Quanto maior for a audiência e o absurdo dito – seja a proposta exequível ou não –, maior será a exposição digital e parte disto será transferido para as urnas do candidato e também para o bolso -  (crédito: SORAIA PIVA/EM)

Quanto maior for a audiência e o absurdo dito – seja a proposta exequível ou não –, maior será a exposição digital e parte disto será transferido para as urnas do candidato e também para o bolso

crédito: SORAIA PIVA/EM

A sucessão municipal em São Paulo ganhou novo impacto. Físico, diga-se de passagem... Uma cadeirada televisiva de José Luiz Datena (PSDB) em Pablo Marçal (PRTB). O enfrentamento físico de dois candidatos havia sido ensaiado por duas vezes em debates anteriores. O provocador, Marçal, tanto fez que recebeu o que queria. A primeira vítima foi Guilherme Boulos (Psol) a quem acusava, sem prova ou evidência alguma, de ser consumidor de cocaína. Depois ficou esfregando a carteira de trabalho na cara do candidato. Tomou tantas multas e teve de ceder direito de resposta de Boulos, por determinação da Justiça Eleitoral, que decidiu criar caso noutra freguesia. A vítima da vez, passou a ser o tucano, que havia ameaçado partir para agressão em debate anterior. Desta vez fez o que prometeu.

 

Datena, a esta altura, nada mais tinha a perder: estava caindo nas pesquisas. Se o evento lhe dará novo fôlego, veremos. Para Marçal caiu como uma luva o entrevero: começava a patinar em seu pico do gráfico eleitoral, com a trupe bolsonarista em seus calcanhares. Se vai voltar a subir, veremos. Marçal vai fazendo o seu jogo. Foi para o hospital, vitimizou-se, comparou o evento à facada em Bolsonaro e ao tiro em Donald Trump.

 

A disputa eleitoral paulistana descamba para o teatro do absurdo, mas o principal culpado não está no palco. Os atores principais desta tragicomédia, que vai minando as eleições e a própria democracia, são os algoritmos do caos. Poder e dinheiro decorrem agora do número de curtidas e da condição de estrela nos dados das big techs. Aliás, “estrela” é nome ultrapassado. Melhor “influenciador digital”. Quanto maior for a audiência e o absurdo dito – seja a proposta exequível ou não –, maior será a exposição digital e parte disto será transferido para as urnas do candidato e também para o bolso, no caso de Marçal. Um pouco da responsabilidade disso recai nos eleitores, que ainda não têm a maturidade política necessária para separar o joio do trigo e parar de comprar “influenciadores digitais” como solução de seus problemas.

 

O consumidor de “quinquilharias”, vítima de “coachs” como Marçal, são os mesmos que transferem dinheiro de seus bolsos para os de pastores que pregam pensando só nisso. Esses vendedores de ilusões ganham a vida com o suor alheio. Uma sociedade que entroniza “bezerros de ouro”, padece pela queda destes sobre as suas cabeças. Nesse sentido, deve-se fazer um elogio parcial à eleição em Belo Horizonte. Aqui, até agora, não tivemos aberração equivalente. Apesar de termos uma campanha modorrenta, existe uma plêiade de candidaturas com qualificação em suas atividades para talvez, gerir bem a Prefeitura de Belo Horizonte. Não todos, é verdade, mas alguns têm qualificação e trajetória para isso. Nesse ritmo, podem ser que não ganhem, mas pelo momento, a disputa na capital mineira não gerou nenhum Pablo, tenha Escobar ou Marçal em seu sobrenome.

 

Outro aspecto a considerar é a atuação das instituições que regulam as eleições. Se os tribunais e nossas cortes não contiverem candidaturas que desrespeitam repetidas vezes as suas decisões, após repetidas penalidades aplicadas, estaremos imersos num vale tudo, que vai fazer a cadeirada de domingo parecer brincadeira de criança. Este país que produziu a Lei da Ficha Limpa, parece ir de um extremo ao outro. Se passarmos a ideia de que o crime compensa em breve veremos que o pesadelo de 8 de Janeiro foi só um ensaio: os criminosos unidos, jamais serão vencidos. O Pablo de amanhã poderá ser o Escobar de tempos atrás.

 


Promessa não cumprida


Embora tenha assumido compromisso com a direção nacional do PT, de fortalecer as candidaturas do PT em Natal, Manaus, Cuiabá, Porto Alegre e Belo Horizonte, o presidente Lula (PT), até agora, não se mexeu.

 

Primos


Em campanha, ao lado do prefeito Fuad Noman (PSD), no Aglomerado da Serra neste fim de semana, o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD) usou suspensórios. Na sequência, foi se encontrar com o candidato a vereador Pedro Rousseff (PT), sobrinho da ex-presidente Dilma. Trocou de camisa para a foto. Silveira é primo de segundo grau de Pedro Rousseff.

 

 

Bolsa de apostas


Com trânsito livre no Palácio do Planalto, na hipótese de o presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD) não desejar concorrer ao governo de Minas em 2026, o nome mais provável, da preferência de Lula, seria o de Alexandre Silveira.

 

 

Corrida


Em Minas, a sucessão de Romeu Zema (Novo) já se delineia. O senador Cleitinho (Republicanos) é o nome da preferência de Jair Bolsonaro. Deverá filiar-se ao PL. O vice-governador Matheus Simões (Novo) será o candidato do governador Romeu Zema (Novo). Pelo Republicanos, o ex-prefeito Alexandre Kalil será o nome.

 

 

Posse


A posse do deputado estadual Hely Tarquínio (PV), será nesta terça-feira (17/9). Primeiro suplente da Federação PT-PCdo-PV, Tarquínio assume a cadeira aberta pela nomeação de Macaé Evaristo (PT) para o Ministério de Direitos Humanos e Cidadania.

 

Trajetórias interrompidas


Ao iniciar as comemorações de seu primeiro centenário, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) vai diplomar, em sessão solene no próximo 24, os estudantes que perderam a vida na luta contra o golpe de 1964 – que completa 60 anos – e pela restauração da democracia no Brasil. São eles Gildo Macedo Lacerda (1949-1973), Idalísio Soares Aranha Filho (1947-1972), Walkiria Afonso Costa (1947-1972) e José Carlos Novaes da Mata Machado (1946-1973).

 

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Exonerados e perseguidos


A UFMG também vai homenagear membros da comunidade exonerados a mando da ditadura militar: professor Marcos Magalhães Rubinger, da Faculdade de Ciências Econômicas, em 1966; Irany Campos, laboratorista da Faculdade de Medicina, afastado em 1970; Elza Pereira, do Laboratório Central, demitida e desligada como aluna em 1969; e o professor João Batista dos Mares Guia, do departamento de Sociologia e Antropologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich), impedido de assumir em 1977.