“Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou.”  Henry Ward Beecher (1813-1887) foi um clérigo congregacionalista norte-americano, admirado por sua oratória e por suas posições em defesa da abolição da escravatura. Após a Guerra de Secessão (1861-1865),  deu sustentação à luta feminista pelo direito ao voto, até então restrito aos homens.
 
 
 
Beecher abraçava a ciência – apoiou a teoria da evolução de Charles Darwin – e criticava o conservadorismo, num tempo em que “ser conservador” significava conservar o status quo:  a escravatura, a exclusão de mulheres de direitos civis como o voto e uma leitura criacionista da origem humana. Beecher abraçava o futuro.
 
 
 

No contexto da tecnopolítica, em que a extrema direita global se apropria de conceitos e os ressignifica, diferentemente da referência clássica ao conservadorismo –  a perspectiva do apego à manutenção da ordem vigente, certa cautela face às transformações –, os “novos conservadores” contemporâneos são de fato reacionários:  pregam a revolução para retonar ao passado.
 

 
No ponto alto de sua participação no debate da Globo, o senador Carlos Viana (Podemos) colocou o problema nos seguintes termos ao dirigir-se ao deputado estadual Bruno Engler (PL): “Você se vacinou contra a Covid-19? Vai falar a verdade ou vai criar um cartão falso, como o presidente Bolsonaro fez e envergonhou todos os brasileiros no exterior?".
 
 
 
 
 
Diante da negativa de Engler, que o acusou de "papagaio da esquerda com essa historinha de extrema-direita", Viana prosseguiu: "Você representa uma direita da Idade Média. A cada um que me assiste e que perdeu um parente, lembre-se do que está acontecendo aqui".
 
 

Por essa visão dos “novos conservadores”, não se trata nem de conservar os avanços civilizacionais no âmbito da ciência, alcançados pela vacinação como forma de proteger crianças, adultos e idosos. Tampouco trata-se de preservar as conquistas no campo dos direitos civis e direitos sociais. Querem regredir.  De fato, miram o Velho Testamento, lá encontrando sociedades patriarcais hierárquicas, despóticas, para as quais gostariam de retornar.
 
 

O vereador mais votado de Belo Horizonte, Pablo Almeida (PL), ex-assessor de Nikolas Ferreira (PL), encabeça a bancada de seis do PL, defendendo, em entrevista ao Estado de Minas, “a moral e os bons costumes em Belo Horizonte". Ele quer fazer de BH a capital  “mais conservadora do Brasil”. Pablo Almeida diz que a pauta conservadora não é uma “ideologia, mas um estilo de vida”.
 
 
 
Talvez por isso, tenha recebido em Brasília, nesta quarta-feira, a medalha de “imorrível, imbrochável e incomível”, ofertada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), símbolo do macho alfa na sociedade contemporânea. Entre outras coisas, Pablo não “concorda” com o carnaval, essa manifestação alegre e faceira da cultura brasileira. Só não explicou como pretende impor tal visão aos “não reacionários” que vivem na cidade. 
 
 

É pois tão sagrado o direito de quem ama a festa popular quanto o daqueles que preferem as igrejas. Ou daqueles que cultuam ambos. Cada um na sua, eis o direito à diversidade. Convém conservá-lo.
 
 

Vale lembrar aos jovens “novos conservadores” do século 21 que ideias regressistas já fizeram sucesso em outros tempos, como indica Henry Ward Beecher. Entretanto, os resultados de regressões costumam ser diametralmente diferentes do que sonhavam aqueles que as propuseram.
 
 
 
A Guerra Civil americana foi um claro exemplo. Basta ver seu resultado. A história está repleta de eventos assim. Os conservadores acendem as chamas. Mas são eles que costumam arder nas fogueiras subsequentes.

Candidaturas


Encerrado o prazo nesta terça-feira, no Ministério Público, para a inscrição das candidaturas à sucessão pelo procurador-geral de Justiça, Jarbas Soares Júnior, quatro nomes foram confirmados. Marcos Tofani, procurador de Justiça titular da Procuradoria de Direitos Difusos e Coletivos, foi o primeiro a se lançar.
 
Tofani tem o respaldo do ex-procurador geral de Justiça Sérgio Tonet e de outros promotores. O procurador-geral adjunto Carlos André Mariani Bittencourt, que já foi procurador-geral de Justiça, concorre com o apoio da atual gestão. Também concorrem o procurador de Justiça Geraldo Flávio Vasques, atualmente coordenador da Procuradoria Cível. E o promotor Paulo de Tarso Morais Filho, que se afastou da chefia de gabinete da Procuradoria-Geral de Justiça para disputar a sucessão interna.

 

Racha

O promotor Carlos Eduardo Ferreira Pinto, que é coordenador do Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente (Caoma), retirou a sua pré-candidatura. Carlos Eduardo tinha respaldo de setores do governo Zema, mas optou por respaldar a candidatura de Carlos André Mariani Bittencourt, para manter a unidade do grupo.
 
Diferentemente, Paulo de Tarso Morais Filho, que até aqui integrou a atual gestão, tomou a decisão de concorrer. Em decorrência disso, também Geraldo Flávio Vasques, se inscreveu. A eleição para a formação da lista tríplice será em 18 de novembro. A indicação é prerrogativa do governador Romeu Zema (Novo).

 

Ferrovia

Será nesta quinta-feira a audiência pública promovida pela Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT) para debater os termos da prorrogação do contrato da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), atualmente gerida pela concessionária VLI. O tema é acompanhado de perto pelo presidente da Assembleia Legislativa, Tadeu Martins Leite (MDB) e pela deputada estadual Ione Pinheiro (União). Também têm interesse na pauta os deputados Antonio Carlos Arantes (PL),  Lohanna (PV), Oscar Teixeira (PP), Thiago Cota (PDT), Roberto Andrade (PRD) e Beatriz Cerqueira (PT).
 

Trecho

Os parlamentares estão preocupados com a intenção da concessionária de entregar o trecho da linha férrea que liga Minas à Bahia, com impactos econômicos negativos para os dois estados. A Assembleia pleiteia que isso só ocorra até que se formalize nova concessão desse trecho a outra companhia. Os parlamentares também reivindicam que os investimentos da concessionária na malha ferroviária que corta cada estado sejam proporcionais à extensão de cada linha nas respectivas unidades da federação.

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Diárias

Em debate realizado na Assembleia Legislativa nesta terça-feira, a Comissão de Segurança Pública da Assembleia reivindicou do novo comandante-geral da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), coronel Carlos Frederico Otoni Garcia, o pagamento integral de diárias para policiais militares em deslocamento. Os deslocamentos ocorrem para participação dos policiais em capacitações realizadas pela própria PMMG, como o Treinamento Policial Básico (TPB), o Curso Especial de Formação de Sargentos (CEFS) e o Curso de Atualização em Segurança Pública (CASP).
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