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O alarme tocou. Mas nos primeiros dias da propaganda eleitoral gratuita de rádio e televisão que antecederam o mais recente levantamento de campo Datafolha em 4 e 5 de setembro, quase a metade do eleitorado belo-horizontino ainda espreguiçava sonolento: sem pressa e sem estímulo, 48% informaram não saber em quem votar para a Prefeitura de Belo Horizonte.

 

 

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No levantamento de 20 e 21 de agosto eram 64%. Quando estimulados com os nomes das 10 candidaturas, aqueles que espontaneamente não sabem em quem votar caem abruptamente de 48% para 8%. E o que empurra, neste momento, as intenções de voto são referências – ou atalhos cognitivos – acionadas pelo eleitor mediano para mapear o quadro da disputa.

 


 

 

Entre as duas pesquisas, Mauro Tramonte (Republicanos) oscilou de 27% para 29% das intenções de voto estimulado. Oferece como referência a própria trajetória à frente do programa “Balanço Geral”. Além de ser conhecido por 98% dos belo-horizontinos, Tramonte convergiu para si o apoio político do ex-prefeito Alexandre Kalil (ex-PSD, agora Republicanos) e do governador Romeu Zema (Novo).

 

 

São lideranças que atuam em segmentos sociais distintos: o primeiro, principalmente junto ao eleitor das comunidades; o segundo, junto ao empresariado e eleitorado de alta renda. Tramonte arranca nessa corrida com forte sustentação de igrejas evangélicas. Tais características compensam a minguada fatia da propaganda gratuita de rádio e televisão.

 

 

O prefeito Fuad Noman (PSD), que concentra 25% do horário de antena, oscilou positivamente, entre as duas pesquisas de 10% para 14%: cresceu, nesses primeiros dias de exposição 9 pontos percentuais em índice de conhecimento. Exibe, como referência, a sua administração como prefeito: as imagens e narrativas do que fez e do que faz agora povoam diariamente as tradicionais mídias eletrônicas.

 

 

Emboladas com Fuad Noman na disputa pela segunda vaga do segundo turno, estão três candidaturas. Bruno Engler (PL), agarrado à imagem de Jair Bolsonaro (PL) – que evoca certo combo valores ultraliberais, religiosos e de comportamento regressistas: oscilou de 10% para 13% das intenções de voto. Tempo de antena não lhe falta: está sentado sobre 28% da propaganda eleitoral de rádio e televisão.

 

 

Duda Salabert (PDT) está alavancada pelo identitarismo de esquerda: oscilou de 10% para 12% das intenções de voto, apesar do tempo de televisão periférico. Duda se interpõe sobre o desempenho da candidatura de Rogério Correia (PT), puxando dele parte do eleitorado que se identifica com o PT.

 

 

Colado em Lula (PT), Rogério Correia tem 8% das intenções de voto; tinha 7% na pesquisa anterior. Luta para encarnar o lulismo e representar o quinhão antibolsonarista do eleitorado que sonha em ver, na polarização com Engler, a derrota do ex-presidente na capital mineira.

 

 

Juntos, Duda e Rogério somariam algo próximo a 20% das intenções de voto. Separados, estão sujeitos a um dos dois prováveis eventos: nenhum deles irá ao segundo turno ou, como num processo de osmose, ao longo da campanha, um deles se esvaziará para fortalecer o outro.

 

 

A candidatura de Gabriel Azevedo (MDB), propositiva e organizada, segue lutando para levar o seu nome a 78% do eleitorado que ainda não o conhecem. Já Carlos Viana (Podemos), embora conhecido por 85% do eleitorado, já havia sofrido uma primeira desidratação com a chegada de Mauro Tramonte à disputa; agora caiu de 12% para 5% das intenções de voto entre os dois levantamentos. Sem a expectativa de poder para atrair financiadores, e sem horário de antena, a partir de agora, a tendência será o isolamento crescente.

 

 

No contexto da disputa de Belo Horizonte, tais são, portanto, neste momento, as principais forças que tracionam a sucessão municipal: o fator Tramonte; a gestão municipal; o bolsonarismo raiz; e a mescla de lulismo com a esquerda identitária.

 

 

 

Sonegação do Cfem

Relatório publicado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) aponta para uma sonegação de Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem) de quase 70% entre 2017 e 2022.

 

 

“Em média, 69,7% dos titulares de 30.383 processos ativos nas fases de concessão de lavra e de licenciamento não pagaram espontaneamente a Cfem, enquanto o percentual médio de sonegação entre os 9.202 processos ativos cujos titulares pagaram espontaneamente a Cfem encontra-se na faixa de 30,5% a 40,2%”, aponta o relatório. Segundo auditores, não há dados suficientes para estimar o valor total da sonegação, porque a Agência Nacional de Mineração (ANM) não elaborou previsões para cada receita.

 

 

De olho

Desenvolvido pelo Comitê Nacional em Defesa dos Territórios Frente à Mineração e Poemas, o projeto “De olho no Cfem” adotará metodologia para monitorar a arrecadação da contribuição em cinco municípios mineradores e uma cidade impactada pela mineração. Conceição do Mato Dentro é a cidade de Minas que integra a lista. As demais são Canaã dos Carajás (PA), Parauapebas (PA), Marabá (PA), Alto Horizonte (GO e Açailândia (MA).

 

 

“Estarrecedores”

O juiz Marcelo Gonçalves de Paula, do Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher em Belo Horizonte, classificou como “estarrecedores”, os relatos de vereadoras e profissionais mulheres sobre violência de gênero feitos à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, em audiência conjunta com a Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH).

 

 

O “roteiro”

Em roteiro que se repetiu nos depoimentos, foram denunciados assédios sexual, moral e patrimonial; ameaças de estupro e de morte; violência política e física; além de punição e silenciamento para quem denuncia e promoção para denunciados. Além de servidoras da polícia penal, as vereadoras Karine Santos, da cidade do Serro, e Valéria Lopes, de Ouro Branco, revelaram ter desistido de concorrer à reeleição este ano, em decorrência de violências sofridas no exercício do mandato.

 

 


Camisetas de Musk

Um novo elemento figura entre as cores verde e amarela, bandeiras do Brasil, rostos de Jair Bolsonaro, estrelas de Davi e motivos religiosos nas passeatas que o ex-presidente faz pelo país: a imagem de Elon Musk. O bilionário sul-africano, querido pela extrema-direita global, foi adotado pelos bolsonaristas após o STF determinar a suspensão do X (antigo Twitter), propriedade do empresário, do território nacional.

 

 

Na passagem de Bolsonaro ontem por Contagem, onde fez campanha para o candidato Júnio Amaral (PL), vendedores ambulantes aproveitaram o momento para faturar e lançar camisetas com o rosto de Elon Musk entre os itens expostos para os apoiadores do ex-presidente.