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Rio de Janeiro e Contagem são cidades em que o clássico cenário de governos municipais bem avaliados – expressos na experiência pessoal e rotina de relacionamento do eleitor com as gestões municipais – se sobrepõe, para a maioria do eleitorado, às ideologias pautadas em narrativas de comportamento.

 

 

Em se tratando de comportamento eleitoral, o relacionamento do eleitor com os governos locais é um dos mais poderosos preditores de voto, principalmente em contextos de reeleição. A avaliação de governos também são norte para o sistema: opera convergindo apoios. A perspectiva de poder exerce, de longe, a mais intensa força gravitacional sobre o ambiente político. O inverso de tal afirmativa é o popular ditado: “Cão danado, todos a ele”.

 

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Em Contagem, não à toa a prefeita Marília Campos (PT) reuniu em torno de sua reeleição 14 legendas, isolando o principal adversário, o bolsonarista e deputado federal licenciado, Cabo Junio Amaral (PL), restrito à aliança com o Novo. Já no Rio de Janeiro, o prefeito Eduardo Paes (PSD) atraiu ao seu entorno 12 legendas.

 

 

O seu principal concorrente, o bolsonarista Alexandre Ramagem (PL), carrega MDB e Republicanos. A diferença entre o primeiro e o segundo colocado, em Contagem e no Rio, segundo as mais recentes pesquisas de intenção de voto, é de cerca de 40 pontos percentuais. Até aqui, a promessa anunciada de algo como um “toque de Minas” de Jair Bolsonaro (PL) não se cumpriu.

 

 

Narrativas não expressam, necessariamente, realidades. Bolsonaro sabe disso. Só se lançará de corpo e alma sobre cavalos arreados e com possibilidade de vitória.

 

Assim se passa em São Paulo. Dali emerge o seu principal pesadelo, sintetizado em faixa estendida na Paulista: “Bolsonaro parou. Marçal começou. Pablo Marçal presidente do Brasil”. O recado foi dado. Marçal é a casca nova do empreendorismo, como ideologia; a boçalidade do político antissistema; do homem “violento”, “viril”, agarrado ao Velho Testamento e à perspectiva patriarcal “da mulher submissa”.

 

 

Hoje, Marçal atiça, mais do que Bolsonaro, as identidades de um público agarrado aos valores da extrema direita fundamentalista religiosa e “empreendedora”.

 

 

Marçal ainda não tem uma trajetória pessoal agarrada aos cargos políticos. Tampouco tem um clã para chamar de seu: três filhos – caminhando para o quarto – atuando na política representativa, uma mulher mantida com recursos partidários, um cunhado derrotado nas urnas ensaiando em cargos públicos, duas ex-mulheres e um irmão em diversas incursões frustradas por eleições.

 

 

É uma lista extensa. Nesse contraponto, Marçal empurrou Bolsonaro de volta ao sistema político, de onde nunca saiu, apesar da narrativa.

 

 

Até por compreender perfeitamente o que o ameaça, foi apenas ao final desta semana que Bolsonaro deixou o muro para entrar de forma incisiva na campanha à reeleição de Ricardo Nunes (MDB): a mais recente pesquisa Datafolha aponta para a tendência de esvaziamento de Marçal.

 

 

Segurar na mão de Nunes já não lhe parece uma aposta tão arriscada. E entre os milhares de pleitos país afora, tudo o que o ex-presidente precisa é um segundo turno entre Nunes e Boulos para retomar a narrativa de que “lidera” a extrema direita. Mas a caixa de Pandora foi aberta. Poderá não ser tão simples assim.

 

 

Alguns políticos que orbitam o clã Bolsonaro andam decepcionados. Descobriram que “toque de Midas”, não há. Dada a proximidade do eleitor com os problemas objetivos e imediatos de sua cidade, as eleições municipais são mais propícias para explicitar essa realidade, tantas vezes obscurecida em pleitos legislativos.

 

 

 

Personagem da mitologia grega, Midas, rei da Frígia, na Ásia Menor, teve concedido, pelo deus Dionísio, o seu desejo de transformar a tudo o que tocasse em ouro. Desgraçado por ter sido atendido, ao perceber que morreria por inanição – já que ouro não se come – apelou à divindade – e foi atendido – para que o “dom” fosse desfeito. Envolvendo-se, algum tempo depois numa disputa com o deus Apolo, o rei Midas não logrou o mesmo resultado: ganhou orelhas de burro, das quais, não se livraria jamais.

 

 

Largada

Foi dada a largada à sucessão, no âmbito do Ministério Público Estadual, do procurador-geral de Justiça, Jarbas Soares Júnior. Ontem, foi lançada a primeira candidatura, de Marcos Tofani, procurador de justiça titular da Procuradoria de Direitos Difusos e Coletivos.

 

 

Em vídeo aos colegas de classe, Tofani relatou a sua trajetória na instituição, iniciada em1993. Tofani tem o apoio de setores independentes do Ministério Público e do grupo de Antônio Sérgio Tonet, ex-procurador geral de Justiça.

 

 

Sondagem

Jarbas Soares Júnior vai anunciar, até sexta-feira desta semana, a quem hipotecará apoio nestas eleições internas. Até este momento, há três nomes sendo cogitados. O ex-procurador geral de Justiça, Carlos André Bittencourt, atualmente procurador-geral de Justiça Adjunto Institucional; o coordenador do Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente (Caoma), promotor Carlos Eduardo Ferreira Pinto; e o promotor Paulo de Tarso Morais Filho, chefe de gabinete da Procuradoria-Geral de Justiça.

 

 

Inscrições

As inscrições das candidaturas podem ser feitas até 18 de outubro. E a eleição para a formação da lista tríplice será em 18 de novembro. Cabe ao governador Romeu Zema (Novo), nomear o novo procurador-geral de Justiça.

 

 

Diálogos nórdicos

A embaixadora da Dinamarca no Brasil, Eva Pedersen, a embaixadora da Finlândia no Brasil, Johanna Karanko e o ministro conselheiro da Suécia no Brasil, Sten Engdahl estarão em Belo Horizonte nesta segunda-feira (16/9).

 

 

Além de se reunir com o governador Romeu Zema (Novo) e com secretários de saúde, desenvolvimento econômico e cultura, vão conversar com a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e representantes de empresas nórdicas que atuam em Minas.

 

 

Parceiro comercial

Minas Gerais é importante parceiro econômico para os países nórdicos. A empresa dinamarquesa Novo Nordisk tem sede em Montes Claros, onde está instalada a maior fábrica de insulina da América Latina. As principais empresas finlandesas com operações em Minas Gerais são Normet, de tecnologia, e Afry, de serviços de engenharia e consultoria.

 

 

Com quase 200 anos de relações com o Brasil, entre as empresas suecas com representação em Minas se destacam a Hexagon – líder global de tecnologia de softwares, a Epiroc e a Sandvik, ambas atuando no campo de equipamentos pesados de mineração.