Hoje começou no Rio de Janeiro a cúpula do G20. Uma disputa muda, mas não surda, toma os bastidores do evento no continente sul-americano. Trata-se de uma disputa por comércio e investimentos que vão auxiliar a definir o papel da região no novo mundo que nasce. A presença mais marcante é a do presidente Xi Jinping. Ele fez uma escala no Peru, onde inaugurou, ao lado da presidente ultradireitista Dina Baluarte, a primeira fase do projeto sob o selo da Iniciativa de Cinturão e Rota (ICR).

 

 

Orçado em US $ 3,4 bilhões, quando concluído, Chancay será, por muitos anos, o maior porto da América Latina. Os chineses fazem política com exemplos, não só com palavras. Com a inauguração, a China manda uma mensagem clara aos líderes conservadores do continente: o multilaterialismo chinês não faz restrições ideológicas. Cabem todos aqueles que quiserem investir no progresso. Tal mensagem vai se repetir no G20.

 

Xi-Jinping vem em toada, que se contrapõe ao isolacionismo. Aposta forte na nova polarização global: isolacionismo versus multilateralismo. O recado é dirigido a Donald Trump, que já anunciou para o Departamento de Estado o senador cubano-americano, Marco Rubio, um daqueles líderes que reproduz e reduz a política aos níveis mais arcaicos da bipolaridade da finada Guerra Fria.

 

Enquanto os chineses fazem negócios e prometendo desenvolvimento, sob Trump, os EUA e os seus aliados automáticos no continente vão intensificar a polarização e os conflitos. Mesmo Javier Milei, que foi faceiro se encontrar com Trump, sente na pele que romper com a China parece ser – e é – uma idiotice sem tamanho. No frigir dos ovos os empresários seguem o dinheiro.

 

 

O Brasil que sempre teve uma postura cautelosa, até porque a diplomacia segue dividida e pendular, aposta nos dois lados. Deve continuar tentando se beneficiar ao máximo de ambos. Adota, em verdade, a trilha norte-americana do início do século passado. Vale lembrar que até quando foi possível, os EUA apostaram na Primeira e na Segunda Guerra Mundiais em ambos os lados do conflito. Venderam e financiaram para Aliados e Eixo, até tomarem partido do lado vencedor no primeiro conflito e, depois de Pearl Habor, no segundo.

 

Lula aposta no G20 por isso. Faz a sua cena geopolítica e se mantém em evidência tanto nos Brics, quanto com o G7. Sabe que tempos difíceis vêm por aí, com a administração de Trump: barreiras protecionistas, tensão ideológica via tecnopolítica e até possíveis conflitos com a vizinhança. Mas sabe também que a qualquer retórica mais agressiva de um lado, poderá buscar apoio no outro. Entre o livre comércio, agora defendido pela China, e o anunciado protecionismo norte-americano, Lula e o Brasil, por ora, ficam com ambos.

 

O mundo já é multipolar. O que se quer saber é se deixará de ser com as Sete Magníficas (Apple, Microsoft, Amazon, Nvidia, Alphabet – dona do Google, Meta e Tesla) e os seus novos atores como Trump, os bitcoins e a nova face da tecnopolítica. Pelos sinais da guerra da Ucrânia, da situação do Oriente Médio, em seu genocídio ao vivo, nada sinaliza que sim, pelo contrário. Trump promete acabar com as guerras quentes e investir pesado nas híbridas, por isso levará ao governo Elon Musk e Rubio. Tem quatro anos para parar o mundo.

 

Zheng He nasceu muçulmano e seu primeiro nome era Ma He. Antes de se transformar no maior almirante da dinastia Ming, – detentora do poder naval e comercial dos oceanos que a cercavam – foi castrado aos 11 anos. Dirigiu a maior frota imperial da China em sete viagens fantásticas que poderiam ter afirmado a China como a potência mundial naval e comercial do século 15.

 

 

Com a sua morte, e pela pressão dos funcionários confucionistas dos imperadores subsequentes, a China abdicou dos mares e se fechou para o comércio mundial: regrediu enquanto os europeus avançaram. Xi Jin Ping sabe que Colombo poderia ter sido chinês e o mercantilismo também. Saberão disso Musk e Marco Rubio? Quem já errou uma vez, não costuma errar de novo.

 

Alheio...

 

Afastado de disputas partidárias e eleitorais – nem da campanha de Fuad Noman (PSD) participou –, o presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD), divulgou nota desautorizando o uso de seu nome no processo eleitoral interno do Ministério Público. Entre as informações falsas que circularam, estaria suposto “veto” de Pacheco a uma das candidaturas. “Recebo com perplexidade a desinformação sobre alguma manifestação minha acerca das eleições para a Procuradoria-Geral de Justiça, o que, além de falso, não seria nem de longe razoável”, assinalou.

 

... às disputas

 

Pacheco considerou: “Fui estagiário da instituição e tenho o maior apreço por ela. No Senado da República tenho buscado a sua valorização permanentemente. Jamais fiz qualquer observação sobre as eleições internas do MPMG, até porque esse é um processo que deve ser conduzido pela classe, sem ingerências externas. Aliás, o tratamento por mim dispensado aos membros do Ministério Público de todo o Brasil é isonômico e institucional, absolutamente alheio às disputas internas, das quais não faço parte”, afirmou.

 




Impasse

 

Ainda sem consenso com governadores em torno da aprovação do Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag), que repactua os termos das dívidas dos estados e do Distrito Federal com a União, a matéria segue ainda sem relator na Câmara dos Deputados. A matéria tramita em regime de urgência.


Corrida

 

O deputado federal Zé Silva (Solidariedade), líder informal do governo Zema junto à bancada mineira, está na disputa para assumir a relatoria. Mas ao que tudo indica, a predisposição do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) é de designar o que ele chama de um relator “neutro” – ou seja, de um estado que não esteja tão diretamente envolvido no debate.


130 anos

 

Reconhecido pela disciplina, respeito às instituições, à hierarquia, o Marechal Lott teria completado 130 anos, neste sábado, 16 de novembro. Retratado por Wagner William em “O solado absoluto – Uma biografia do marechal Henrique Lott” (Record/2020), a personagem vai virar filme. A produtora Scriptonita Films, de Ciça Castro Neves e Luca Paiva Mello, adquiriu os direitos da biografia do Marechal Lott. Lott evitou, em 1955, um golpe de estado, liderando a chamada Novembrada (Movimento 11). Assim neutralizou a conspiração tramada no interior do governo de Café Filho e hostes udenistas para impedir a posse de JK. Após o golpe militar de 1964, o marechal Lott sofreu um apagamento dos livros de história.

 

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Parado na CCJ

 

Segue parado, na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei 4409/2023, de autoria do deputado federal Alfredinho (PT-SP), que inscreve o nome do marechal Lott (Henrique Batista Duffles Teixeira Lott), no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. A matéria foi recebida na CCJC em 20/5/24, em 12/6/24 foi designado relator o deputado federal Diego Garcia (Republicanos-PR). Não se registram novas movimentações.

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