Empresas e países, individualmente, podem fazer muito para modernizar a maneira como o comércio internacional é organizado. No entanto, para aproveitar os ganhos em escala, é necessária uma infraestrutura digital que permita a interconectividade e interoperabilidade de maneira sustentável e inclusiva, e, por isso, os governos precisam sair da letargia em que se encontram.
Imagine um mundo onde a importação e a exportação de produtos são tão ágeis quanto uma transação de cartão de crédito. Essa é a dinâmica que a implementação de um blockchain internacional de comércio internacional pode proporcionar. Ele não apenas moderniza, como transforma a maneira como países e empresas operam globalmente.
O blockchain é uma tecnologia de registro distribuído (DLT) que permite a criação de um banco de dados seguro e transparente, acessível a múltiplos participantes simultaneamente. Basicamente, é como um grande registro digital onde todas as transações são registradas e visíveis para todos os envolvidos, mas não podem ser alteradas sem consenso.
Em um contexto em que a Inteligência Artificial tem recebido tanta atenção, as empresas estão ansiosas por adotar soluções digitais, mas o blockchain não está tão na moda, pois sua compreensão e usabilidade podem não ser tão fáceis quanto a da IA. Mas o que impede que ambas se unam? Nada!
Por um lado, a facilitação do comércio internacional fortalece as empresas mais diferenciadas do mercado. Por outro, a redução dos custos comerciais e a ampliação da velocidade das transações tendem a aumentar ainda mais a globalização das cadeias de suprimentos, tornando-as cada vez mais internacionais.
Ao utilizar o blockchain, também se melhora a sustentabilidade comercial, não apenas por reduzir as montanhas de papel transitados atualmente, mas também porque aumenta a confiabilidade dos dados relativos aos processos produtivos. O blockchain ainda possibilita a construção de uma rede cooperativa em torno de software aberto, que reduz os custos das organizações na transformação digital. O funcionamento é simples, as empresas poderiam conectar seus sistemas corporativos diretamente ao blockchain, e, assim, múltiplos participantes (governos, indivíduos ou empresas) podem acessar, validar e registrar transações simultaneamente, de forma transparente e quase em tempo real.
Além disso, enquanto um produto é transportado, o país de destino pode se comunicar com o país exportador para solicitar e validar informações comerciais. Assim, ao chegar no porto de destino, o produto pode ser rapidamente recebido e transportado.
E para quem acha que tudo isso é só coisa de futuro, talvez valha a pena saber que já existem vários pilotos em andamento com resultados muito promissores, como os que ligam Quênia e Reino Unido, Quênia e Países Baixos, além de outros que conectam países da Europa.
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Segundo dados do Tony Blair Institute, evidências iniciais sugerem que a conectividade digital pode reduzir dos custos de transporte e logística na região da Ásia-Pacífico em 25%, e reduzir os tempos de transação para viagens entre a América Latina e Ásia em até 30 dias. Todos esses ganhos poderiam levar a um crescimento de 14% das empresas exportadoras.