A cidade francesa de Sedan, na região da Champagne, nem tão procurada por fluxos de turistas, exibe um monumento histórico que foi testemunha de uma mudança decisiva nos rumos da história da Europa continental: o Château Fort de Sedan. Em 1870, o Imperador Napoleão III passou no interior do castelo a sua última noite como mandante do grande império. No entorno, os exércitos da Prússia, comandados pelo braço direito de Otto von Bismarck, o general Helmuth von Moltke, trucidaram e capturaram, na Batalha de Sedan, 82 mil franceses, além do próprio Napoleão III. O imperador saiu dali diretamente para o exílio.

 



 

A história costuma surpreender aqueles que não conseguem ler os seus sinais. O mundo hoje apresenta um novo “turning point”. Três conflitos demarcam-no. O primeiro, no coração da Europa, russos e as forças da OTAN travam uma batalha pelo Donbass e pelo controle do Mar Negro. O segundo pelo controle do Canal do Suez ou criação de um novo canal, passando pela Palestina, que desemboque rotas comerciais, sejam elas da China ou da Índia. O terceiro é uma guerra invisível para o mundo, brutalmente travada no coração da África, o chamado Sahel.

 

 

Feito em prestações e às vezes por procuração, nesse conflito mundial se confrontam dois polos do mundo, de forma simplificada, dois modelos de economia. De um lado o tecnofeudalismo, nova ordem regida pela economia da atenção, que exige um mundo unipolar: as gigantes de tecnologia norte-americanas, em concentração jamais vista, convergem poder econômico e político, expandindo os seus territórios físicos e virtuais, impondo os seus interesses aos estados nacionais fragilizados pela polarização política das sociedades. De outro, as economias híbridas de prevalência pública, que apresentam ao mundo uma proposta de um mundo multipolar.

 

Até há pouco tempo, o Brasil fazia parte destacada dessa polarização. Sofre, aliás, por essa polarização. As suas clivagens políticas internas estão associadas a ela, ainda que a brasileira seja hoje uma economia secundária e periférica nesse conflito mundial. Recentemente, por estar contra a parede, a diplomacia brasileira, refletindo a situação do governo Lula, abdica de um papel relevante nesta nova onda mundial: comprou briga com a Venezuela, vetando o seu acesso ao Brics. Se a esquerda brasileira parece estar de saída, a direita sul-americana flerta e prepara a sua entrada. Primeiro foi Jair Bolsonaro, depois Javier Milei. Ambos passaram da agressão tosca à China a uma certa admiração provinciana.

 

 

O governador Romeu Zema integra pela segunda vez a Missão China, organizada pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) para, entre outros, a participação na China International Import Expo (CIIE), a maior feira de importação do país. A China e sua pós-modernidade impressionam não só por seus feitos tecnológicos e as suas gigantes industriais, comerciais e tecnológicas a ganhar mercado pelo mundo. Mas também porque representa uma mudança decisiva no paradigma entre setor público e mercado: tem os quatro maiores bancos públicos do mundo, controla e estimula o investimento de mercado em áreas de interesse nacional, sem gerar inflação. Vale a pena entender isso antes que um novo Castelo de Sedan seja cercado e algum Bonaparte termine despachado ao exílio.

 

O mundo nunca foi o mesmo depois de Sedan. Esse evento resultou na unificação da Alemanha e alterou a hegemonia na Europa continental. Ingleses e franceses, até então rivais e impérios preponderantes, perceberam que somente juntos poderiam derrotar a nova potência. Para os franceses foi o fim da monarquia e o início da atual República. Para a esquerda francesa, Sedan também trouxe aprendizado. Em episódio subsequente, na chamada Comuna de Paris, uma nova esquerda emergiu. O presente é sempre um conflito entre o passado e o futuro. Sedan que o diga.

 

Missão chinesa

Organizada pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), a Missão China, entre segunda e sexta desta semana, é integrada pelo governador Romeu Zema (Novo), os secretários de Estado da Casa Civil, Marcelo Aro, e de Desenvolvimento Econômico, Fernando Passalio e o presidente da Invest Minas, João Paulo Braga. Também está na comitiva a prefeita de Vespasiano e presidente da Granbel, Ilce Rocha (PSDB), a deputada estadual Nayara Rocha (PP), os deputados estaduais Carlos Henrique Carlos Henrique (Republicanos), Enes Cândido (Republicanos) e Zé Laviola (Novo), além do deputado federal Hercílio Coelho Diniz (MDB). Já a delegação empresarial é formada por 42 industriais dos setores de extrativismo e mineração, alimentos e bebidas, máquinas e equipamentos, construção civil e metal mecânica.

 

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Exportações

A China é o principal mercado exportador de Minas Gerais. Nos primeiros nove meses de 2024, a China responde por 40% das exportações mineiras, que alcançam 188 mercados; seguida pelos Estados Unidos (9,8%), Argentina (3,5%), Alemanha (3,3%) e Países Baixos (3,3%). Entre 2023 e 2024, as exportações para a China cresceram 5,99%, somando US$ 713,1 milhões. Entre os principais produtos exportados estão minério de ferro, soja, carne bovina, ferro ligas, outros minérios, açúcar, celulose, cobre e carne de aves

 

Fake news


“O combate à desinformação e às fake news” é o tema da conferência que será ministrada pela presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, nesta segunda-feira, no auditório da Reitoria, dentro do Programa de Formação Cidadã em Defesa da Democracia promovido pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A reitora Sandra Goulart Almeida irá compor a mesa. Lançado em 2022, o programa atendeu ao chamado do STF, que estimula movimento de combate à desinformação, que atravessa a política, a saúde pública, a educação e os direitos humanos.

 

Razão política

O presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD), recebeu de Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e um dos fundadores do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), o título de doutor honoris causa. Em alentado discurso e comparando Pacheco a Juscelino Kubistchek, Gilmar Mendes salientou a atuação equilibrada e da “razão política” do presidente do Congresso Nacional em três eixos: a defesa do processo eleitoral de 2022, quando mais foi atacado por forças antidemocráticas; a mediação entre os Poderes em momentos de tensão institucional; e o enfrentamento de movimentos que orquestraram um golpe de estado, que culminou com aquele que Mendes denominou “o dia da infâmia”, em 8 de janeiro de 2023.

 

Café da manhã

O prefeito Fuad Noman (PSD) convidou os 41 vereadores eleitos e reeleitos que tomarão posse em 1º de janeiro para um café da manhã nesta quarta-feira, no Salão Nobre da Prefeitura de Belo Horizonte. É o primeiro movimento de aproximação com os parlamentares que irão compor a nova Câmara Municipal de Belo Horizonte, no contexto em que foi antecipada a disputa pela presidência da Casa, em atuação de Marcelo Aro, secretário de Estado da Casa Civil, já no dia subsequente à eleição em segundo turno. Até aqui, Fuad Noman observa a movimentação de Aro e se mantém na muda. Na hora certa irá avaliar o seu posicionamento nessa disputa pela presidência, que ainda não está na pauta das lideranças nacionais do PSD.

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