Muitas eleições a caminho e ainda maiores arestas. Este é o balanço político previsível para o relacionamento entre o governador Romeu Zema (Novo) e a Assembleia Legislativa após os pleitos municipais. Metendo a colher na sopa de grandes, médias e pequenas cidades em que deputados estaduais aliados se enfrentam pelo governo local, Zema precisará lidar com ressentimentos pessoais dos derrotados em suas bases. Perder a eleição de uma prefeitura de seu território político não é pouca coisa para um parlamentar. Ali estão os fundamentos que ditam a vida ou a morte da carreira: em 2024 se definem as chances de sucesso das candidaturas às reeleições em 2026.

 

 

Em Belo Horizonte, o governador apoia o deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos). Desagradou ao bolsonarista candidato à PBH Bruno Engler (PL) e ao deputado estadual Cássio Soares (PSD), articulador da reeleição do prefeito Fuad Noman (PSD). Em Governador Valadares, a pedido do deputado Enes Cândido (Republicanos), Zema sustenta a candidatura de Renato Samaritano (Republicanos), deixando a ver navios o deputado estadual Coronel Sandro (PL), que também concorre ao cargo e está na base do Executivo. Já em Juiz de Fora, o governador dá sustentação à deputada federal Ione (Avante), desagradando à deputada estadual delegada Sheila (PL), esposa do candidato bolsonarista Charlles Evangelista (PL).

 

Nesses três grandes colégios eleitorais do estado, Zema registra um afastamento estratégico das candidaturas bolsonaristas “raiz”. Quer estar próximo para se beneficiar do apoio da extrema direita, mas nem tanto para não ser contaminado pelo desatino extremado. Em diversas outras cidades, contudo, o governador pinçou lados na polarização local – que nem sempre reproduzem o retrato da nacional – irritando alguns aliados da direita moderada na Assembleia. Em Crucilândia, município de 5.150 eleitores a 124km de Belo Horizonte, Zema está com a candidatura de Guilherme do Celso (Novo) desagradando ao deputado estadual Tito Torres (PSDB), que promove Elizangela (Solidariedade) à prefeitura municipal. Já em Araguari, no Triângulo Mineiro, cidade de 91.537 eleitores, o governador deu as costas para o deputado estadual Raul Belém (Cidadania), cuja irmã, Maria Belém (PP), é candidata ao governo local. Lá, Zema apoia Renato Carvalho (Republicanos), candidato do deputado estadual Doorgal Andrada (PRD).

 

 

Deputados costumam dar um boi para não entrar numa briga, e, em se tratando de governadores aliados, entregam a boiada para sair rapidamente dela. Mesmo na era das emendas parlamentares e do orçamento impositivo, sabem que quando se mantêm próximos ao caixa do governo, arrebanham mais projetos e benefícios para as suas bases. Além disso, a cada nova votação polêmica, conseguem dobrar a aposta para carrear mais investimentos aos seus territórios políticos. Mas deputados raramente têm pressa. Sabem que assim como uma derrota imposta por um aliado não se esquece, estão convictos de que o troco vem a cavalo. Não à toa, aborrecidos com o envolvimento do governador em algumas cidades, gostam de contar a história dos caçadores de macacos. No passado, usavam cumbucas presas por correntes, com uma banana dentro, para capturá-los. A pequena abertura da jarra seria suficiente para a passagem dos dedos do animal. Porém, ao agarrar a banana, viam-se com a mão entalada. Coisa de macacos novos, garantem os parlamentares aliados.

 

Cenário devastador

 


Caneta de insulina sem refrigeração. Bolsa de colostomia sem troca. Cânula de traqueostomia limpa com caneta Bic. Medicamentos com a data de validade cortada. Essas são algumas das situações de um cenário descrito como “devastador” pelo Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) em visitas realizadas na Penitenciária José Edson Cavalieri e na unidade Ariosvaldo Campos Pires, ambas em Juiz de Fora, na Penitenciária Feminina Estevão Pinto, em Belo Horizonte; e na Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves. Um relatório está sendo produzido com as informações.

 




Denúncias


As informações foram prestadas por Edna Jabotá, representante do Conselho Nacional de Direitos Humanos, em reunião da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa. As visitas foram motivadas por várias denúncias, inclusive da própria comissão. Segundo Jatobá, as situações presenciadas são “revoltantes e inconstitucionais”, entre elas, superlotação, maus-tratos, falta de acesso a higiene, marcas de tortura e alimentação inadequada, além de tuberculosos sem isolamento e sem máscara.


Expectativa


As negociações pela repactuação do acordo de reparação da barragem de Mariana estão avançadas, segundo anunciou a mineradora Vale em comunicado ao mercado. Embora o acordo definitivo não tenha sido alcançado um acordo definitivo, a empresa tem expectativa de chegar ao final do processo de mediação em outubro. Participam da negociação, além da Vale, representantes das empresas BHP Billiton e Samarco, dos governos de Minas, Espírito Santo e da União, Ministério Público Federal e ministérios públicos estaduais.


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Minutos antes do debate da TV Alterosa, nesta quarta-feira, enquanto candidatos aguardavam o chamado para entrar no estúdio, Rogério Correia (PT) foi perguntado pelo assessor de outro candidato, em tom de troça, se ele não pensa em apresentar o “Balanço Geral”, caso Mauro Tramonte (Republicanos) seja eleito. O petista riu e disse que não pensava nisso. Mas que cogitava virar narrador esportivo. Xará na área, já tem. (Thiago Bonna)

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