – o bolsonarismo, o antibolsonarismo/lulismo e a avaliação do governo municipal – apresentam efeitos, mas ainda não definidores do primeiro turno. E a quarta referência, o conhecimento prévio de quem concorre, se fez sentir com força só recentemente com a definição da candidatura do deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos).

 

Sem grandes fatos ou acontecimentos marcantes – como fusões de candidaturas ou de campos ideológicos – o cenário agora posto em Belo Horizonte muito provavelmente seguirá com poucas alterações até agosto, quando, de fato, o eleitor será lembrado, pelo já não tão popular horário eleitoral gratuito, de que “o tempo da política” chegou. E, ainda que na primeira semana da propaganda gratuita é esperada atenção maior – e alguma movimentação nas tendências –, tudo indica que na capital mineira a definição poderá se dar na última semana, a poucos dias do pleito. Até lá, o que temos é a esquerda dividida entre Rogério Correia (PT), Duda Salabert (PDT) e a peleja na Federação Psol-Rede; o PL pressionando o Novo para que Luísa Barreto seja de Bruno Engler (PL); Carlos Viana (Podemos) desejando o mesmo que o PL; Fuad Noman à espera de seu vice; a dupla Gabriel Azevedo (MDB) e Paulo Brant (PSB) se esquivando das costumeiras investidas da nacional socialista; e o PSDB de João Leite, em cima do muro, por enquanto recusando convites para compor chapas, como vice.

 

Cabeça ou vice?

 

Em Belo Horizonte, o PSDB ainda segue decidido a não decidir sobre o seu posicionamento na sucessão de Fuad Noman (PSDB). Vencida a resistência inicial do ex-deputado estadual João Leite (PSDB), neste momento, a legenda está entre a candidatura própria e uma composição. Há no PSD quem trabalhe para uma composição de João Leite como vice de Fuad Noman. Mas há também, na mesma legenda, quem sustente que tal chapa afastaria o prefeito do radar político do presidente Lula.


Em banho maria

 

“João Leite candidato seria muito importante, pois estaria resgatando as obras do PSDB no estado”, afirma o deputado federal Paulo Abi-Ackel (PSDB), presidente estadual do partido. “Sabemos que o tempo está passando, mas não decidir antes de as coisas clarearem é melhor. João Leite é conhecido, não precisa se expor com tanta antecedência”, diz Abi-Ackel.


Na corrida

 

Licenciado da Câmara dos Deputados para cuidar das bases do PDT no estado, Mário Heringer, presidente estadual da legenda, diz que a deputada federal Duda Salabert (PDT) tem hoje, em Belo Horizonte, a melhor posição no campo da esquerda. “Não temos de abrir mão da melhor posição. Queremos que ela fique. Agora depende dela ficar”, afirma Heringer.

 

O retorno de Jedi

 

Reunindo 17 sindicatos, associações de classe e centrais sindicais, a Frente Mineira em Defesa do Serviço Público de Minas Gerais enviou correspondência a todas as entidades associadas com orientação para que identifiquem nos municípios mineiros prefeitos e candidatos apoiados por parlamentares que votaram contra as emendas autorizativas que elevavam a revisão salarial de 4,62% – aprovada – para 10,67%. “Esses deputados mostraram claramente que não são aliados dos servidores públicos estaduais e, por isso, precisamos alertar todos os servidores municipais de que esses candidatos não são confiáveis”, diz a correspondência.

 

Banco Central

 

Ex-autoridades e membros do mercado financeiro estiveram ontem em jantar oferecido pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ao presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, no Palácio dos Bandeirantes. De Minas, participou o ex-deputado federal, Fabinho Ramalho.