Se candidatos a prefeito ainda estão lutando, em Belo Horizonte, para levar o seu nome ao eleitorado de massa, 874 candidatos a vereador, entre os quais há 40 candidaturas à reeleição, lutam por visibilidade. São 28 minutos diários em inserções, distribuídos proporcionalmente pelo peso de cada bancada federal, o que torna segundos de fama um mecanismo mais destinado a reavivar a memória de eleitores que já conhecem candidatos do que propriamente apresentá-los. Se reter na memória a sucessão de nomes é tarefa da ordem do impossível, por seu turno, destacar-se é obra do teatro dos absurdos: haja cadeiradas.
De qualquer forma, vereadores que concorrem à reeleição saem em ampla dianteira. Ao longo do mandato, contam, anualmente, com R$ 4,2 milhões em emendas impositivas para distribuírem às suas bases. Além disso, têm a estrutura de gabinete que, se formalmente não participam da campanha por impedimento legal, fora dos horários são os maiores interessados na reeleição de seu candidato. Com esses recursos, têm facilidade para manter a base eleitoral do último pleito, indo além, aspiram a ampliá-la. Todos os vereadores que trabalham pela reeleição miram na votação mínima de seis mil votos – aproximadamente 20% do quociente eleitoral esperado para Belo Horizonte. Mas muitos parlamentares estão conscientes de que dificilmente alcançarão esse patamar: em 2020, 25 dos 41 vereadores conquistaram tal votação, e apenas 20 tiveram mais de 6 mil votos.
Seis mil é um número “mágico” porque estratégico no contexto das eleições proporcionais na capital mineira. Vinte e uma chapas brigam pelas 41 cadeiras, que serão distribuídas em três rodadas. Na primeira rodada, vigora o quociente partidário. Em 2020, foram eleitos por quociente partidário 23 dos 41 vereadores. Nesta eleição, a segunda rodada da distribuição de vagas vem sendo chamada pelos vereadores de distritão: só participarão candidaturas com votação individual estimada entre 5.800 e 6 mil votos, pois, para concorrer, os candidatos precisam alcançar o mínimo de 20% do quociente eleitoral, que deverá ficar entre 29 e 30 mil votos. Nessa segunda rodada, especialistas estimam que muito provavelmente será preenchida a maior parte das vagas remanescentes. Para a terceira rodada, se houver, segue valendo a regra do sistema de médias, que exige apenas que a candidatura tenha alcançado 10% do quociente eleitoral.
Teto de gastos
O deputado estadual Hely Tarqüínio (PV) tomou posse nesta terça-feira, assumindo a cadeira de Macaé Evaristo (PT), agora ministra dos Direitos Humanos e Cidadania. Marcou posição: criticou o Decreto 48.886, de 28 de agosto, que instituiu o teto de gastos para despesas anuais do estado. Segundo o parlamentar, decretos destinam-se a regulamentar leis, não modificar o teto dos vencimentos do funcionalismo. Posse concorrida, foi acompanhada por Agostinho Patrus, ex-presidente da Assembleia Legislativa, atualmente conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Países nórdicos
Em sua primeira missão conjunta a Minas Gerais no governo Romeu Zema (Novo), as embaixadoras da Dinamarca, Eva Pedersen, da Finlândia, Johanna Karanko e o ministro conselheiro da Suécia no Brasil, Sten Engdahl convidaram o governador mineiro para visita aos países nórdicos. É sólido o relacionamento desses países com o Brasil – a Suécia, por exemplo, em dois anos completará o bicentenário das relações bilaterais. Entre os investimentos no campo da mineração, maquinário, tecnologia e saúde, destaca-se em Montes Claros a planta da dinamarquesa Novo Nordisk, que responde pela produção de 13% da insulina global, gera no estado 7.300 empregos diretos e indiretos e um faturamento de R$ 1 bilhão/ano.
Café
O café lidera o ranking das exportações de Minas para a Suécia e Finlândia, respondendo, respectivamente, por US$ 117 milhões e US$ 65 milhões. No conjunto das exportações brasileiras para esses dois países, nessa ordem, de US$ 125,58 milhões e US$ 67,84 milhões, 15,45% e 11,65% são originárias de Minas Gerais. Para a Dinamarca, medicamentos embalados comandam a pauta das exportações mineiras (US$ 58,4 milhões) seguido pelo café (US$ 12,10 milhões). De tudo o que é exportado no país para a Dinamarca – US$ 91,36 milhões –, 16% são de Minas Gerais.
Peter Lund
Eva Pedersen afirma haver interesse e disposição da Dinamarca em renovar, com Minas Gerais, o contrato já vencido de comodato de 82 fósseis expostos no Museu Peter Lund, em Lagoa Santa. As peças foram descobertas pelo naturalista dinamarquês Peter Lund, e emprestadas pelo Museu da Dinamarca, em 2012. Igor Tameirão, superintendente de Relação Nacional e Internacional da Casa Civil, afirmou à coluna que o caso está próximo de uma solução: os fósseis estão sendo recatalogados por paleontólogo, porque parte do acervo chegou a Minas Gerais depois da assinatura do contrato.
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Repatriação
Se por um lado não haverá dificuldades diplomáticas para renovar o contrato de comodato com a Dinamarca para a manutenção dos fósseis no Museu Peter Lund, por outro, é mais complexo o tema da repatriação do acervo com mais de 12 mil peças, enviado por Peter Lund, no século 19 à Dinamarca. A embaixadora Eva Pedersen considerou não ter conhecimento de uma solicitação formal do governo brasileiro ao governo dinamarquês ou do Museu de História Natural do Brasil dirigido ao Museu de História Natural da Dinamarca.