
Os dilemas e as oportunidades de Pacheco e Tadeuzinho
Em Minas, há hoje uma personagem com potencial para convergir tais forças que orbitam a expectativa de candidatura de Pacheco: Tadeu Martins Leite
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À medida que o senador Rodrigo Pacheco (PSD) empurra a sua eventual decisão de concorrer ao governo de Minas, aliados potenciais leem os sinais e ligam o modo dispersão: avaliam cenários para reposicionamento. Se em princípio a perspectiva da candidatura do senador produziu um campo gravitacional para diversos atores mineiros da direita moderada à centro-esquerda, em efeito inverso, a perspectiva da ausência desse “corpo massivo” desorganiza momentaneamente esse campo político, até então em equilíbrio.
Três são as perspectivas para as forças políticas que até aqui orbitam a expectativa da candidatura Pacheco. A primeira: o senador compreende a oportunidade e em tempo hábil firma (e leva adiante) o compromisso de concorrer ao Palácio Tiradentes. Percebem aí um cenário de promissora convergência de um campo político sem lideranças naturais em Minas. A segunda perspectiva: o senador mira para a sua carreira de advogado criminalista de sucesso e faz a escolha momentânea de deixar a política, não sem antes, contudo, operar para a construção de um nome em condições de substituí-lo.
Em Minas, há hoje uma personagem com potencial para convergir tais forças que orbitam a expectativa de candidatura de Pacheco: Tadeu Martins Leite (MDB), presidente da Assembleia Legislativa. É hipótese que obviamente precisaria combinar com o russo, digo com o emedebista. Caso Tadeuzinho, como é conhecido, que não é dado a movimentos impulsivos, identifique nesse contexto, “a” oportunidade de uma carreira, assumiria a posição do senador nesse sistema gravitacional, construído para eleitores da direita moderada, de centro e da centro-esquerda.
Mas Tadeuzinho vive os seus próprios dilemas. Reeleito por unanimidade para a Mesa Diretora com amplo apoio do legislativo estadual, pode entender que lançar a candidatura ao governo de Minas neste momento dificultaria a mediação à frente do Legislativo. Aos 38 anos, com longa trajetória por vir, Tadeuzinho também pode considerar que neste momento preferiria manter-se onde está e tocar o seu projeto de reeleição, como aliás, tem reiterado em diversas declarações públicas.
Sondado para compor chapas pelos grupos políticos do senador Cleitinho (Republicanos) – que lidera as pesquisas de intenção de voto – e do vice-governador Mateus Simões (Novo) – que arranca na corrida ao Palácio Tiradentes com a força da máquina do estado –, o presidente da Assembleia poderia tender a ser mais prudente e aguardar até o segundo semestre, antes de optar por aderir àquele cenário prospectivo de seu maior interesse. Nessa hipótese, não lideraria um projeto; seguiria como vice a reboque de outrem.
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A ausência da candidatura de Pacheco e de Tadeuzinho conduziria ainda a uma terceira perspectiva para as forças políticas que hoje orbitam o senador: a dispersão completa dos corpos, cada qual projetando expectativas de vitória e buscando o seu maior interesse, a reeleição. Nesse grupo está o PSD mineiro. Embora siga hoje com Pacheco – ainda filiado à legenda –, mantém o pé na canoa do governo Zema. Se o senador não concorrer, poderá considerar o apoio a Tadeuzinho, mas, hoje, tende a se articular em respaldo à candidatura de Mateus Simões. Há tratativas e sondagens em processo de amadurecimento desde o ano passado para a filiação de Mateus ao PSD. Muitas delas dependem da configuração da disputa nacional ao Palácio do Planalto.
Decidam como decidirem, Rodrigo Pacheco e Tadeuzinho estão diante de uma oportunidade nada trivial: num contexto de vazio de lideranças naturais no estado, apresentar-se em uma campanha majoritária ao governo de Minas, em uma coligação estruturada, com boa oportunidade para uma campanha propositiva de visibilidade. Se perderem – pois toda disputa comporta a projeção de derrota –, deixariam a semente de sua trajetória política futura.
Em bom mineirês, ambos miram à frente um “cavalo arreado”. Autor do clássico texto militar chinês “A arte da guerra”, Sun Tzu anota que maximizar a chance de sucesso em um conflito supõe, entre outras características, a proatividade. Agir com rapidez e decisão. O estrategista sabe que as oportunidades se multiplicam à medida que são agarradas.
Nova liderança
O PSB está prestes a enfrentar nova reestruturação interna. Se por um lado os deputados federais Diego Andrade (PSD) e Igor Timor (PSD) estudam a migração para o partido; por outro, o deputado estadual Noraldino Júnior, atual presidente estadual da legenda, pretende concorrer para a Câmara dos Deputados. A aposta é que Otacilinho (PSB), prefeito eleito de Conceição do Mato Dentro, assuma a direção da legenda no estado.
103 anos
O PCdoB celebra os 103 anos de fundação da legenda nesta segunda-feira, em sessão solene às 18h30 na Câmara Municipal de Belo Horizonte. Em todo o país, estão previstos atos comemorativos e uma campanha de filiação em massa, que se estendem até 1º de abril, com o chamado à “unidade popular em defesa da democracia, dos direitos sociais e da soberania nacional”. A data também coincide com a exibição da propaganda partidária em rádio, TV e internet.
Agenda climática
O governador Romeu Zema (Novo) e o vice-embaixador britânico, Tony Kay, assinarão novo memorando de entendimento para a pauta climática nesta terça-feira, no auditório do BDMG. Às vésperas da COP-30, com a agenda focada nas questões climáticas, o objetivo é acelerar em Minas a transição para a economia de baixo carbono.
Penitenciária de Neves
Audiência pública realizada nesta segunda-feira pela Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa vai exigir a retirada da Penitenciária José Maria Alkimim da região central de Ribeirão das Neves (RMBH). O requerimento partiu do deputado Vitório Júnior (PP), que atribui à presença das unidades prisionais no município a ocorrência de crimes graves. Há na cidade cinco unidades prisionais e dois anexos, a primeira, a Penitenciária José Maria Alkimim, construída na década de 1920, quando a cidade ainda não havia se emancipado de Betim. Desde então, Ribeirão das Neves sempre carregou esse estigma de cidade cadeia”, afirma Vitório Júnior, que assinala já ter a cidade chegado a concentrar 20% da população carcerária do estado.
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Summit
Belo Horizonte vai sediar nesta terça-feira o maior evento da América Latina de mineração e do agronegócio, o Alagro Summit 2025, organizado pela Academia Latino Americana do Agronegócio (Alagro), presidida por Manoel Mário de Souza Barros. A Alagro foi criada por Alysson Paolinelli, ex-ministro da Agricultura e propulsor da Embrapa, considerado fundador da agricultura tropical mundial. Entre os temas de destaque do Summit estão a aliança global contra a fome, a transição da matriz energética, a segurança alimentar e jurídica, os verdadeiros e modernos cavaleiros do apocalipse da atualidade.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.