A dezessete dias das eleições, três candidaturas concorrem ao segundo turno na disputa à Prefeitura de Belo Horizonte: o deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos), o prefeito Fuad Noman (PSD) e o deputado estadual Bruno Engler (PL). Fuad e Engler – que concentram juntos pouco mais da metade do horário de antena – estão em situação de empate técnico, ambos protagonizando uma arrancada após o início da propaganda gratuita de rádio e televisão.

 

Com pequenas oscilações para mais ou para menos - com menor acesso ao horário de antena -, Tramonte vem mantendo a liderança, com uma distância que, a depender do instituto, varia entre 8 e 10 pontos percentuais. Nenhum dos três está em zona de conforto. Segue a indefinição em relação a quem estará no segundo turno.

 


Algumas tendências, contudo, tendem a maior nitidez. Na esquerda, as candidaturas de Duda Salabert (PDT) e de Rogério Correia (PT), em princípio dividiram a base, inviabilizando que uma delas alcançasse o segundo turno. Sem uma liderança com autoridade para fazer a mediação entre Duda e Rogério Correia, em Belo Horizonte, ambos aceleram os seus carros, que corriam um em direção ao outro, na expectativa de que o lado oposto freasse e evitasse o choque. Isso não aconteceu. Agora, as duas candidaturas sofrem os efeitos perversos de projeções eleitorais, naturais entre eleitores que podem optar por um tertius, para derrotar aquele que rejeitam profundamente. Dando nomes à situação: Duda e Rogério em oscilações negativas podem estar sugerindo uma tendência de queda ao eleitor ideológico, que prospecta eventual migração para a candidatura de Fuad Noman. Por esse raciocínio, o atual prefeito teria mais chance de chegar ao segundo turno seja para lá enfrentar Bruno Engler; seja para desbancá-lo da disputa.

 

É no contexto desse cenário que o presidente Lula (PT) dificilmente virá a Belo Horizonte no primeiro turno da sucessão municipal. Em recado nítido aos seus aliados de federação e de partido, Lula já havia orientado para que evitassem ataques frontais aos postulantes que estão no campo de articulação política do governo federal. O recado é principalmente para Belo Horizonte. Fuad, do PSD, legenda que está na base e no primeiro escalão do Planalto, foi apoiador de Lula nas eleições presidenciais de 2022. É sempre bem recebido no Planalto e tem sido atendido em seus pleitos para a cidade. Para Lula, Fuad no segundo turno não seria problema, seria solução. Para quem passou do ponto no tom das críticas – e há quem considere que assim o fez Duda Salabert –, restará sempre a opção de Ciro Gomes (PDT), além do aprendizado: uma andorinha não faz verão; política é a única atividade humana que não se faz sozinho.

 



 

Manterrupting

O ministro Gurgel de Faria, do Superior Tribunal de Justiça (STF), abandonou a sessão de julgamento da Primeira Turma do STJ, especializada em direito público, após se sentir contrariado pela ministra Regina Helena Costa. A ministra foi interrompida várias vezes por Gurgel quando tentava ler o seu voto a respeito de um recurso sob sua relatoria. O caso ocorreu nesta terça-feira.

 

Carrega a bola


Alegando que o relatório de Regina Helena já havia sido lido pelos integrantes do colegiado, o ministro questionou a motivação para a leitura do voto. A ministra ressaltou que queria dar ao público o conhecimento. A sessão era transmitida pelo STJ em seu canal no Youtube. “Mas que público, ministra Regina?”, protestou Gurgel, diante do silêncio dos demais homens presentes. O ministro então pediu licença ao presidente da Primeira Turma e abandonou o plenário. Das 33 vagas da Corte, apenas cinco são ocupadas por mulheres.

 

 

Segundo turno


“Se não chegar ao segundo turno, o PT deverá apoiar qualquer candidato que esteja enfrentando a extrema direita”. A avaliação é de Pedro Rousseff (PT), candidato a vereador pela legenda, que mantém intensa campanha nas mídias digitais e é uma das grandes apostas da legenda. “Quem assim não faz está mais preocupado com projeto pessoal do que com o futuro do país”, acrescenta.


Maxacalis

Todos os cartazes afixados nas seções eleitorais instaladas nas aldeias Maxakali, em Bertópolis e Santa Helena de Minas, no Vale do Mucuri, serão escritos, pela primeira vez, na língua Maxakali. A ação da Justiça Eleitoral de Minas é um passo importante para ampliar a inclusão e participação dos indígenas no processo eleitoral. Na terra indígena Água Boa, em Santa Helena de Minas, também são duas seções eleitorais, com 564 indígenas aptos a votar.

 

Acesso

As ações fazem parte do projeto “Democracia, Cidadania e Justiça”, criado em 2021 pelo então juiz titular da 4ª zona eleitoral, Matheus Moura Matias Miranda. A iniciativa, a única do Brasil incluída no relatório “Embracing Innovation in Government: Global Trends 2023”, já recebeu diversos prêmios internacionais, entre eles, o da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

 

 

Direito de ir e vir


Para impedir que, assim como ocorreu em 2022, voltem a ocorrer bloqueios nas estradas que dificultem o acesso das eleitoras e eleitores aos locais de votação, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e Ministério da Justiça e Segurança Pública editaram portaria conjunta com regras específicas para a atuação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em 6 e em 27 de outubro, datas do 1º e 2º turno das eleições municipais de 2024. A PRF é subordinada ao Ministério da Justiça. A portaria foi assinada pela presidente do TSE, ministra Cármen Lúcia e pelo ministro Ricardo Lewandowski.

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