Não é necessário dizer que aquele que entrou para o folclore das eleições norte-americanas como 'o incidente da pamonha' foi parar nas capas dos principais jornais da época -  (crédito: Ilustração)

Não é necessário dizer que aquele que entrou para o folclore das eleições norte-americanas como 'o incidente da pamonha' foi parar nas capas dos principais jornais da época

crédito: Ilustração

Quando em 1976 o presidente republicano Gerald Ford concorria com Ronald Reagan às primárias, em visita ao sítio histórico do Álamo, na cidade de San Antonio (Texas), fez ruir, em uma só mordida, toda a narrativa construída de campanha para conquistar eleitores de ascendência mexicana. Tentando demonstrar grande intimidade e gosto pela cultura hispânica, ao se deparar com uma bandeja de pamonhas que circulava pelo ambiente, agarrou uma e deu uma dentada. Mordeu com a casca.

 

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Não é necessário dizer que aquele que entrou para o folclore das eleições norte-americanas como “o incidente da pamonha” foi parar nas capas dos principais jornais da época. E claro, quando Ford indicado pelos Republicanos, foi derrotado em sua campanha à reeleição pelo democrata Jimmy Carter, houve quem atribuísse parte da “culpa” à pamonha, pois teria prejudicado a comunicação com eleitorado hispânico. Naquela gafe foi cabalmente estampada a falta de intimidade de Ford com a culinária mexicana. Um atalho cognitivo, diria Samuel Popkin, que ajuda eleitores, sem a informação completa, a formar julgamento político sobre as candidaturas.

 

 

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Todos nós, em inúmeras situações de vida, nos valemos de atalhos cognitivos para tomar decisões: não conhecemos a doença, acatamos a autoridade médica para o tratamento; não sabemos resolver a pane elétrica, confiamos no técnico para o reparo. Na política não é diferente. Sem a informação completa das candidaturas, e sem estímulos para se dedicar longas horas numa pesquisa séria, quando o eleitor não tem referências pessoais das candidaturas ou indicações de terceiros em quem confia, tende a buscar outros atalhos cognitivos para decidir o voto, com o menor dispêndio de energia possível.

 

Debates são eventos de campanha. E na era digital, picotes dos debates servem à narrativa estratégica de cada candidatura. Mas há também a análise e a crítica aos debates, que circula aos leitores que não lhe assistiram. Tudo faz diferença, quando a distância entre as candidaturas é pequena. Na história das eleições brasileiras, candidatos que lideraram as corridas eleitorais com ampla folga se deram ao luxo de não comparecer a todos os debates. Assim foi com Fernando Collor de Mello, no primeiro turno em 1989; com Fernando Henrique Cardoso em 1994 e 1998; Lula no primeiro turno em 2006; Jair Bolsonaro, no primeiro turno em 2018. Mas a estratégia seguramente não é apropriada aos contextos em que não há amplo favoritismo. É o caso da sucessão à Prefeitura de Belo Horizonte.

 

Hoje é dia de debate na TV Alterosa. Candidatos estão preparados para apresentar propostas, discutir com adversários e responder aos ataques, se preciso for, com outra investida. O eleitor adora o teatro do enfrentamento. E se mordidas mal dadas são suficientes para informar o contexto, o que dirá de cadeiras vazias? Elas não respondem às provocações, mas dizem muito ao eleitor.

 

 

O democrata...

O vereador e ex-deputado estadual Antônio Pinheiro (PSB), falecido em 2021, será homenageado dando o nome à avenida, no bairro Itapuã, região da Pampulha, até então denominada General Olympio Mourão Filho. O Projeto de Lei 818/2023 foi aprovado ontem, em turno único, na Câmara Municipal de Belo Horizonte. Antônio Pinheiro teve uma trajetória marcada por sua militância em defesa de causas sociais, contra as violações de direitos humanos, além de ferrenho crítico aos mega-salários de agentes políticos e servidores públicos.


... e o golpista

Além de autor do Plano Cohen – documento de uma fantasiosa tomada de poder por comunistas, atribuído à Internacional Comunista, que em 1937 justificou o golpe para a implantação do Estado Novo no Brasil, o General Olympio Mourão Filho (1900-1972), também participou do Golpe de 64. Autonomeou-se “Comandante das “Forças em Operações da Defesa da Democracia”, segundo registra a historiadora Heloísa Starling, em “A máquina do golpe”. Mourão era então comandante da 4ª Região Militar e da 4ª Divisão de Infantaria do I Exército, sediada em Juiz de Fora. Precipitou o golpe ao movimentar as tropas em direção ao Rio de Janeiro com o propósito de derrubar o governo de João Goulart.


A volta do médico

O Primeiro suplente da Federação PT, PCdoB e PV, Hely Tarquínio (PV) está pronto para reassumir a cadeira, em seu oitavo mandato parlamentar, assumindo o posto de o mais longevo parlamentar da Assembleia Legislativa. Até então no exercício da atividade médica – ele é cirurgião em Patos de Minas –, Hely Tarquínio não tinha planos de retornar à política institucional. “Eu estava em minha rotina de casa para o consultório e do consultório para casa. Longe da política”, revela a esta coluna.


Posse

Hely Tarquínio soube da nomeação da deputada estadual Macaé Evaristo (PT) para o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania em telefonema do presidente da Assembleia, Tadeu Martins Leite (MDB), na segunda-feira pela manhã, quando a parlamentar se dirigiu a Brasília para encontro com o presidente Lula (PT). Tarquínio disse à coluna que na Assembleia irá retomar a sua trajetória de viés humanista, que tem no ser humano o principal objetivo da atividade política. A nomeação de Macaé já foi publicada no Diário Oficial da União (DOU). A cadeira está vaga e a posse de Hely Tarquínio pode ser agendada.


Fechada para campanha

Com o foco nas campanhas municipais – que são o elo de sustentação de suas próprias reeleições – os parlamentares mineiros ainda não estão mobilizados pela aprovação do Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag). Embora tenha sido aprovado regime de urgência na Casa, há quem aposte que vai ter votação só depois da apuração.