O fenômeno é conhecido. Um mês após as eleições, expressivo contingente de eleitores não se lembra em quem votou para as funções legislativas. Estudo Eleitoral Brasileiro (Eseb) que integra consórcio liderado pela Universidade de Michigan (EU) mostra em pesquisa realizada menos de um mês após o pleito de 2018, que quatro em cada dez brasileiros não se lembravam em qual candidato haviam votado para deputado federal ou estadual.
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No âmbito municipal, estudos do gênero são menos frequentes. Mas tomados como “proxy” os dados para deputado estadual e federal, é esperada amnésia eleitoral também no âmbito das câmaras municipais. Ainda que esta seja uma eleição mais “próxima” dos problemas da cidade em que vivem as pessoas que votam, há um outro fenômeno que se repete nas eleições municipais: a maioria dos eleitores demora mais a se posicionar em relação às eleições legislativas do que para a prefeitura.
E se é fato que nas grandes cidades, em média, metade do eleitorado ainda não consegue recuperar espontaneamente da memória os nomes que concorrem às prefeituras municipais, o que dirá em relação às câmaras.
Em Belo Horizonte, 870 pessoas concorrem a uma das 41 vagas à Câmara Municipal, uma redução de quase 80% em relação a 2020, quando 1.560 candidaturas compuseram as chapas partidárias. Apesar do expressivo enxugamento de candidaturas, tal é o tamanho do desafio posto ao eleitor: reconhecer as quase nove centenas de candidaturas registradas junto à Justiça Eleitoral por 22 partidos e três federações.
Com poucos partidos capazes de ativar “identidades”, é natural que eleitores busquem referências ou atalhos cognitivos. Se não conhecem pessoalmente uma das candidaturas, buscam indicações em interações múltiplas que vão se intensificar com a proximidade do pleito: entre familiares, entre amigos, entre pessoas conhecidas, nas conversas cotidianas, nos clubes, nas igrejas... em plataformas tradicionais de mídia, em mídias digitais e dentro de grupos formados entre eleições, com o propósito de discutir política (e em geral beneficiar politicamente quem os constituiu).
Se é fato que com menor número de candidatos em disputa a exposição à propaganda gratuita eleitoral na televisão e rádio ajuda a dar visibilidade às candidaturas ao Executivo, despertar a atenção em poucos segundos de fama nesse mesmo espaço dedicado à eleição legislativa costuma produzir mensagens de toda ordem. A partir desta sexta feira, as pessoas que votam vão se esbarrar com inserções diárias no rádio e na televisão e com o horário eleitoral gratuito.
As mensagens para os cargos legislativos variam de clássicas – dirigidas a nichos, em geral produzidas por quem concorre à reeleição e já têm uma base eleitoral cultivada – a mensagens mais exóticas, para chamar a atenção pelo inusitado ou explorando a indignação de pessoas frustradas com as suas muitas dificuldades diárias.
Escolher em quem votar para a Câmara Municipal costuma ser a última tarefa do eleitor comum em tempos de eleição. Nem sempre tão interessado na política, vai fazer a escolha com o menor dispêndio de energia possível, com muita frequência na véspera.
Não a toa é clássica a estratégia adotada por quem tem recursos para contratar cabos eleitorais que distribuem santinhos em boca de urna (o que é proibido); contratar influenciadores digitais e impulsionamento para espalhar a mensagem nas redes; envolver padres e pastores entre outros profissionais.
Se esse é um processo de escolha que parece casual a quem não tem a escolha – ele nada tem de aleatório. Mas se encontrar esse número para votar em vereador acontece nessa espécie de “esbarrão”, por que tal escolha seria armazenada na memória?
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Aposentadoria
A possibilidade de o ministro Luís Roberto Barroso vir a se aposentar, após concluída a sua gestão, em setembro de 2025, à frente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), agita, em Brasília, a bolsa de apostas para o cargo. Rodrigo Pacheco (PSD), presidente do Congresso Nacional, é nome que já circula, com apoiadores de peso.
Crime organizado
Formado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Núcleo de Segurança Eleitoral está acompanhando em todo o país, em apoio à atuação dos órgãos de controle, o monitoramento e investigações quanto ao envolvimento do crime organizado nas eleições municipais. Integram o núcleo representantes de várias instituições: Polícia Federal, polícias estaduais militar e civil, Abin, ministérios públicos, em particular o Grupo de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco).
Cuidar da cidade
Com o título “Eleições 2024: cuidar da cidade”, o Núcleo de Estudos Sociopolíticos (Nesp) da PUC Minas, em parceria com a Emotion/PUC Minas, lançou ontem uma série com oito vídeos voltados à formação política das eleições deste ano.
A produção motiva o eleitor à responsabilidade na escolha dos prefeitos e vereadores, abordando temas como a baixa efetividade do processo legislativo, o sentimento do eleitor de não estar representado pelos eleitos, além de questões como a abstenção eleitoral, a criminalização da política, a ética, a religião, em suas correlações com a política. A produção foi solicitada pelo setor político do Vicariato Episcopal para a Ação Social, Política e Ambiental da Arquidiocese de Belo Horizonte, no contexto do projeto nacional “Encantar a Política”. Está disponível no canal do Nesp no Youbute.
Crimes contra Maxakalis
O Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF-6) condenou nessa segunda-feira (26/8), por apropriação indébita e organização criminosa, empresários denunciados pelo Ministério Público Federal pela captação e retenção ilegais de documentos e cartões sociais e bancários, pertencentes a indígenas da comunidade Maxakali, em Santa Helena de Minas, no Vale do Mucuri. Segundo a investigação do MPF, estima-se que mais de R$ 200 mil foram desviados em apenas nove meses, deixando ainda mais vulnerável a já fragilizada economia da comunidade.