Quatro terremotos abalaram o mundo digital recentemente. Desde o lançamento de Edward Snowden, não se vê tanta movimentação. “Eterna vigilância. Como montei e desvendei o maior sistema de espionagem do mundo” (Editora Planeta) foi publicado em 2013, quando foi divulgado que o governo norte-americano estaria bisbilhotando e-mails e mensagens de internet mundo afora, inclusive de seus próprios cidadãos. Snowden se rebelou. De 2013 para cá, muita água rolou sob a ponte na geopolítica global, e todas as correntes passaram pelas veias do mundo digital.

 

 

Há três semanas, o primeiro terremoto veio de Paris: a prisão de Pavel Durov Ceo do Telegram, uma plataforma russa, ultrapoderosa, que tem se rivalizado com as ocidentais. O chamado “Ocidente Coletivo” tão cioso da “liberdade de expressão”, fazia algo que sempre condenara. Mais futurístico, o segundo terremoto veio da China, com o anúncio da Corporação de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (CASC) de que vai acelerar a sua produção de foguetes reutilizáveis, abrindo concorrência direta com os sistemas de trânsito de informações via satélites. O governo chinês vai usar startups e estatais para acelerar a sua produção, com lançamentos programados para o início de 2025.

 

O terceiro terremoto foi local: a suspensão do X no Brasil. Nesta semana, um grupo de 50 acadêmicos e intelectuais de países como Argentina, França, EUA, Austrália, Reino Unido, Espanha, Suíça e Itália, solidarizando-se com o Brasil e o Supremo Tribunal Federal (STF) por suas posições contra as empresas de Musk. Entre os pensadores que firmaram o documento estão os economistas franceses Gabriel Zucman, Julia Cagé e Thomas Piketty; a filósofa e professora emérita da Harvard Business School Shoshana Zuboff; o ex-ministro da Economia da Argentina Martín Guzmán ; e o professor do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) Daron Acemoglu.

 

O quarto terremoto aconteceu nessa terça-feira, com a morte de nove militantes do Hezbollah e inúmeros feridos no Líbano, em ataque personalizado de explosão de baterias de pagers de supostos militantes. As explosões coordenadas de pagers foram provocadas por explosivos implantados previamente por Israel nos equipamentos, segundo o jornal "The New York Times".

 

Tudo isto deveria colocar na ordem do dia a questão da soberania e da segurança digital no Brasil. O governo federal e demais níveis de governo deveriam urgentemente se preocupar com os canais do mundo digital, onde correm os dados de nossas pesquisas científicas, nossos dados pessoais, como são manipulados e por quem, nossos segredos de estado e segredos empresariais, etc, etc, etc. Todo um fluxo de informação que vai e volta por redes, pode e está sujeito ao conhecimento de outros. Os efeitos das “guerras digitais” já conhecemos, desde 8 de janeiro. E o governo federal, alvo daquela vez, o que fez para mudar a situação? Aparentemente nada.

 

A situação é tão crítica que Ricardo Cappelli, atualmente Presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, em entrevista no último 06 de setembro, informou que o governo pensava em criar um sistema mensageiro exclusivo, de origem brasileira, para conversas estratégicas entre membros dos Três Poderes. No momento em que a morte personalizada é executada remotamente, o nosso governo pensa em criar, para autoridades da República, um sistema de mensagens que seja seguro. Tal é o grau de atraso em que vivemos. Para quem passou pelos anos Bolsonaro, com a entrega sem reserva de nossos dados, parece uma melhora. Mas para quem já viveu 8 de Janeiro, é muito pouco. Com a palavra o governo Lula e o Congresso Nacional. Ouçam...

 

 



 

Centro de distribuição

A sueca H&M, varejista de moda com operações em mais de 70 países, que atua no segmento de fast fashion, planeja instalar um centro de distribuição em Minas Gerais. O tema foi tratado por Sten Engdahl, ministro conselheiro da Embaixada da Suécia, em encontro com o governador Romeu Zema (Novo), nesta terça-feira. A H&M já anunciou que irá abrir lojas físicas e um e-commerce no Brasil em 2025. O lançamento da empresa no país acontece em um momento em que a rede de fast fashion busca acelerar sua expansão em todo o continente americano, em especial na América do Sul. A marca de roupas abriu a sua primeira loja na América Latina em 2012, no México. Atualmente a empresa está presente no Peru, Uruguai, Chile, Colômbia, Equador, Guatemala, Panamá e Costa Rica.

 

 

O MDB lá...

Depois da relutância inicial, mas pressionado pelo fator Pablo Marçal, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), parte para o abraço ao bolsonarismo. Adota a retórica contra o “comunismo”, defendeu anistia para os presos pela vandalização da praça dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023, criticou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, para não mencionar que as declarações foram dadas ao jornalista bolsonarista Paulo Figueiredo, que se diz “exilado” nos Estados Unidos.


... e o MDB cá

Em Belo Horizonte, o candidato do MDB, Gabriel Azevedo, quer distância de Jair Bolsonaro e de Lula. Chamando de “puxa-saco” Bruno Engler (PL), o candidato à PBH apoiado por Bolsonaro, disparou em debate da Alterosa: “Sabe o que dizem de você nos bastidores? Que você é uma pessoa que baba. Que não sabe nada. Completamente desprovido de conhecimento e capacidade de governar”. O MDB são muitos.

 

 

Ferrovias

O presidente da Assembleia Legislativa, Tadeu Martins Leite (MDB), se reuniu ontem com o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB). Entre os temas da pauta, a renovação antecipada da concessão da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA): a minuta da renovação de concessão não prevê trecho de Corinto ao Porto de Aratu, na Bahia, essencial para o escoamento da produção do Estado. O trecho Corinto – Porto de Aratu é operado pela VLI Logística, controladora da Ferrovia Centro-Atlântica, detentora da concessão.

 

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Audiência

Por requerimento da deputada estadual Ione Pinheiro (União), o tema foi debatido em audiência pública na Assembleia Legislativa. A parlamentar foi quem primeiro antecipou o problema, após examinar minuta do contrato de renovação antecipada, publicada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) em agosto passado. O documento informa que a empresa não irá mais operar o trecho a partir de setembro de 2026. A economia mineira seria negativamente impactada, afetando empresas do porte da RHI Magnesita, líder mundial na fabricação de refratários, que poderia ter sua continuidade operacional em Contagem inviabilizada.

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