O golpe civil-militar de 1964 foi urdido e executado com o apoio de interesses econômicos e políticos internacionais. No contexto da Guerra Fria, o Brasil foi uma entre diversas nações da América Latina atingida pela “longa manus” estadunidense: El Salvador (1960), República Dominicana (1962), Equador (1963), Guatemala (1963), Brasil (1964), Bolívia (1964), Chile (1973), Uruguai (1973), Argentina (1976)... O continente submergiu na era de prisões, exílios, torturas e assassinatos, para não mencionar a sucessão de ditadores “eleitos” indiretamente pelo topo das casernas.

 

 

Para expurgar qualquer tipo de oposição, os governos militares sul-americanos de Chile, Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia mantiveram rede de comunicação forjada pela Operação Condor – aliança formalizada no Chile em 1975, portanto, completará 60 anos neste 2025. Referência à ave andina no brasão do Chile, tinha por propósito sequestrar e matar “esquerdistas” e “subversivos” nos países do Cone Sul. Na Itália, as investigações sobre italianos mortos e desaparecidos pela Operação Condor duraram cerca de 15 anos, em autos que se estendem por mais de 170 mil páginas.

 

Apesar da farta documentação e comprovação científica pela historiografia, durante a ditadura militar brasileira – e ainda hoje – segue o sistemático exercício negacionista de partícipes e apoiadores da ditadura. Classificam o golpe de “movimento”, “revolução”, “redentora”. A velha e atual retórica negacionista alega “salvar” o país do “comunismo”, preservar valores “cristãos” e “democráticos”. Tais manobras verbais visam justificar os horrores do sombrio período.

 

Sob a era Bolsonaro – e com o empurrão dos algoritmos que sustentam a guerra híbrida em curso no planeta –, o negacionismo ganhou rosto institucional. Tornou-se, uma política de memória social, com adesão do Estado, não apenas por via das “Ordens do Dia” ou notas comemorativas de “31 de Março” evocadas pelas Forças Armadas, mas em declarações e atos de Bolsonaro. Segue o propósito de construir legitimidade social para novos projetos políticos, agora, na era tecnofeudal, de caráter totalitário.

 



 

Entre apologias à ditadura, ataques às urnas eletrônicas e incitações às Forças Armadas, vasto é o enredo. Destrinchado pela Polícia Federal, ninguém pode alegar desconhecimento dos fatos. Entre reuniões de caserna e consultas a advogados para a instalação de estado de sítio, passando pelo estímulo aos acampamentos à porta de unidades das Forças Armadas, os anos Bolsonaro culminaram com os atos de vandalismo de 8 de janeiro.

 

Todos convictos da impunidade. Afinal, a Lei da Anistia, que entrou em vigor em 28 de agosto de 1979, obliterou crimes cometidos pelo Estado brasileiro. Se por um lado permitiu o início de uma cândida transição democrática, por outro, colocou sob a mesma régua militantes de oposição que se envolveram na luta armada e agentes da repressão, treinados para torturar e assassinar com o emprego desproporcional da força do Estado.

 

Ao desvincular os atos de 8 de janeiro da tentativa de golpe de Estado de curso interrompido, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos- PB) endossa perigosa narrativa de defensores de uma nova “anistia”. Se não corrigir a rota, estará abraçando o projeto de um novo regime não democrático, em gestação desde os anos Bolsonaro. Nunca é bom esquecer que muitos dos políticos que apoiaram o golpe de 64 terminaram cassados e/ou no exílio pela ordem autoritária que ajudaram a implantar. Que o diga o udenista Carlos Lacerda.

 

 

Em 1966, nem o presidente do Congresso Nacional, Adauto Lúcio Cardoso, da Arena, de sustentação à ditadura, evitou o seu fechamento. As casas legislativas foram sitiadas porque Cardoso ousara se opor à perseguição de parlamentares. Com o alinhamento das big techs ao projeto da extrema direita, o que hoje está em gestação mundo a fora tem tudo para ser muito pior do que a ordem autoritária implantada em 64.

 

Assédio

 

Antes mesmo de tomar posse na presidência e na vice-presidência do Tribunal de Contas do Estado (TCE), os conselheiros Durval Ângelo e Agostinho Patrus já iniciaram uma “limpa”: colocaram luz sobre todos os casos de assédio moral e sexual e agressões físicas a servidores, que até aqui vinham sendo empurrados para debaixo do tapete. “Já começamos a demitir, para que o espaço de trabalho não seja tóxico”, afirma Durval Ângelo.

 

Ele sustenta que pretende manter com os servidores uma relação horizontal, de diálogo, além de ênfase à maior discussão colegiada envolvendo conselheiros, conselheiros substitutos e membros do Ministério Público de Contas. A posse será nesta quinta-feira (13/2), no Teatro Sesiminas.

 


Em 2026

 

Embora o PL na Assembleia Legislativa ainda declare integrar a base do governo Romeu Zema (Novo), a leitura entre governistas é de que, ao sair do Bloco Avança Minas, para atuar como bancada, a legenda se prepara para apoiar ao governo de Minas o senador Cleitinho – hoje no Republicanos.


Bracher

 

Quem passar neste domingo pela exposição “Belo Bracher Horizonte na Casa Fiat de Cultura” terá a oportunidade de percorrer cerca de 60 obras sobre BH ao lado do artista. Pelo prazer da interação com quem visita o acervo, Bracher, de 84 anos, tem sido o primeiro a chegar e o último a sair. É com paixão que ele percorre as telas, 37 delas inéditas e exclusivas para a exposição, desvendando a sua relação de amor com BH, cidade de suas memórias. “Minha quase cidade natal. Aqui são minhas raízes eletivas, sensoriais, de minha formação, meus antepassados. Somos nosso passado, para ser alguém adiante”, diz.

 

Bracher, que nasceu e vivia em Juiz de Fora, passava as férias com os tios na capital mineira. É a linha do tempo de uma vida, do primeiro quadro, pintado em 1963, no Parque Municipal Américo Renné Giannetti aos dois últimos, a Praça da Liberdade e o Museu Abílio Barreto, marcos do surgimento da cidade, que foram produzidos ao ar livre.

 

 

Diário Oficial

 

Luísa Barreto (Novo) deixa a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag) para assumir a presidência da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge), em substituição ao economista Sérgio Lopes. A mudança, que havia sido anunciada em 21 de janeiro, foi oficializada neste sábado (8/2), com a publicação no Diário Oficial de Minas Gerais. Assumirá a Seplag Sílvia Caroline Listgarten Dias, que atuava como chefe de gabinete da pasta.

 

Segundo o Palácio Tiradentes, Luísa foi deslocada para a Codemge para preparar a companhia para a privatização ou federalização, viabilizando a adesão de Minas ao Programa de Pleno Pagamento da Dívida Dos Estados (Propag). (Vinícius Prates)

 

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Fraude

 

O Ministério Público Eleitoral (MPE) denunciou o partido Agir, em Juiz de Fora, por fraude na cota de gênero e falta de suporte aos candidatos a vereador nas eleições de 2024. O partido teria direcionado sua estrutura exclusivamente para a campanha da deputada Ione Barbosa (Avante) à prefeitura, deixando os candidatos a vereador sem apoio. De acordo com a denúncia, duas candidatas do Agir não receberam nenhum voto, nem mesmo os de si próprias.

 

Elas declararam à Justiça Eleitoral que sem recursos financeiros, tentaram desistir da candidatura, mas forram informadas de que o prazo já havia se encerrado. Na ação, o Ministério Público solicita a inelegibilidade da direção do partido em Juiz de Fora, a nulidade dos votos recebidos pelo Agir e a recontagem do quociente eleitoral. Em nota, o Agir contesta a denúncia e afirma que comprovará, no processo, a correção de sua conduta.

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