Um tradicional político da esquerda brasileira, quando indagado se teria lido “O mago do Kremlin”, não respondeu. Desconhecendo do que se tratava o livro de Giuliano da Empoli, discorreu sobre as novas leituras que os russos fazem de Grigori Rasputin. Tal situação representa bem em que estágio está o pensamento político brasileiro: em se tratando de progressistas, estagnado no início do século 20.
Em se tratando de ultraconservadores, as referências retrocedem ao Velho Testamento, nem com esforço alcançando a Idade Média. Fato é que a extrema direita e a “esquerda” lulista se parecem com os políticos europeus e norte-americanos descritos pelo personagem que Empoli cria para representar Vladislav Surkov. Mortos de ideias. Apesar disso, podem carregar ainda na próxima eleição os votos decisivos para a eleição presidencial.
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Jair Bolsonaro (PL), além das manchetes recentes com a tentativa de golpe de Brancaleone, talvez tenha problemas para aparecer em público, depois que a torcida do Vasco da Gama entoou um refrão que pode se transformar no hit do verão, na voz de Nêggo Tom.
- Melhor confundir do que esclarecer
- Ser ou não louco, uma questão de perspectiva
- Quem serão os cúmplices?
Lula foi o último sopro de brilhantismo na política nacional. Afinal, é um político que cresceu na esquerda e conseguiu cinco mandatos para o seu partido, governando para a direita e distribuindo migalhas para seu povo, merece consideração. Lula conseguiu prorrogar, ou pelo menos mascarar, nossa guerra civil não declarada por quase três décadas. As elites o odeiam, mas devem a ele o fato de continuarem existindo. Se a ultradireita ajudar – e ela sempre ajuda com suas maluquices – apesar de tudo, talvez emplaque o sexto.
À extrema direita, nossos políticos falam de matar os pobres da periferia com a Polícia Militar ou defendem ações como a isenção de impostos de jets skis. Seria risível, não fosse trágico. Fato é que tudo indica que o Brasil parece ter se cansado da polarização e um candidato de centro, um tertius, tem espaço para florescer no cenário nacional. A despeito de ter alguns promissores jovens políticos – ou nem tão jovens assim – o centro – ou Centrão como querem alguns – não consegue nos momentos decisivos se desgarrar das duas sombras, seja à esquerda, seja da ultradireita.
A questão pode assim ser resumida, no diálogo entre dois políticos do Centrão, que já entrou para o folclore. O primeiro indagou ao segundo para onde iria após a derrota de Bolsonaro: “Uai, ficaremos no mesmo lugar, no governo. Nós nunca saímos de lá.”
A sina dos brasileiros é de políticos do espectro popular governarem para as elites. Contudo, considerando que a realidade internacional vai demandar muita unidade nacional, é de extrema necessidade um governo saído do centro do espectro político – o que lembremos, no Brasil está mais para a direita –, que governe como se de esquerda fosse. Construir a soberania digital é urgente, assim como criar a indústria de quinta geração, revitalizar as Forças Armadas e integrá-las a um projeto de defesa nacional. Tudo isso, pisando no acelerador da redistribuição de renda, pois o povo não aguenta mais.
O mundo mudou brutalmente, apenas não viu quem não quis. Donald Trump vocifera sobre a nova realidade que se configurou nos últimos 20 anos. Chora sobre o leite que ele mesmo ajudou a derramar. Apenas está decretando o fim do mundo unipolar. Entrou na ordem do dia a lei do mais forte. Os distintos povos russos, graças aos esforços do czar de Empoli e seguidores, vão sobreviver.
Os diversos chineses, igualmente, e se habilitam a liderar parte do planeta. Os europeus, apesar de suas “falecidas” lideranças também, afinal eles sempre sobrevivem. Os muçulmanos são tantos também... O resto do mundo é melhor cuidar logo de sua morada, pois as forças centrípetas da nova ordem mundial estão ligadas e turbinadas. Para isso, é preciso ter união nacional e de fato enxergar para além da realidade já palpável. Características que no mundo político brasileiro parecem faltar.
Fim da linha
O presidente estadual do Cidadania, deputado estadual João Vítor Xavier, celebra a decisão da executiva nacional de sua legenda que deliberou pelo fim, em 2026, da federação com o PSDB. “Foi feita para não dar certo”, avalia. Ele considera que o ex-presidente nacional da legenda Roberto Freire, que deixou a função em setembro de 2023, aprovou a federação com os tucanos valendo-se de manobras sem legitimidade política, já que desconsideraram o sentimento da maioria, contrária à federação. “Roberto Freire levou o Cidadania ao abraço do afogado. Bebemos muita água, estamos mareados, mas vivos”, acrescenta João Vítor. Em 2026, o Cidadania terá voo solo, afirma parlamentar
Com Temer
O secretário-geral nacional e presidente do PSDB em Minas, Paulo Abi-Ackel, e os deputados federais tucanos Aécio Neves (MG) e Beto Richa (PR) se reuniram nesta quinta-feira, em São Paulo, com o ex-presidente Michel Temer e com o presidente nacional do MDB, Baleia Rossi. Pelo momento conversam sobre um projeto que unifique o que chamam de “centro democrático”. O PSDB está em campo conversando também com o Podemos e o Solidariedade na expectativa de fusão ou nova federação.
TCE e STM
O presidente do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE-MG), Durval Ângelo, e o vice-presidente, Agostinho Patrus, reuniram-se em Brasília com a ministra Maria Elizabeth Rocha (foto), a primeira mulher a presidir o Superior Tribunal Militar (STM). A posse na presidência do STM da ministra, que é mineira, será em 12 de março, em Brasília. Defendendo parcerias institucionais, Durval Ângelo assinala que defensora histórica dos direitos das mulheres e das minorias, Maria Elizabeth representa um alinhamento de valores com a sua trajetória, o que abre caminhos para a ampliação dos diálogos.
Japão
Na abertura do 12º Festival do Japão, nesta sexta-feira, no Expominas, o embaixador do Japão, Teiji Hayashi, dará início às celebrações dos 130 anos de relações diplomáticas entre Japão e Brasil (1895-2025). Estarão presentes o governador Romeu Zema (Novo), secretários e representantes da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, que, com o apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e Apex, organiza missão, entre 20 e 25 de junho, para visitas a centros tecnológicos e de inovação, parques industriais, networking e à Expo Osaka 2025, que ocorre a cada cinco anos. “Minas Gerais terá um estande na feira. Expectativa de que mais de 300 empresários mineiros participem para a troca de experiências. Sobretudo, é uma grande oportunidade para a aproximação entre as empresas mineiras e japonesas de porte médio”, afirma Wilson Brumer, cônsul honorário do Japão em Belo Horizonte.