O secretário de estado da Casa Civil, Marcelo Aro (PP), é profissional da política e mandou um recado a Fuad Noman (PSD). No momento em que o prefeito reeleito ainda lutava para vencer o segundo turno, Aro se colocava à frente da articulação para a eleição da presidência da Câmara Municipal. Reunidos em jantar na segunda-feira, Aro apresentou em vídeo impressionantes 23 parlamentares, entre novatos e reeleitos, que hipotecaram respaldo ao vice-presidente da Câmara, Juliano Lopes (Podemos), candidato do grupo para a presidência da Câmara.
Além dos oito vereadores da bancada não institucional denominada “Família Aro”, o secretário de estado da Casa Civil apresentou quem são os outros nove parlamentares, com os quais colaborou em diferentes momentos das respectivas trajetórias. A esse grupo Aro agregou a bancada do PL de seis, que é natural que seja de oposição a Fuad, segundo anunciou Bruno Engler em seu pronunciamento após os resultados. Cartas na mesa, no frigir dos ovos, Marcelo Aro apresentou em vídeo a sua maioria consolidada, mais do que necessária para a eleição da presidência da Câmara Municipal de Belo Horizonte.
O prefeito Fuad Noman, atribulado que anda no contexto político da reeleição – neste segundo turno reuniu em seu apoio 13 partidos políticos da direita à esquerda –, está em silêncio sobre sucessão da Mesa Diretora. Não é a sua prioridade. Neste momento, está empenhado em aprovar o projeto de reforma administrativa, enviado ontem à Câmara Municipal, que lastreará o seu novo governo, desafiado a responder demandas diversas, sobretudo no campo da mobilidade, do combate à fome e do atendimento público à saúde.
Fuad sabe que o cenário político legislativo que a ele se apresentará em 2026 é muito distinto daquele encontrado em seu primeiro ano de governo. A começar pelo fato de que Gabriel Azevedo (MDB), atual presidente da Câmara Municipal, eleito para presidir a Mesa em dezembro de 2022 com o apoio de Marcelo Aro e dos vereadores de sua “bancada família”, já não estará mais em cargo público em 31 de dezembro. Nesse sentido, Gabriel não estará no jogo da sucessão da Mesa. Se em 2022, depois de eleito presidente, Gabriel seguiu em oposição a Fuad, criando dificuldades à gestão, tais dificuldades levaram Aro ao governo, com a promessa ao prefeito de estabilidade política e governabilidade.
Ao aderir ao governo Fuad e indicar secretarias e cargos, Aro causou desconforto ao “PSD de Brasília” – leia-se Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia, e Rodrigo Pacheco, presidente do Congresso Nacional. E desagradou a ambos por uma questão política: em 2026, o mais provável é que o projeto político de Marcelo Aro (PP) – que poderá ser candidato ao Senado, candidato a vice na chapa de Mateus Simões (Novo), entre outros cargos prestigiados – tende a estar, assim como o PL e o Novo, em campo oposto ao PSD de Fuad. Em política, tudo é possível, mas tal cenário seria hoje o mais provável.
Independentemente de tais cenários prospectivos, contudo, a qualquer prefeito não basta ter um presidente da Câmara que dialoga e colabora com o Executivo, como talvez seja o caso de Juliano Lopes. Na cartilha de lealdades, há sempre uma lista de prioridades. Por isso, mais importante ao prefeito é ter um presidente da Câmara que ali chegou também por suas mãos e articulação, que a ele deva o dever moral da lealdade primeira. O prefeito Fuad do mandato anterior não é o mesmo de agora. A diferença é que este veio eleito na cabeça da chapa. Caso tenha condições políticas para isso, o mais provável é que o prefeito assuma, na hora certa, o protagonismo de seu governo e do relacionamento com o Legislativo. Condições para isso, agora, não lhe faltam. Mas cada coisa a seu tempo.
Nua
Depois de passar pelo detector de metais do Palácio do Planalto e pedir para falar com o presidente Lula ou com o vice, Geraldo Alckmin, uma mulher tirou as roupas e ficou nua, falando coisas desconexas. Segundo a Secretaria de Comunicação da Presidência da República, ela estava agindo de forma incoerente. Recebeu atendimento do Corpo de Bombeiros e foi encaminhada ao Hospital de Base. A mulher, que não estava com documentos, foi encaminhada ao atendimento médico do Planalto. De acordo com a equipe médica, há indícios de que ela tenha sofrido um surto.
Eleição
A eleição para a nova Mesa Diretora da Assembleia Legislativa será em reunião especial, na primeira quinzena de dezembro. Está pacificado o entendimento no legislativo para a reeleição de Tadeu Martins Leite (MDB) para a presidência da Casa. Ele é considerado um parlamentar firme, propositivo, ao mesmo tempo que conciliador. A posse será em 1º de fevereiro.
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Ainda o TCE
O deputado estadual Arnaldo Silva (União), presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia, comunicou à presidência da Assembleia e aos líderes partidários a sua intenção de concorrer a uma das três vagas abertas aos deputados estaduais para o Tribunal de Contas do Estado (TCE). “Estou no terceiro mandato e a minha área de atuação é o direito público”, afirma.
Em dezembro
Ainda não houve um comunicado formal da abertura do edital aos deputados estaduais interessados em concorrer internamente às vagas do TCE. Mas, como já se aposentaram os conselheiros doutor Viana e Wanderley Ávila – ambos ex-deputados –, e, agora, também Cláudio Terrão, indicado pelo Ministério Público de Contas, há expectativa de que a eleição interna seja em dezembro. São nomes colocados, além de Arnaldo Viana, Alencar da Silveira (PDT), Thiago Cotta (PDT), Tito Torres (PSD), Gustavo Valadares (PMN), atualmente secretário de estado de Governo, e Ione Pinheiro (União). Se eleita, Ione Pinheiro será a segunda mulher conselheira na história de Minas. A primeira foi Adriene Barbosa, que foi mulher do ex-senador Clésio Andrade, falecida em 2018.
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Saúde desigual
As verbas de emendas parlamentares de deputados federais e senadores destinadas ao setor de saúde dos municípios têm aprofundado desigualdades, segundo conclui o estudo “Emendas na Saúde: reduzindo desigualdades – edição 2024”, produzido pela Rede Temática de Saúde do Gife, que é uma associação de investidores sociais privados do Brasil. Municípios com uma cobertura completa de equipes de Estratégia de Saúde da Família e outras equipes de atenção básica receberam, em média, R$ 61,88 per capita desse tipo de emenda. Os que têm cobertura de atenção básica baixa ou muito baixa receberam menos de R$ 20,54 por habitante. Enquanto quase metade da população vive em municípios com cobertura inferior a 80%, estas cidades receberam quatro vezes menos em emendas destinadas à atenção primária.