A negociação em torno do apoio de Romeu Zema (Novo) a Bruno Engler (PL) passa pelas eleições de 2026. Em Minas, Zema quer do PL o compromisso de que irá apoiar o vice-governador Mateus Simões (Novo), candidato que gostaria como sucessor. Mas se depender da vontade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o senador Cleitinho Azevedo migraria do Republicanos para o PL e teria o seu apoio para concorrer ao Palácio Tiradentes. Ao mesmo tempo, a candidatura do deputado federal Nikolas Ferreira (PL) é sempre uma possibilidade posta pela Executiva Nacional do PL, uma vez que o parlamentar completará 30 anos em 2026, idade mínima para ser candidato a governador.

 


Em outra frente, Zema procura “casar” o seu respaldo a candidaturas bolsonaristas nestas eleições municipais, acreditando assim ganhar o compromisso de Jair Bolsonaro para concorrer à Presidência da República daqui a dois anos. Belo Horizonte é mais uma. Em maratona pelo sonho de ser ungido ao Palácio do Planalto, Zema tem estado em palanques bolsonaristas e em outros ditos “conservadores”, frequentemente em campo oposto ao de outras lideranças “da direita”, que até aqui, orbitam a extrema direita.


É o caso de Goiânia. Ali, os ex-amigos Jair Bolsonaro e Ronaldo Caiado (União) trocam ofensas em torno do segundo turno, o primeiro dando sustentação ao deputado estadual Fred Rodrigues (PL) e, o segundo, ao empresário Sandro Mabel (União). Em meio ao fogo amigo, Zema ficou com Bolsonaro e pediu votos a Fred Rodrigues. Em Cuiabá, também ao lado do “líder” da extrema direita, Zema abraçou o candidato do PL, deputado federal Abílio Brunini contra o adversário tradicional, que mais gosta: “a esquerda”. Diferentemente, em São Paulo, o governador mineiro engatou em duas campanhas em segundo turno – em Taubaté e em Ribeirão Preto – em ambas confrontando candidaturas sustentadas pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Nesse movimento, Zema cria arestas com lideranças da “direita”, que integram o leque de competidores pelo espólio bolsonarista. São gestos mais simbólicos do que efetivos.


O governador mineiro acredita que Bolsonaro vá preservar, até 2026, a sua liderança na extrema direita. Mas o bolsonarismo passa por processo de fragmentação, não apenas de sua base evangélica, também, como se viu, em São Paulo, em seu colchão doutrinário de “empreendedores”, expresso na candidatura de Pablo Marçal (PRTB). Talvez 2026 ainda esteja tão longe para a política como a Terra da Lua. Os processos que investigam a tentativa de golpe de Estado e a investigação na qual Bolsonaro e mais 11 pessoas foram indiciados no caso das joias sauditas são só alguns dos casos com potencial para enfraquecê-lo ainda mais na extrema direita.

 

 


Olhando para esse cenário prospectivo, lançar todas as fichas sobre o mesmo número pode não ser a melhor estratégia. Até porque, ainda que crave na aposta Bolsonaro, nada garante que terá o “prêmio”. Se Bolsonaro, hoje inelegível, vier a ser candidato à Presidência da República como anuncia – pois afirma que será anistiado pelo Congresso Nacional – preferiria ter por vice um perfil militar, não de um político. Só assim, caso eleito, em provável indisposição futura com as forças políticas e empresariais, evitaria a articulação de um impeachment: entre um militar “raiz” e Bolsonaro, as pessoas se sentiriam compelidas ao mal menor.


China, Azerbaijão e Portugal

 

Entre 2 e 17 de novembro, o vice-governador Mateus Simões (Novo) vai exercer interinamente o governo de Minas. Romeu Zema (Novo) estará, nesse período, em viagem oficial à China, ao Azerbaijão e a Portugal. A Assembleia Legislativa recebeu mensagem do Executivo com pedido de autorização para que Zema se ausente do estado.

 

 

Na rota

 

Já há alguns anos, o Azerbaijão entrou no roteiro das viagens internacionais de parte dos políticos brasileiros. Tanto que já existe, na Câmara dos Deputados desde 2013, e no Senado Federal, desde 2014, o Grupo Parlamentar Brasil-Azerbaijão. A procura por este país localizado na região do Cáucaso, entre o Leste da Europa e o Oeste da Ásia, é tão grande que o Azerbaijão quer firmar pelo menos oito acordos de cooperação com o Brasil, incluindo um tratado para a proteção de investimentos. Entre 11 e 22 de novembro a capital, Baku, irá sediar a COP-29. Esse é o propósito da viagem do governador.

 

Que bem lhe fiz?

 

Ainda que considerado mais “simbólico” do que de fato efetivo para transferir votos, o esperado anúncio de Zema em respaldo ao deputado estadual Bruno Engler (PL), neste segundo turno contra o prefeito Fuad Noman (PSD), causa particular irritação a sete dos dez deputados da bancada do PSD. Lideranças do PSD já fizeram as contas. Em número de votações, é a bancada partidária mais leal ao governo Romeu Zema (Novo).

 



 

Revisão do PPAG

 

Em audiência conjunta das comissões de Participação Popular e de Fiscalização Financeira e Orçamentária, representantes do governo apresentaram aos parlamentares a proposta de Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG) de 2025. São previstos 176 programas e 988 ações, segundo informou Túlio Gonzaga, superintendente Central de Planejamento e Orçamento. O valor total programado é de R$ 142,9 bilhões, cerca de R$ 12 bilhões a mais do que no ano passado. O PPAG traz o planejamento da atuação do estado para um período de quatro anos, mas é revisto anualmente para adequação ao orçamento do exercício seguinte.

 

Recursos

 

São áreas para as quais estão destinados mais recursos a educação, com R$ 20 bilhões; a de saúde e de segurança, nessa ordem com R$ 18,7 bilhões e R$ 14,4 bilhões. Com maior população, a região de Belo Horizonte concentrará 27% dos investimentos, o equivalente a R$ 38,8 bilhões. É também expectativa que, assim como ocorreu em 2023, mais de 90% das propostas da sociedade encaminhadas pela Comissão de Participação Popular este ano sejam executadas em 2025.

 

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Uberaba

 

O Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) rejeitou o recurso de Anderson Adauto (PV), terceiro colocado no primeiro turno da eleição para a Prefeitura de Uberaba. A candidatura dele foi impugnada pelo Ministério Público Eleitoral com base na suspensão de seus direitos políticos. Enquanto o processo não transitar em julgado, os votos de Anderson Adauto continuam na situação de anulados sub judice, sem comprometer a ocorrência de segundo turno no município, entre a atual prefeita, Elisa Araújo (PSD) e o ex-deputado estadual Tony Carlos (MDB).

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