Não apenas em Belo Horizonte, mas em outras cinco capitais em que disputou neste domingo o segundo turno, o PL encontrou dificuldade em expandir a votação do primeiro turno. Assim como na capital mineira, num contexto de pulverização da disputa entre muitos nomes, os candidatos de extrema direita conseguiram na pauta de costumes e na narrativa antissistema a tração sobre um nicho cativo de eleitores para chegar ao segundo turno. Mas, uma vez lá, as candidaturas de extrema direita expandiram em média 30% a base eleitoral. Os adversários, em média, dobraram.
Entre as oito capitais onde disputou neste domingo o segundo turno, o PL venceu em duas. Mas o partido perdeu, além de Belo Horizonte, em Goiânia, Palmas, Belém, João Pessoa e em Fortaleza. Por seu turno, legendas da direita “light” pragmática – como o PSD e o MDB – disputaram em cinco capitais, entre as quais Belo Horizonte e Curitiba, alcançando 100% de sucesso. No balanço geral das novas administrações eleitas, PSD e MDB são as legendas vitoriosas, liderando o ranking das prefeituras conquistadas, respectivamente, de 887 e 856 municípios. PP e União, também partidos da direita pragmática, estão na terceira e quarta posições, com 745 e 583 prefeitos eleitos.
Na quinta posição, o PL, com 515 cidades – teve grande crescimento em relação a 2020, quando conquistou 351. Tal expansão resulta da filiação de Jair Bolsonaro em 2021, o que convergiu para a legenda as lideranças de extrema direita, antes espalhadas por diversos partidos políticos. Ainda assim, hoje convivem no PL os bolsonaristas raiz com a direita de viés pragmático, comandada pelo presidente Valdemar da Costa Neto. Nas cidades em que Costa Neto conduziu a política de alianças, o PL compôs com partidos da direita pragmática. Em outras cidades, como São Paulo, em que Tarcísio de Freitas (Republicanos) assumiu a formatação da coligação de Ricardo Nunes (MDB), o PL foi absorvido e indicou o vice.
Se em São Paulo Tarcísio de Freitas se fortalece sem confrontar abertamente Bolsonaro, em Curitiba e em Goiania, o ex-presidente desafiou frontalmente os governadores Ratinho Júnior (PSD) e Ronaldo Caiado (União), e perdeu a disputa nas duas capitais. O ex-presidente atuou para enfraquecer potenciais candidaturas ao Planalto que estão no campo da direita, mas orbitando a extrema direita, em estratégia para assegurar a própria liderança. Bolsonaro aposta que reverterá a sua inelegibilidade.
Os resultados em segundo turno mostram as limitações da extrema direita, quando se trata de, no plano municipal, radicalizar o discurso em disputas majoritárias. E ainda que a narrativa antissistema cative o eleitorado jovem, frustrado com as promessas não cumpridas pela democracia, tal discurso cansa o eleitor mais arguto: o PL é a legenda que mais recebeu recursos do fundo eleitoral – R$ 886,8 milhões, o equivalente a 17,87% do volume previsto para as campanhas. A Bruno Engler, o PL destinou R$ 21 milhões. Portanto, foi uma candidatura financiada pelo sistema que Engler chamou, no domingo passado, de “podre”, “corrupto” e “canalha”.
No geral, o eleitor brasileiro optou por premiar prefeitos que fizeram gestões razoáveis: 80% que concorreram ao segundo mandato foram reeleitos. Aí vai uma avaliação de serviços prestados à população, que, sobretudo em cidades pequenas, são potencializados pela força das emendas parlamentares impositivas. Nesse quesito, de novo, parlamentares do PL – a maior bancada – lideraram as liberações que o “sistema” lhes proporciona. E, claro, se as emendas de parlamentares ajudaram a impulsionar administrações em 2024, em 2026 prefeitos tratarão de retribuir ajudando na reeleição de deputados. Esse é o sistema, com o PL e tudo.
Só em 2026
Os suplentes dos dois primeiros deputados estaduais que serão indicados para o Tribunal de Contas do Estado (TCE) nas vagas dos conselheiros aposentados Doutor Viana e Wanderley Ávila só irão indicar emendas na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2026. É que antes da votação da LOA de 2025 não irá acontecer a eleição interna para a escolha dos deputados estaduais. O mais provável é que as votações só ocorram após a eleição para a presidência da Assembleia, em fevereiro de 2025, quando é esperada a recondução de Tadeu Martins Leite (MDB) à presidência.
Candidaturas
O deputado estadual Alencar da Silveira (PDT) é candidato à primeira vaga do TCE e está em campanha. A deputada estadual Ione Pinheiro (União) é nome forte para a segunda vaga – que será preenchida simultaneamente –, inclusive poderá escrever história, tornando-se a primeira mulher conselheira do estado. Para a terceira vaga, do conselheiro Mauri Torres – que vai se aposentar em abril de 2025 –, estão na fila o filho dele, deputado estadual Tito Torres (PSD), e o deputado Thiago Cota (PDT). O cargo também interessa ao secretário de Governo, Gustavo Valadares (PMN).
Mais um
Outro que irá se aposentar no TCE é o conselheiro Cláudio Terrão. Mas, no caso dele, a vaga é indicada pelo Ministério Público de Contas. Terrão será homenageado nesta quarta-feira, pela Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia, com a entrega de diploma com voto de congratulações pelos serviços prestados à educação mineira. A homenagem conferida pela deputada Beatriz Cerqueira (PT) coincide com a última sessão de Cláudio Terrão como conselheiro do TCE. A parlamentar destaca a atuação do conselheiro na fiscalização e na defesa de investimentos na educação.
Propag
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), informou a Rodrigo Pacheco (PSD), presidente do Congresso Nacional, que na primeira semana de novembro vai começar a trabalhar pela aprovação do Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag). De autoria de Pacheco, a matéria apresenta alternativas mais vantajosas aos estados para a repactuação das dívidas com a União.
Batalhas das emendas
Secretários de estado que são deputados e os deputados que assumiram a cadeira do titular precisarão entrar em acordo em relação à destinação das emendas impositivas ao orçamento do estado de 2025. Ou o deputado suplente inclui as emendas indicadas pelo secretário ou o secretário precisará pedir licença do cargo para retornar à Assembleia na data de apresentação das emendas. Cada parlamentar tem R$ 23,9 milhões em emendas individuais mais a cota individual de R$ 4,3 milhões das emendas destinadas a cada bloco. No total: R$ 28,2 milhões.
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Suplência
Amanda Teixeira Dias (PL) é suplente de Alê Portela (PL), que em maio deste ano assumiu a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese). Portela poderá se licenciar da pasta para apresentar as suas emendas, caso Amanda Teixeira Dias não se disponha a fazê-lo para a secretária. O mesmo vale para João Junior (PMN), suplente de Gustavo Valadares (PMN), secretário de estado de Governo. Amanda Teixeira Dias irá assumir a cadeira de deputada em definitivo com a renúncia de Coronel Sandro (PL), que tomará posse como prefeito de Governador Valadares.