Inteligência artificial, Cérebro, Reconhecimento facial. -  (crédito: Pixabay)

Inteligência artificial, Cérebro, Reconhecimento facial.

crédito: Pixabay

Imagine tirar uma foto com o celular e no prazo de três dias aquele buraco incômodo na sua rua ser fechado.


Ou, também com um clique, registrar o terreno cheio de lixo próximo à sua casa e o proprietário ser notificado imediatamente para limpá-lo.


Agora, imagine ter a distância percorrida durante a sua caminhada diária registrada pelo seu telefone e convertida em descontos para a utilização no seu restaurante favorito.


Embora ainda sejam realidades distantes da nossa, todas essas soluções já existem. No Reino Unido, por exemplo, um aplicativo chamado “Fix My Street” permite que os cidadãos relatem problemas de infraestrutura local, como buracos nas ruas. A partir dessas notificações, as concessionárias dos serviços públicos possuem um prazo para resolução dos problemas, sendo submetidas a multas em caso de descumprimento.

 

 


Nos Estados Unidos, as pessoas podem reportar problemas como terrenos sujos, presença de animais indesejados ou alagamentos por meio do app "SeeClickFix".


Já em Bolonha, na Itália, cada quilômetro percorrido a pé, de bicicleta, transporte público ou em outras formas de transporte sustentável é computado no aplicativo “Bella Mossa” e convertido em pontos que podem ser trocados por descontos e benefícios em lojas locais, restaurantes e nas passagens de transporte público.

 



Apesar de todo o seu potencial, as tecnologias apresentadas já não são novidade. Por isso, podemos dizer que já estamos atrasados ao não as utilizar. A situação se torna ainda mais urgente, se considerarmos que a inteligência artificial e o big data já se apresentam como nova revolução tecnológica.

 

Com elas, além de relatar crimes será possível prever onde eles podem ocorrer no futuro. Em diversas cidades do mundo essa previsão já é feita utilizando um modelo de machine learning conhecido como modelo de florestas randômicas. A IA também já foi utilizada para reconhecimento facial de criminosos em Londres, Rio de Janeiro, Salvador e Campinas. Além disso, também já foi usada para identificar carros roubados a partir de câmeras de segurança.

 

Tudo isso só é possível graças à “transformação digital de governos”. Ela consiste na integração de tecnologia em todas as áreas da administração pública e possibilita mudanças fundamentais na forma como os serviços são entregues aos cidadãos, aumentando a eficiência, a transparência e a participação.

 

Em um mundo cada vez mais conectado, essa melhoria tem uma força impressionante e reformula de maneira substantiva a forma como as pessoas se relacionam com o governo. Porém, para ela se tornar realidade é preciso que seja inserida na estratégia governamental e que os investimentos necessários sejam priorizados.

 

Sem uma infraestrutura robusta de antenas e cabeamento óptico a custos acessíveis, a transformação digital pode gerar problemas importantes como o alargamento das desigualdades sociais e a exclusão das pessoas. Outra preocupação é a exposição das pessoas a novos crimes e golpes, conforme debatemos aqui na coluna no artigo “Brasil, paraíso hacker: 2º país mais atacado e 79º em segurança”.

 

Por isso, as leis e políticas institucionais de privacidade de dados e crimes cibernéticos são tão importantes. Ao mesmo tempo, é essencial que o governo forneça condições para que as pessoas se apropriem da tecnologia e a utilizem de maneira adequada. Nesse sentido, três pilares são considerados os mais importantes: facilitação do acesso; capacitação e alfabetização digital e disponibilização de serviços públicos online.