Embora ensaiada pela candidatura bolsonarista de Bruno Engler (PL) e pelas candidaturas de Rogério Correia (PT), associada ao lulismo e de Duda Salabert (PDT), respaldada em perspectiva identitária, a dinâmica da polarização não prevaleceu no primeiro turno da eleição à Prefeitura de Belo Horizonte. Duas candidaturas de centro e uma de direita separaram o bolsonarismo de seus adversários de “estimação”. Contra estes, a narrativa está pronta e repisada. E é fato que junto ao senso comum a esquerda ainda não conseguiu se comunicar adequadamente para refutar algumas das pechas que lhe lança a extrema direita.

 

 

Ao centro político, as candidaturas de Fuad Noman (PSD) e Álvaro Damião (União) e de Gabriel Azevedo (MDB) e Paulo Brant (PSB) focaram as respectivas estratégias comunicacionais em torno do debate de temas da cidade. Ambos ofereceram uma visão de futuro para Belo Horizonte. Nenhum deles tinha “padrinhos” nacionais”. Mais à direita, também a chapa de Mauro Tramonte (Republicanos) e de Luísa Barreto (Novo) foi apoiada pelo governador Romeu Zema (Novo) e pelo ex-prefeito Alexandre Kalil, que vai se filiar ao Republicanos. Ambos, Zema menos ainda do que Kalil, pouco apareceram nas peças de campanha.

 

Juntas, as três candidaturas de Fuad, Tramonte e Gabriel somaram 52,31% dos votos válidos da capital mineira: o primeiro teve 26,54%; o segundo, 15,22%; e o terceiro, 10,55%. Esse desempenho demonstra que o centro político está vivo, embora nas últimas eleições presidenciais, tenha sido obliterado por uma razão simples: a polarização entre bolsonarismo e lulismo tornou-se, para parte do eleitorado, uma escolha política para evitar o abominável. Em 2022, Lula era o único político no país em condições de derrotar o ex-presidente Bolsonaro.

 

No contexto da tecnopolítica, em que a dinâmica dos parlamentos é altamente afetada pela lacração e enfrentamento entre as partes, – o que é transmitido online aos nichos de um eleitorado fundamentalista –, assumir o caminho do centro não é uma escolha fácil. Entretanto, a eleição em Belo Horizonte demonstrou, que em disputas locais há amplo espaço para candidaturas de centro. E é precisamente querendo evitar dar o mote da polarização para a candidatura de Engler surfar em seu habitat natural – que a estratégia política de Fuad Noman será manter o foco no debate das temáticas da cidade.

 

Ao mesmo tempo, Fuad vai demonstrar que o relacionamento institucional com o governo Lula e o governo Zema é necessário como forma de atrair investimentos e resolver problemas da capital mineira. Nesse sentido, não é esperada a vinda do presidente Lula (PT) para a campanha de Fuad. Por seu turno, a presença de Jair Bolsonaro (PL), do senador Cleitinho Azevedo (Republicanos), do deputado federal Nikolas Ferreira (PL) e até mesmo, o novo “freak” da ultradireita, “o coach” Pablo Marçal (PRTB) tendem a encapsular Engler no ninho raiz. Um ninho que alimenta grandes votações em eleições proporcionais, traciona candidaturas majoritárias do primeiro para o segundo turno, mas que, por si, tem dificuldades em atingir outros segmentos fora das bolhas.

 

Conta a lenda que os viracundos, um povo antigo, perambulava pelas cidades com arcos e flechas, promovendo aglomerações nas praças centrais. Eram cegos e surdos. Pediam às pessoas que batessem palmas para que iniciassem a apresentação. Reunida a multidão em torno do grupo, os viracundos começavam a atirar centenas de flechas ao alto. Após os lançamentos, enquanto a multidão gargalhava e batia palmas, os viracundos se retiravam silenciosamente. Era o momento em que as flechas faziam o trajeto de volta, acertando uma a uma as pessoas da plateia.

 



 

Batam palmas

 

Pablo Marçal (PRTB) prometeu se juntar a Bruno Engler (PL) nesta campanha em segundo turno, em Belo Horizonte. “Vou pegar meu jato e vou. Vai ser por minha conta”, afirmou.

 

Republicanos

 

O ex-prefeito Alexandre Kalil vai viajar esta semana com a esposa. Na próxima, participará de reunião, em Brasília, com a direção do Republicanos, quando será definido o posicionamento da legenda no segundo turno da disputa da capital mineira.

 

Com Fuad

 

A deputada estadual Bella Gonçalves (Psol), vice na chapa de Rogério Correia (PT), já declarou apoio a Fuad Noman. Além de Bella, vão aderir à campanha as vereadoras eleitas Iza Lourença, Cida Falabella e Juhlia Santos. Nesta terça-feira, Rogério Correia e a bancada eleita de vereadores do PT também vai anunciar formalmente o apoio a Fuad Noman.


Bancada nova

 

Com a eleição do deputado estadual Douglas Melo (PSD) para a Prefeitura de Sete Lagoas e também a eleição do primeiro suplente, Makoto Sekita (PSD) para a Prefeitura de São Gotardo, o ex-deputado Adalclever Lopes (PSD), segundo suplente, vai retornar à Assembleia. Também a advogada Carol Caram, primeira suplente do Avante, vai assumir a cadeira aberta pela eleição do deputado estadual Fábio Avelar, em Nova Serrana.


Valadares

 

Eleito prefeito em Governador Valadares, o deputado Coronel Sandro (PL) vai abrir mais uma vaga na Assembleia. Amanda Teixeira Dias, primeira suplente, será efetivada. Atualmente ela substitui Alê Portela, licenciada para exercer o cargo de secretária de Estado de Desenvolvimento Social.


Homenagem

 

Sandra Regina Goulart Almeida, reitora da UFMG; José Anchieta da Silva, presidente da Associação Comercial e Empresarial de Minas Gerais; Emir Cadar, cônsul honorário da Síria em Minas; o escritor Lindolfo Coelho Paoliello; e o coronel do Exército e assessor do governo de Minas, Carlos Henrique Guedes serão homenageados com a medalha do Mérito Consular 2024, conferida pelo corpo consular de Minas e a Fiemg. A solenidade será em 25 de outubro.

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