Arte ilustrativa de mulheres na história de Minas e do Brasil  -  (crédito: Paulinho Miranda/Arte)

Arte ilustrativa de mulheres na história de Minas e do Brasil

crédito: Paulinho Miranda/Arte

Há uma arena cativa da política. É pública. É da ação comunicativa. Memória e narração - a palavra - pavimentam essa travessia, em que grandes ações de abrangência coletiva ganham a imortalidade. Apagadas da historiografia oficial - enterradas como referência de perspectiva presente e futura -, a presença de mulheres nesta praça de debate vem sendo lentamente recuperada. A começar por sete mulheres, com importante participação em diferentes etapas na escrita da Independência, resgatadas pela pesquisa “República”, conduzida por Heloísa Starling, historiadora e professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

 

Depois da obra “Independência – As mulheres que estavam lá”, agora, tais mulheres – Hipólita Jacinta, Urânia Vanério, Bárbara de Alencar, Maria Felipa de Oliveira, Maria Quitéria de Jesus, Maria Leopoldina e Ana Maria José Lins – foram traduzidas em canção por Zélia Duncan e Ana Costa. Em canção, abre-se uma nova janela para a história; uma nova janela para a intensa participação política feminina.

 

A sua face se mantém, ainda hoje desconhecida. Hipólita Jacinta é filha da terra das Minas, localidade descrita pela governança da Capitania de São Paulo e Minas do Ouro, em correspondência à Coroa, entre 1717 e 1720: “gente intratável”, paragens em que germina a rebelião, a vegetação “exala perturbações”, a rotina é “tumba da paz”, e a “natureza anda inquieta”. A pesquisa de Starling ressuscita Hipólita, que assim se torna a primeira mulher oficialmente reconhecida a participar da Conjuração Mineira, reprimida em 1789 pela Coroa Portuguesa. Ainda que em Minas a maquinação anticolonial tenha sido derrotada, a sua ideologia alimenta outras conjurações, como a Baiana, transpondo às décadas seguintes as ferramentas intelectuais e políticas que nutriram a Revolução Pernambucana de 1817. Esta instala precocemente a República e pavimenta a trilha revolucionária da independência.

 


A pesquisa histórica alimenta a arte. “Hipólita, Hipólita/Insólita tua coragem/Na margem da história de ontem”, diz a composição. Sim, elas estavam lá, reitera Heloísa Starling. “Todas recusaram a submissão que lhes foi reservada pela sociedade patriarcal, ainda mais rigorosa à época para qualquer mulher que ousasse ocupar a arena pública, que participasse da política”, afirma a historiadora.


É curioso notar que naquela praça pública – ou ágora – da Grécia Antiga, onde se funda a democracia, em que iguais debatiam a ação política, acediam apenas pessoas masculinas. Para isso, tinham asseguradas em suas casas duas outras dimensões da vida ativa: aquela em que se inserem as atividades da procriação e criação das futuras gerações, lançada exclusivamente às mulheres; e a dimensão da sobrevivência material, alcançada pela exploração da mão de obra escrava, principalmente na produção das terras. Mulheres e pessoas escravizadas coexistiam na “amarração” da ideia de propriedade. A Antiguidade, a Idade Média, a Revolução Industrial e outras “idades” passaram e algumas heranças ficam, em desafio à genial perspectiva fundante da democracia: diferentes na beleza e diversidade da existência, pessoas devem aceder igualmente às oportunidades e à arena da ação. A civilização caminha em busca da igualdade, afirmariam mentes que vieram na esteira da ideologia liberal. Nasce assim, a democracia imperfeita, excluindo mulheres e submetendo pessoas escravizadas. Impõe-se às conquistas civilizatórias, aperfeiçoá-la.


Em suas vozes, Zélia Duncan e Ana Costa assim definem a questão: “Tentaram e até conseguiram/ Te apagar/Mas sua mãe; indígena/Potiguar/Vem aqui para avisar/Que você vai nascer de novo(...)/Montada em palavras aladas/(...)Senhora das trincheiras/Batalhas libertárias/Rainha sem coroa/Mulheres se apresentam”.

 

 

Mal estar

 

Depois de declarações que sugeriram à imprensa de que o governo Lula não contemplaria a federalização de ativos no âmbito da repactuação das dívidas dos estados, Alexandre Padilha, ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, enviou, no privado, mensagem a interlocutores de Minas, se explicando. Segundo ele, a “imprensa” teria entendido mal.

 

Federalização na pauta

 

Até o presente momento, o relacionamento entre Rodrigo Pacheco (PSD), presidente do Congresso Nacional e o presidente Lula segue afinado em relação aos termos mais gerais abordados pelo Projeto de Lei Complementar de repactuação da dívida dos estados. A proposta foi elaborada por Pacheco em interação com a Assembleia Legislativa. A federalização de ativos é considerada como forma de amortização. O que se discute, ainda sem consenso, é a possibilidade de deságio no estoque da dívida, naqueles casos em que houver amortização.

Assinaturas


O deputado estadual Lucas Lasmar (Rede) está convencido de que nesta semana reunirá mais 13 assinaturas para a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a apurar se ao longo das últimas décadas ocorreram desvios e ilegalidades no cálculo de valores da dívida de Minas com a União. Treze já assinaram: além de Lasmar, foram oito parlamentares do PT, dois do PV, um do PcdoB e um do PL. “O que queremos é transparência para compreender a evolução da dívida e as cláusulas contratuais que a justificam”, diz Lasmar.


Lula em Minas


O presidente Lula estará esta semana em Contagem e em Juiz de Fora, ainda sem precisar se quinta-feira, 27 ou sexta-feira, 28. A prefeita de Contagem, Marília Campos (PT) vai apresentar-lhe a execução das obras de saneamento e mobilidade da avenida Maracanã, com recursos do governo federal e empréstimo da Caixa. “Setenta por cento dos trabalhos estão concluídos”, afirma a prefeita. “Ao vir até nós, ele nos prestigia e nós apresentaremos nossos agradecimento pelo apoio”, diz ela, que aproveitará a visita para apresentar outras reivindicações da cidade no âmbito da mobilidade e controle de enchentes.


Costura


Em Contagem, Marília Campos tem êxito na costura política que o governo federal ainda luta no Congresso Nacional. Além dos partidos políticos da federação PT, PV, PCdoB, a frente em apoio à candidatura à reeleição de Marília Campos (PT) reúne 17 legendas, entre elas, as maiores siglas representadas pelo Centrão que integram o governo, mas nem sempre a base legislativa.


Mudanças climáticas


Ondas de calor e estiagem geraram quebra da produtividade nas culturas de soja, milho, feijão e sorgo nas safras de 2023 e 2024 no Noroeste de Minas, com prejuízo estimado em R$ 925 milhões. A estimativa é do engenheiro agrônomo Anderson Barbosa Evaristo, professor do Instituto de Ciências Agrárias (ICA) da Universidade Federal dos Vales Jequitinhonha e Mucuri. Ele participou nesta semana, em Unaí, do sétimo e último encontro regional promovido pela Assembleia, dentro do “Seminário Técnico Crise Climática em Minas Gerais: Desafios na Convivência com a Seca e a Chuva Extrema”.