-  (crédito: Quinho/EM)

crédito: Quinho/EM

 

O Consenso de Silicon Valley, que substituiu o Consenso de Washington, consolidou o mundo tecnofeudal na economia, esmagando capitalistas e trabalhadores de forma quase sem retorno. O rentismo está em alta no mundo contemporâneo, mas será eterno?

 

 

Se consensos fossem o que prometem, seriam imutáveis. Parte significativa do mundo já rompeu com a ditadura dos algoritmos, criando as suas próprias big techs. No caso dos chineses, já superam em usuários suas mães norte-americanas. Russos, indianos e japoneses seguem atrás. No Brasil, Lula discute sexo dos anjos e taxa de juros com essa etérea entidade, chamada mercado.

 

 

Mas, se na economia o Consenso de Silicon Valley evoluiu e ainda evolui, na política, tal visão mais se assemelha a um pesadelo tanto para seus criadores quanto para aqueles que nela sofrem.

 

 

A estabilidade geopolítica mundial foi estraçalhada. Semana passada, na esfera política europeia, dois expoentes filhos dessas ideias sofreram derrotas. Descendentes do Brexit, os conservadores britânicos tiveram o revés mais acachapante de sua história: os trabalhistas conquistaram nada menos que 412 cadeiras, a maioria com margem de 170 assentos.

 

Os trabalhistas britânicos são de esquerda, mas nem tanto. Tony Blair é a maior expressão disso. Ao lado de George Bush, Blair foi um dos criadores do neocolonialismo, que hoje se encontra igualmente putrefato.

 


Europeus e americanos foram expulsos do Afeganistão, resistem mal às ofensivas no Iraque e na Síria e pior, estão ameaçados na joia da coroa no Oriente Médio, que é Israel. Sobrará talvez uma Arábia Saudita, cujas relações nunca foram tão sólidas. Os monarcas Saudi sabem se adaptar às novas marés e já estão nos Brics.

 

 

Em Israel, o “genial” Benjamin Netanyahu e a sua extrema direita, além do isolamento mundial, agora estão envoltos em novo e grave conflito interno. Com cenas dantescas do massacre palestino explodindo nas telas dos celulares em todo mundo, Netanyahu enfrenta forte oposição dos judeus ortodoxos, que se recusam a servir de carne de canhão.

 

 

Israel necessita desesperadamente de combatentes. Parte de seus generais defendem assinar um cessar-fogo com o Hamas, para disponibilizar tropas para um conflito com o Hezbollah, com a resistência islâmica e talvez, no futuro, com o próprio Irã. A guerra vai mal, o primeiro-ministro não tem escolha a não ser escalar o conflito e chamar ajuda dos EUA. Aparentemente os trabalhistas britânicos aprenderam com Blair e não querem mais vender armas a Israel.

 

 

Derrota brutal também sofreu Emmanuel Macron, partidário da França empreendedora. Perdeu para a ultradireita e de quebra viu a esquerda francesa crescer sobre a sua proposta de centro, antes lastreada no empreendedorismo. Mas as piores derrotas da França já aconteceram. Perdeu e continua perdendo influência no Sahel Africano e proximidades.

 

 

Entre golpes, movimentos anticolonialistas, guerras civis sem fim e genocídios, a África é palco de uma segunda guerra fria. Já no caso do continente, as guerras na Ucrânia e em Israel, seguem quentes.

 

 

Em meio aos movimentos por um mundo multipolar, nem a nossa triste América do Sul ficou de fora. Os bolivianos puseram na cadeia mais um general golpista. No Brasil, a Polícia Federal brasileira enfim indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

 

 

“Eu não votei num ladrão de joias” foi trend nas mídias digitais. No Brasil, nossos retrógrados, autodenominados “conservadores”, são mais persistentes. Camboriú sedia a Conferência de Ação Política Conservadora. As estrelas da festa são, além do clã Bolsonaro e seus políticos de estimação, Javier Milei, presidente da Argentina. Camboriú gosta de ser chamada de a “Dubai brasileira”. Provavelmente, agora também será a nova Munique. Cervejarias por lá, é que não faltam.

 

 

Inquérito civil público

O procurador da República em Minas, Helder Magno da Silva, afirmou, em reunião da Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa, que há no Ministério Público Federal um inquérito civil público destinado a apurar possíveis violações de direitos étnicos, raciais e territoriais dos povos tradicionais da região do Vale Jequitinhonha, em decorrência da mineração do lítio.

 

Houve consulta?

Os povos tradicionais devem ser consultados pelo estado, quando este faz o licenciamento ambiental, e pela Agência Nacional de Mineração (ANM), quando esta dá o direito de pesquisa e lavra, segundo a Convenção 169 da ONU, a Organização das Nações Unidas. Segundo Helder Magno da Silva, tal convenção tem força constitucional no Brasil. Não observá-la implica na nulidade de tudo o que foi deferido pela ANM e órgão ambientais.

 


Corrida ao lítio

Até fevereiro deste ano havia 1.377 processos minerários de lítio junto à ANM nas bacias dos rios Jequitinhonha e Mucuri, – onde 14 municípios já estão regionalizados como Vale do Lítio – crescimento de 562% em relação a 2022. A informação é da professora Aline Sulzbacher, da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Ela alerta para os desafios de fiscalização do segmento, uma vez que 176 dos requerentes à ANM referem-se a pessoas físicas, o que dificulta o controle da exploração do lítio.

 

Tucanos

Resultado Datafolha da sucessão à Prefeitura de Belo Horizonte, que dá ao ex-deputado estadual João Leite (PSDB) a segunda posição numérica na corrida, deu gás ao PSDB. O presidente Paulo Abi-Ackel (PSDB) diz que aguarda pesquisa contratada pela legenda para decidir se lançam João Leite, se apoiam o prefeito Fuad Noman (PSD) ou se apoiam Gabriel Azevedo (MDB), presidente da Câmara Municipal. A decisão será anunciada nos próximos dias.

 


Dilema

Com principal foco na eleição de bancadas federais em 2026, sob a perspectiva do custo benefício, partidos políticos que resistem ou desistiram de lançar candidaturas próprias na capital mineira preferem investir na eleição de prefeitos em cidades do interior. Por esse caminho, o saldo de votos para a eleição de deputados federais é considerado maior se comparado com os votos alcançados em Belo Horizonte, após onerosas campanhas majoritárias.

 


Presente

Embora no Novo dirigentes ainda discutem o melhor caminho para a legenda na sucessão à Prefeitura de Belo Horizonte, o ex-deputado estadual Guilherme da Cunha (Novo) não tem dúvidas: está com Luisa Barreto (Novo), ex-secretária de estado de Planejamento e Gestão.