O metaverso, a realidade virtual e a realidade aumentada são três conceitos intrinsecamente ligados que moldam o panorama da interação humano-digital. Cada um desses termos representa uma faceta única da experiência virtual, proporcionando aos usuários experiências imersivas e interativas de maneiras distintas e complementares.


Na sua origem, o termo metaverso significa “além do universo”. Essa palavra que, frequentemente, aparece por aí e que muitos fazem questão de usar como uma grande inovação, é, na realidade, mais simples do que os conceitos formais costumam demonstrar. Ela faz referência ao espaço virtual onde as pessoas podem interagir umas com as outras e com objetos virtuais que simulam a realidade física. Tudo em um ambiente totalmente gerado por computador.


Um exemplo popular de metaverso é o "Second Life", mundo virtual que permite aos usuários criar avatares e interagir em um vasto ambiente digital. No jogo, as pessoas podem explorar cidades, construir propriedades, socializar com outros usuários e até mesmo ganhar dinheiro real por meio de atividades dentro do game.

 




Assim como o metaverso, a realidade virtual também é vivenciada totalmente no mundo digital. Ela oferece uma experiência imersiva em que os usuários são transportados para dentro de uma outra realidade por meio daqueles óculos grandes e estranhos que vemos em feiras, exposições e até em algumas promoções em shoppings.

 

Mulher usando óculos de realidade virtual

Pexels


Já a realidade aumentada é uma mistura entre o mundo físico e o mundo virtual, ou seja, você vê ao mesmo tempo o que se passa no ambiente em que está e aquilo que o equipamento projeta na tela. Para os mais antigos, a cena do filme Exterminador do Futuro - em que, ao olhar para seu inimigo, o personagem principal consegue vê-lo vindo em sua direção enquanto também vê informações sobre os danos por ele sofridos, nível de energia etc. - representa muito bem o conceito. Para os mais novos, a experiência pode ser vivenciada no celular, com o jogo Pokémon Go.


A diferenciação entre a realidade virtual e a realidade aumentada é essencial para compreendermos suas aplicações práticas. A primeira é amplamente utilizada para treinamentos, educação, entretenimento e simulações complexas onde a imersão total é benéfica, como treinamento de pilotos, experiências médicas e jogos virtuais. A segunda é mais usada para melhorar a performance de tarefas cotidianas, pois fornece informações úteis sobrepostas e complementares à realidade. Esse é o caso dos GPS que projetam sua imagem diretamente no para-brisa do carro, dos manuais de instruções interativos e dos aplicativos de arquitetura que conseguem projetar um móvel diretamente no lugar onde se deseja colocá-lo.


Embora muitas pessoas possam não perceber de imediato a utilidade dessas tecnologias para a gestão pública, há algumas aplicações bem diretas, como o treinamento das forças de segurança por meio de simulações, o que já é implementado em diversas instituições como o Exército, Marinha, Aeronáutica, Polícia Federal e diversas Polícias Militares, Civis e Corpos de Bombeiros.


A realidade virtual também pode ser aplicada para o engajamento dos cidadãos nas tomadas de decisões. Em Singapura, o governo tem investido na criação de uma réplica digital em 3D da cidade, com o objetivo de envolver a população no planejamento urbano e na tomada de decisões políticas.


Por meio da plataforma Virtual Singapore, os moradores poderão explorar virtualmente diferentes áreas da cidade, visualizando informações detalhadas sobre infraestrutura, transporte, meio ambiente e desenvolvimento urbano. Além disso, eles terão a chance de experimentar cenários hipotéticos de mudanças urbanas, como a construção de novas vias de transporte, e fornecer feedbacks sobre os planos propostos, contribuindo com suas opiniões e sugestões para o futuro da cidade.


Considerando que essas tecnologias muitas vezes estão associadas a custos elevados, é crucial que os governos assumam um papel proativo na garantia de acesso equitativo a essas ferramentas inovadoras. Ao mesmo tempo, é fundamental reconhecer que a mera disponibilidade dessas tecnologias não garante automaticamente sua utilização inclusiva.


Para que os ambientes do metaverso, realidade aumentada e realidade virtual se transformem verdadeiramente em instrumentos de promoção do bem-estar social e da garantia de direitos, é necessário um esforço conjunto para superar barreiras adicionais, como a falta de alfabetização digital, acesso limitado à infraestrutura tecnológica e desigualdades de habilidades digitais.


Nesse sentido, os governos não só devem investir em políticas públicas que promovam a disponibilidade e acessibilidade dessas tecnologias, mas também em programas de capacitação e educação digital que habilitem os cidadãos a utilizar essas ferramentas de forma eficaz e significativa.


Afinal, a verdadeira transformação só será alcançada quando todos os cidadãos, independentemente de sua condição socioeconômica, puderem participar e se beneficiar plenamente das oportunidades oferecidas por essas plataformas.

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