Grande Barreira de Corais na Austrália atingida pelo branqueamento em massa, resultado do aquecimento global -  (crédito: James Gilmour/Australian Institute of Marine Science)

Grande Barreira de Corais na Austrália atingida pelo branqueamento em massa, resultado do aquecimento global

crédito: James Gilmour/Australian Institute of Marine Science

Estamos vivendo a década dos Oceanos, e no último mês, foi lançada a Declaração de Barcelona, que aponta as principais questões que devem ser abordadas para diminuir os riscos a que os oceanos do planeta estão submetidos. Uma dessas questões é melhoria da utilização da ciência para a elaboração de políticas e a tomada de decisões.


Nessa altura provavelmente já não é novidade que os oceanos estão 5,85° mais quentes do que em tempos pré-industriais e que essa temperatura extra tem causado o branqueamento e a morte dos corais. Também não deve ser novidade que nesses corais residem 65% dos peixes marinhos e que a perda dos corais pode levar milhões de pessoas a um quadro de insegurança alimentar.

 


O que talvez seja novidade é que a restauração dos corais por transplante de corais minúsculos, cultivados em viveiros, sobre os recifes danificados não é mais a única estratégia de restauração desses ecossistemas. Essa estratégia é extremamente trabalhosa, lenta e cara o que tem levado os cientistas a buscar formas de melhorá-la.

 


Na Austrália, a startup Coral Maker está enxertando fragmentos de coral em pequenos esqueletos construídos às dezenas de milhares por dia a partir de concreto de rocha calcária. Esses esqueletos permitem que os corais cresçam mais rapidamente, pois fornecem a estrutura calcificada que eles levariam anos para construir. Além disso, têm custo baixo e podem ser facilmente lançados no mar por um mergulhador. Para agilizar o processo um robô está sendo testado.


Nos EUA, pesquisadores do Instituto de Ciências de Carnegie identificaram um gene presente em alguns corais que os tornam mais resistentes ao aumento das temperaturas oceânicas. Agora, eles estão tentando hackear a genética dos corais transplantando este gene a recifes comuns. Isso permitiria que o ecossistema possa crescer e se expandir, mas ainda não se sabe exatamente quais seriam as consequências negativas dessa estratégia.

 


Ainda nos EUA, a Woods Hole Oceanographic Institution descobriu que se ela utilizar o som de um coral saudável em um coral morto, ela consegue induzir as larvas de corais a se estabelecerem no coral morto, revivendo-o. Como o novo coral poderia crescer sobre a estrutura do antigo, isso também agilizaria o processo de recuperação e poderia ajudar a reviver os 50% de corais que morreram nos últimos 30 anos.
No Brasil, o projeto ReefBank, iniciado em 2019, está utilizando métodos de reprodução assistida para tentar tirar o coral Mussismilia harttii, que só existe no Brasil, da lista vermelha de animais ameaçados de extinção.


Todas essas novas tecnologias trazem esperança de que é possível preservar e reconstruir a biodiversidade marinha. Mas ao mesmo tempo os pesquisadores são taxativos: “Se as temperaturas continuarem subindo e se as mudanças climáticas não forem tratadas como prioridade, a chance de essas tecnologias serem bem-sucedidas diminuirá substancialmente.”