Henrique Fogaça, Erick Jacquin, Helena Rizzo e Diego Lozano formam o time de jurados -  (crédito: Band/Divulgação)

Henrique Fogaça, Erick Jacquin, Helena Rizzo e Diego Lozano formam o time de jurados

crédito: Band/Divulgação

 

Estreou na semana passada o MasterChef Confeitaria, na Band. Estou super empolgada de ver a arte de fazer doces como protagonista de um programa bastante popular exibido em horário nobre da TV aberta. Mas, poxa, precisava de tanto tempo para isso? O reality show já existe há 10 anos no Brasil. Lamentavelmente, as sobremesas estão sempre em segundo plano.

 

Verdade seja dita, os doces sempre apareceram no programa, mas de um jeito que me incomoda. Escancarando o pouco (ou quase nenhum) interesse dos participantes pela confeitaria, vista como o terror dos cozinheiros. As provas em que eles precisam fazer sobremesas costumam levar para o lado do impossível, do desespero, do despreparo, quase de uma descoberta, como se nunca tivessem feito uma receita com açúcar.

 

 

Sim, reconheço, temos um avanço considerável. O Brasil, inclusive, é o segundo país a produzir o MasterChef Confeitaria, depois da Austrália.

 

Abro um parêntese para falar de outros programas brasileiros de sobremesas, como Bake Off Brasil (SBT) e Que Seja Doce (GNT), que, coincidentemente, começaram no mesmo ano, 2015. Ainda tem um monte de conteúdo espalhado nas plataformas de streaming. Mas o MasterChef, entre todos, tem um alcance impressionante, está sempre na boca do povo, pauta conversas, logo consegue impactar milhões de pessoas. E a confeitaria agora vai junto.

 

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Confesso que já não assistia ao MasterChef há muito tempo. A fórmula me cansou. Mas quando soube que o próximo seria de confeitaria, me animei na hora. Para quem não sabe, esta edição estreou com 12 participantes, todos profissionais. Entre eles, duas mulheres com raízes em Minas Gerais.

 

Maria Eugênia Sanches, mais conhecida como Marô, é natural de Poços de Caldas, rodou o mundo com o sonho de aprender a fazer doces e voltou para a sua cidade para abrir, em janeiro deste ano, a confeitaria, padaria e cafeteria Somos. Já Marina Mendes, do ateliê Sá Marina, não é mineira, mas escolheu viver em Belo Horizonte. Nasceu na Bahia, apaixonou-se por confeitaria na França e hoje utiliza ingredientes brasileiros com muita bossa. Alerta de spoiler: ela foi eliminada no último episódio.

 

 

Estamos diante de um reality show, com muita pressão, correria, nem tudo sai como o planejado, mas, mesmo assim, chega a ser emocionante ver o nível dos participantes e da nossa confeitaria. Sempre me impressiona muito a beleza dos doces, tão cheios de detalhes. Fica claro que essa é uma arte difícil, que exige técnica e precisão, tanto que as provas são bem mais longas, uma delas durou três horas. Mas é muito bom saber que tem gente que se interessa em estudar e se dedica a levar felicidade em forma de doce para as pessoas.

 

Independentemente do vencedor, a confeitaria ganha muito com o programa. Mostrar na TV aberta nomes talentosos, que enchem a boca para falar do amor deles pela profissão, mãos habilidosas que fazem mágica com o açúcar, que ensinam que a sobremesa pode ter a mesma importância do prato principal, é muito significativo para um setor da gastronomia que vive escondido e desprestigiado. Todos que trabalham com doces vão se beneficiar disso, tenho certeza.

 

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Também estou na torcida para que os telespectadores aprendam a respeitar e dar mais valor à confeitaria e aos confeiteiros. Como disse Veronica Kim, de São Paulo, a primeira eliminada, na sua despedida: que parem de falar “se eu der o ingrediente, você faz mais barato?” ou “é só um bolinho”. Confeitaria envolve ciência, técnica, estudo, treino, suor, dedicação e paixão como qualquer outra carreira na cozinha. Enxergá-la dessa forma também depende de cada um de nós.