Que o governador Romeu Zema (Novo) precise reiterar sinais de permanente “indisposição” no relacionamento com o presidente Lula (PT), entende-se. Afinal, a vida é dura para quem comanda um estado com a tradição de Minas Gerais e precisa manter, ao centro da cena, a negação da política. “La noblesse”, digo, a extrema direita, exige. Nesse afã de agradar, Zema sonha em ser herdeiro do bolsonarismo, mas, com dois anos de antecedência, diz também que aceitaria ser vice de outro candidato “da direita”. Daí já extrapola: vira vice vitorioso, e, quem sabe, acumularia um ministério. O importante é participar, afirma o governador mineiro.

 

Mais difícil é perceber, sem qualquer pontuação crítica, que neste momento, em que Minas Gerais de novo está com o pires na mão à porta do Supremo Tribunal Federal (STF), Zema não consiga, em nome dos interesses do estado, estabelecer um parêntese – ou travessão – nessa conduta. Lula chega a Belo Horizonte, Contagem e Juiz de Fora; Zema ruma para o Norte de Minas. Antes de virar as costas, a assessoria do governo mineiro manda pela imprensa recados ao Planalto com acusações de que os convites ou chegam em cima da hora ou “inventam” que convidaram.




 

A quem interessa tais firulas? Fato é que tal agenda do Planalto em Minas foi construída nesta terça-feira. Em princípio, o presidente iria também, além de Contagem e Juiz de Fora, a Montes Claros e Governador Valadares para anúncios de investimentos em educação, energia, ferrovias e cultura. Com dificuldades para cumprir todo o itinerário, Lula optou por fazer em Belo Horizonte os anúncios para o estado, entre os quais o lançamento do programa que vai levar energia solar, numa primeira etapa, a quase 16 mil residências, de 40 municípios do Minha casa, minha vida, reduzindo a conta de energia das famílias de baixa renda. Vai também assinar contratos de R$ 18 bilhões em obras de linhas de transmissão, dos quais, R$ 3,5 bilhões em Minas Gerais.

 

Ao abrir a janela de oportunidade para a repactuação das dívidas dos estados com a União – a partir de um movimento político que nasceu na Assembleia Legislativa de Minas Gerais – o governo Lula – e mais especificamente o presidente da República – fez um gesto vigoroso a Minas Gerais. E a Romeu Zema. E longe de supor que tal gesto vá exigir uma adesão política ou a perda da altivez para a busca do melhor interesse do estado, é sobretudo um movimento de pacificação. Para os extremistas, talvez seja difícil compreender que longe de ser binária, há complexidade nas relações políticas construtivas: não é preciso ser aliado para ser republicano; ser adversário político não significa ser inimigo.

 

 

Mas no momento em que Rodrigo Pacheco tenta construir consenso, no âmbito do Congresso Nacional e do governo federal, em torno do projeto de lei complementar para a repactuação da dívida dos estados, Zema se dá ao luxo de seguir batendo a porta para o presidente da República. Deitou em berço esplêndido, à espera de que os outros façam aquilo que é obrigação do governo de Minas: política.


Fatura adiantada

 

Nome cotado para candidato a vice na chapa do prefeito Fuad Noman (PSD), o vereador Álvaro Damião (União) não tem pressa. “Para que pagar a conta agora se o boleto só vence lá na frente?”, indaga. As convenções partidárias ocorrem entre 20 de julho e 5 de agosto. Partidos têm até 15 de agosto para registrar as candidaturas. Primeiro suplente do União Brasil em Minas na Câmara dos Deputados, Álvaro Damião nega que esteja pleiteando da legenda a possibilidade de assumir o mandato na hipótese de derrota do prefeito. “Especulação. Não é isso. A questão é que se vamos compor a chapa, queremos participar do plano de governo e queremos saber, na hipótese de vitória, que tipo de espaço político terá o vice”, afirma Álvaro Damião.



Chapa

 

Na avaliação Álvaro Damião, o União Brasil também precisa avaliar o impacto sobre a chapa proporcional, caso ele venha a compor a chapa majoritária. “Hoje, projetamos eleger três vereadores. Se eu sair, como ficará a chapa? É preciso estudar isso”, diz o vereador, que em 2020 foi o quinto mais votado em Belo Horizonte, com 12.742 votos. Com alta probabilidade de ser reeleito vereador, pelo trânsito entre todos os grupos e ideologias na Casa, Álvaro Damião é nome cotado para presidir a Câmara Municipal em 2025.


Segundo turno

 

Foi definida pelo colégio de líderes para 4 de julho a votação em segundo turno do Projeto de Lei 914/2024, do Executivo, que autoriza a Prefeitura de Belo Horizonte a contratar operações de crédito de R$ 465 milhões para a compra de 100 novos ônibus elétricos, a urbanização da Izidora e da Cabana do Pai Tomás. Os recursos vão ser obtidos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Caixa Econômica Federal, no âmbito do Novo Programa de Aceleração do Crescimento do governo federal. O Ministério das Cidades estabeleceu 9 de julho como prazo final para a validação dos financiamentos pelos agentes financeiros.


TST

 

Será em 21 de Agosto a posse do advogado mineiro Antônio Fabrício, no Tribunal Superior do Trabalho (TST). A posse administrativa será antes, em 2 de julho.


Dívida

 

O presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD), se reúne nesta quarta-feira com governador Romeu Zema (Novo). Vai atualizá-lo sobre os entendimentos firmados com o governo federal para o encaminhamento do projeto de lei completar que repactua as dívidas dos estados. Nesta terça, Pacheco se reuniu com os ministros da Fazenda, Fernando Haddad; das Relações Institucionais, Alexandre Padilha; além do líder do governo no Congresso Nacional, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), e o secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan. Zema pedirá apoio para tentar adiar, mais uma vez, no Supremo Tribunal Federal (STF) o prazo de carência da retomada do pagamento das parcelas da dívida.

 


UPA Vespasiano

 

A deputada estadual Nayara Rocha (PP) reivindica do governo do estado a construção de nova unidade de pronto atendimento (UPA) na região do Morro Alto, em Vespasiano. No contexto do Assembleia Fiscaliza, ela informou ao secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, que a UPA Central de Vespasiano atende à população de outras 19 cidades. “São 20 mil pessoas por mês, a primeira em número de atendimentos no estado”, disse ela, considerando que a nova UPA irá desafogar a demanda concentrada na UPA Central.

compartilhe