
Eles não sabem o que fazem. A história perdoará?
"Assim são golpes. Sabe-se como se iniciam, não como terminam. Muitos que estão nas ruas hoje são vítimas da tecnopolítica"
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Embalado pelo mau momento do governo Lula, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) intensifica a cruzada particular – que não interessa ao país, nem ao campo da direita que o orbita e menos ainda às instituições democráticas. Joga as últimas fichas antes do início do julgamento que avaliará, em 25 de março, na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), a denúncia de liderar uma tentativa de golpe de estado. Bolsonaro anuncia levar hoje algumas centenas de milhares de pessoas à Praia de Copacabana pela bandeira de sua “anistia”. Diante de uma robusta denúncia da Procuradoria Geral da República, resta ao ex-presidente a narrativa: ele seria “vítima” e “perseguido” pelo “sistema”.
Nesta mobilização de domingo, o que de fato importa são bons cortes, imagens que vão circular pelo Congresso Nacional e ser distribuídas pelo filho e deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) aos seus parceiros internacionais do campo da extrema direita norte-americana. Com eles, Eduardo Bolsonaro trabalha para desestabilizar o governo Lula, impedir ministros do STF e reverter a inelegibilidade do pai.
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Ainda não está claro exatamente como se dará a “intervenção” externa, mas suspeita-se. Tal multidão anunciada para este domingo, em Copacabana, não representa o Brasil. Por um lado foi convocada por uma miríade de atores políticos da extrema direita, que sabem bem onde cantam os seus interesses; por outro, a anistia política não é pauta da maioria expressiva da população brasileira.
Tentativa de golpe de estado é coisa séria. Num exercício contrafactual, se tivesse logrado êxito, mirando-se o último golpe exitoso no Brasil, – o de 1964 – a esta altura, o desdobramento dos fatos já teriam tornado restritivas manifestações públicas como a de hoje, a liberdade de expressão e a atividade parlamentar. Quando em 31 de março – madrugada de 1º de abril de 1964 – partiu de Juiz de Fora a quartelada do general Olympio Mourão Filho – teve o apoio do governador mineiro José de Magalhães Pinto (UDN) e de uma rede de conspiradores –, entre os quais o governador de São Paulo, Adhemar de Barros (PRP); e da Guanabara, Carlos Lacerda (UDN) – além do governo norte-americano.
Deposto João Goulart, desencadeou-se em todo o país uma onda de prisões de líderes políticos, sindicais e camponeses, enquanto o autointitulado “Supremo Comando Revolucionário”, decretou o Ato Institucional nº 1 (AI-1), atingindo, nos meses seguintes, 3.500 pessoas entre deputados federais e estaduais, oficiais das Forças Armadas, lideranças políticas, funcionários públicos, dirigentes sindicais. Foi determinada a eleição indireta do presidente da República Marechal Castelo Branco, em princípio para um mandato que seria apenas até 31 de janeiro de 1966.
Em meados de 1964, entre lideranças políticas da época, predominava a leitura de que o golpe abria um enfrentamento pela presidência da República entre o PSD de Juscelino Kubistchek e a UDN, de Carlos Lacerda. Mas como registrou a história, as eleições presidenciais diretas só voltariam a ocorrer 25 anos após a quartelada. Ao Ato Institucional nº 1 se seguiriam os de número 2, 3, 4 e o mais duro deles, o 5, que atingiria inclusive o conspirador udenista Carlos Lacerda, entre outros articuladores civis do golpe. Durante o período de exceção, foram cassados 173 deputados federais em exercício do mandato; o Congresso foi fechado três vezes.
Assim são golpes. Sabe-se como se iniciam, não como terminam. Muitos que estão nas ruas hoje são vítimas da tecnopolítica: atendem aos interesses de Bolsonaro, em modo típico de multidões.
Friedrich Von Schiller (1759-1805), poeta, filósofo e escritor alemão, embora simpatizante dos ideais da Revolução Francesa, impactado pelo radicalismo e a ferocidade da guilhotina, que decepou cabeças revolucionárias, anotou a tensão entre a razão individual e a irracionalidade de mobilizações de massa. Ali nasce o princípio de estudos futuros sobre a psicologia de multidões: “Toda pessoa, enquanto indivíduo, é toleravelmente sensata e razoável. Mas, como membro de uma multidão, torna-se imediatamente uma idiota”.
Modelo mineiro
Diante de estudiosos da segurança pública de todo o país, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), celebrou esta semana o balanço dos seis anos da política estadual de segurança pública, denominada “RS Seguro”, inspirada na política adotada em Minas Gerais, no período compreendido entre 2003 e 2010 – governos Aécio Neves e Antonio Anastasia. O modelo se baseia principalmente na integração do aparato policial alcançando expressivos resultados: 54% da redução de homicídios; 60% da diminuição de crimes contra o patrimônio.
Acompanharam a divulgação dos resultados especialistas em segurança pública de todo o país, entre os quais, o pesquisador e doutor em sociologia Luís Flávio Sapori, professor da PUC Minas e coordenador do Observatório do Controle Externo das Atividades Policiais de Minas Gerais (Oceap-mg), o primeiro do gênero no país.
Câmeras corporais
Diferentemente de Minas, no Rio Grande do Sul, desde o ano passado, a Brigada Militar está fazendo uso das câmeras corporais, equipamentos destinados à redução da letalidade policial e, igualmente, para a proteção dos policiais em ação. É grande a aceitação. Os equipamentos estão sendo levados também a toda a tropa, com destaque para Porto Alegre.
Segurança Pública
O vereador Pedro Rousseff (PT) abre uma inflexão no campo da esquerda, introduzindo a segurança pública como um dos principais eixos de seu mandato. Manifestando particular preocupação com medidas para coibir os roubos de celulares de trabalhadores, Pedro Rousseff defende policiamento ostensivo integrado entre o efetivo de guardas municipais e da Polícia Militar, além do uso de câmeras com Inteligência Artificial para o rastreamento de ladrões e criminosos.
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Abrigos
Ao contrário do pensamento que predomina em seu campo político, Pedro Rousseff também defende uma postura mais incisiva do poder público para lidar com a população em situação de rua. “É preciso reestruturar abrigos, garantir condições ótimas para a pernoite, além de canis para os pets, pois muitos moradores de rua não buscam abrigos para não abandonar os seus cães. Feito isso, se as condições dos abrigos são boas, tudo limpo, não justifica ficar na rua. Não deve haver autorização para montar barraca”, afirma o vereador.
Summit do agro
Neste 25 de março, a Academia Latino-Americana do Agronegócio (Alagro) promoverá em Belo Horizonte o Alagro Summit 2025, com o tema “Da aliança global contra a fome à transição da matriz energética”, com renomados nomes latinoamericanos do setor agropecuário. Na pauta, os desafios e as oportunidades nesse cenário de transformações globais. Entre juristas, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Afrânio Vilela, marcará presença com a palestra “A insegurança jurídica no agronegócio”.
São painéis: Segurança minerária e biofertilizantes; Cenário geopolítico e econômico do agronegócio em 2025; Segurança alimentar; Reforma Tributária e seus impactos no agronegócio; Segurança climática; e Segurança energética.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.