Aos 17 anos, Luís 14, que havia sido coroado rei no ano anterior, desafiaria, em 13 de abril de 1.655, o Parlamento de Paris – composto pelo Alto Clero e Nobreza – que resistia aos decretos reais para aumentar a arrecadação. O presidente da sessão teria invocado o interesse do estado para justificar a posição da assembleia. Depois de silenciá-lo, Luís 14 teria anunciado: “L’Etat c’est moi!” Não há consenso na historiografia francesa do contexto em que a afirmação foi feita e, indo além, se teria sido pronunciada por Luís 14. Contudo, no imaginário coletivo, foi definitivamente associada à figura do monarca, personificação do poder absoluto, que demarca a ascensão do absolutismo.

 




Condenado duas vezes pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso do poder político e econômico nas eleições de 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está inelegível até 2030. Tenta promover, no Congresso Nacional, a lei da “anistia” para envolvidos na tentativa de golpe de estado em 8 de janeiro de 2023. E aproveitando-se da eleição de Donald Trump, busca disseminar a ideia de que, com o apoio dele, se livrará da condenação. Lança o primeiro balão de ensaio: pedirá a Alexandre de Moraes autorização para comparecer à posse de Trump. Com tais movimentos, tenta reunificar a direita e a extrema direita sob a sua liderança.


Entretanto, os resultados das eleições municipais apontam para conclusões distintas. O PL elegeu prefeitos em apenas 9,2% dos municípios. Em todos os demais, ou legenda foi incorporada a coligações da direita democrática ou centro e em 52 cidades foram registradas alianças entre PT e PL, o que aponta para uma latência em favor do distensionamento político. A extrema direita tem tração para conquistar cadeiras legislativas, mas, pelo radicalismo, teve muita dificuldade em cravar maioria para cargos majoritários. Além disso, neste pleito, lideranças da direita e potenciais concorrentes ao Planalto se desgarraram do bolsonarismo. Ronaldo Caiado (União) em Goiânia; Tarcísio de Freitas, em São Paulo – apontado por Ricardo Nunes (MDB) como “o líder maior”. Em Curitiba, Ratinho Júnior (PSD), ao lado de Eduardo Pimentel (PSD), derrotou Cristina Graeml (PMB), apoiada por Bolsonaro.

 

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Olhando a ultradireita, Pablo Marçal demonstra que a caixa de Pandora foi aberta: sempre haverá um ainda mais radical para melhor encarnar o sentimento antissistema e de frustração com as promessas de igualdade não cumpridas pela democracia. No segmento político evangélico também houve fissuras. O pastor Silas Malafaia chamou Bolsonaro de “covarde” e “não confiável”, diante de sua hesitação em apoiar Ricardo Nunes. O ex-presidente segue lutando para se afirmar como líder inconteste da direita. Amargurado, reclama: “Todos eles se elegeram na minha sombra, ou na minha onda, e rapidamente se voltam contra a gente”.


A vitória de Trump dá fôlego à narrativa de Bolsonaro de que só não será candidato em 2026 se “morrer”. Se, por um lado, aposta que manterá acesa a chama da “liderança inconteste”, por outro lado retarda a organização da direita para 2026. Ao anunciar que reverterá a sua situação, ele está dizendo que “patriota”, como se intitula, espera uma “intervenção” externa sobre as instituições democráticas brasileiras. De concreto, sabe-se ser baixa a probabilidade que tal ocorra. A justiça brasileira mais uma vez demonstrará a sua soberania. Já Bolsonaro segue em sua toada.

 

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O absolutismo na França viveu o seu ocaso em 1789, com a Revolução Francesa. A nobreza reacionária, que queria retomar o controle do estado, abriu caminho foi para a República. Não sobraram rei, nem nobres. Cabeças vêm, cabeças vão. Nas voltas da história, em se tratando de Revolução Francesa, a guilhotina é a imagem que grita. Quem é e será o rei, não sabemos. Já o povo...

 

Francisco e Clara

Principal referência no país da Articulação Brasileira pela Economia de Francisco e Clara, o pesquisador, mestre e doutorando em Sociologia Eduardo Brasileiro lançou na sexta-feira, no Conselho Regional de Economia de Minas Gerais (Corecon-MG), a obra “Outra economia possível – A proposta de Francisco” (Ideias & Letras). Na obra, ele aborda perspectivas, desafios e o papel da Economia de Francisco e Clara, dentro da proposta do Papa Francisco para a ampliação de uma economia orientada à sustentabilidade, à cidadania, à igualdade, à equidade e à justiça. Foram debatedores no lançamento Elio Gasda, pós-doutor em Filosofia Política e a recém-eleita vereadora Luiza Dulci (PT), economista e doutora em Sociologia.

 

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Cristã e progressista

O relacionamento com as universidades, onde iniciou a sua militância política, será um dos eixos do mandato de Luiza Dulci, de 24 anos, em diálogo voltado ao fortalecimento da militância de jovens estudantes no contexto do projeto que debate a economia inclusiva, que humaniza e cuida do meio ambiente (não o super explora). Luiza Dulci integra a Articulação Brasileira pela Economia de Francisco e Clara. Na nova legislatura, nem só de conservadores será formada a bancada cristã. “Vou reivindicar a minha participação”, diz ela.

 

Em 2026

O governador Romeu Zema (Novo) já tem claro em mente os papeis majoritários de seu grupo político nas eleições gerais de 2026. Zema será candidato a presidente da República. O vice-governador Mateus Simões (Novo) será o candidato ao governo de Minas, já assumindo a função antecipadamente, por ocasião da desincompatibilização de Zema. E Marcelo Aro (PP), secretário de Estado da Casa Civil, será candidato ao Senado. Já começaram a sondar possíveis marqueteiros.


Suspensório e risadas

Recebido à porta do gabinete presidencial por Lula nesta sexta-feira, o prefeito Fuad Noman (PSD) pretendia entregar-lhe o suspensório – presente pessoal e “marca registrada” de seu estilo – partindo, após um breve café. Mas não foi bem assim. O encontro durou 1h15 minutos. Acompanhado do vice-prefeito eleito, Álvaro Damião (União), do deputado federal Reginaldo Lopes (PT), do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), o encontro teve contação de casos, brincadeiras e risadas.

 

BH na mira

Ao se despedir, Lula recomendou a Fuad: “Reúna todos os projetos importantes para Belo Horizonte e traga aqui. Quero que você termine o seu mandato como um dos melhores prefeitos que a cidade já teve”. Em viagem ao Paraguai, para reunião da Itaipu binacional, o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), se juntou mais tarde ao grupo, ainda no gabinete de Lula.

 
 
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