O ano de 2024 acabou; 2026 já começou. A reeleição de Fuad Noman (PSD) tem alguns efeitos práticos e algumas indicações. Em primeiro lugar, barra o avanço da extrema direita na capital mineira, contendo a pressão pela guerra cultural, patrocinada por aqueles que querem impor a toda população certo retrocesso nos modos de vida em diversos campos de atividade. Respeito às manifestações culturais e diversidade religiosa; apoio à ciência e produção de conhecimento; uma cultura de paz; estímulo e promoção da vacinação; preocupação com as mudanças climáticas, são algumas das dimensões de maior visibilidade, que dizem respeito a conquistas civilizatórias. São essas questões valorizadas por todos os partidos políticos e lideranças democráticas; mas em geral, negados pela extrema direita.

 


Neste segundo turno, as forças políticas da esquerda à direita se juntaram em torno de Fuad Noman para impedir que a cidade caísse sob a tutela do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), do senador Cleitinho (Republicanos) e do deputado federal Nikolas Ferreira (PL). Nikolas vive dias de encantamento, percorrendo o Brasil como o “astro do PL”, em sua cruzada contra “a esquerda”, contra o Supremo Tribunal Federal (STF), pela anistia dos participantes da tentativa de golpe de 8 de janeiro e também para “divulgar a palavra”.

 

 

Pauta tipicamente bolsonarista. A esse grupo se reporta Bruno Engler (PL), que no primeiro turno apresentou um discurso moderado, procurando ocultar as suas posições extremadas em passado não tão distante. Nesse sentido, embora o governador Romeu Zema (Novo), o vice-governador Mateus Simões (Novo) e outras lideranças do Novo tenham anunciado apoio a Engler no segundo turno, – sem contudo participar de atos de campanha – essa derrota fará mais bem do que mal ao governador. Evitará o fortalecimento da extrema direita no estado, o que lhe tiraria o protagonismo inclusive em sua própria sucessão. Mateus Simões é o candidato de Zema; mas Cleitinho também quer a mesma vaga.

 

 

Por outro lado, a vitória de Fuad Noman fortalece o PSD de Gilberto Kassab em Minas Gerais e, dentro da legenda, sai vitorioso o deputado estadual Cássio Soares, – que é presidente estadual do PSD – quem primeiro alinhavou a candidatura de Fuad Noman. No momento de maior dificuldade política vivido pelo prefeito à frente do governo, foi Cássio Soares quem o levou a Kassab, sendo ali traçada a estratégia para fortalecer Fuad e construir a sua candidatura à reeleição.

 


Cássio aparou arestas entre Rodrigo Pacheco (PSD), presidente do Congresso Nacional e a gestão de Fuad Noman; trouxe o apoio de Alexandre Silveira (PSD), ministro das Minas e Energia, que abraçou a candidatura à reeleição do prefeito. Já na estrada para 2026, sai fortalecido o palanque do PSD ao governo de Minas. São dois nomes potenciais – Rodrigo Pacheco e Alexandre Silveira. Mesmo sem a presença do presidente Lula na capital mineira, estratégia de segundo turno da campanha de Fuad para evitar a polarização com o bolsonarismo, esse é um palanque que também será importante a Lula em sua campanha à reeleição.

 



 

Por fim, como leitura dos resultados, interessante notar que o tamanho da extrema direita na capital mineira foi medido no primeiro turno: Engler teve 435.853 votos, 34,38% dos válidos, – o que exclui a abstenção, votos brancos e nulos. A votação de Engler no primeiro turno representa 21,8% do eleitorado total belo-horizontino, que no dia do pleito tinha 1.992.984 de pessoas aptas a votar.

 

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Já no segundo turno, Engler conquistou 577.537, um aumento de 32% em relação ao primeiro turno. Aí estão eleitores que optaram por Engler em rejeição a Fuad Noman, não por adesão às pautas bolsonaristas. Por seu turno, Fuad Noman, que teve 336.442 votos no primeiro turno, praticamente dobrou o seu apoiamento, alcançando 670.574 votos no segundo turno. Estando Fuad Noman entre o centro e a centro-direita no espectro político, foi respaldado nesse enfrentamento com a extrema direita por todos os partidos de esquerda, centro-esquerda e por parte dos eleitores de Gabriel Azevedo (MDB) e Mauro Tramonte (Republicanos).

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